MENU

  • LEITORES
  • sexta-feira, 29 de março de 2013

    ANGÚSTIAS INTIMAS PUBLICADO NO JORNAL DA CIDADE

    O sentimento de angústia insistente a muitos homens e mulheres, em qualquer faixa etária, os remete ao desinteresse de viver, ao medo do amanhã, ao desânimo em vista dos desafios do destino, enfim, a uma ausência de ânimo que recebeu da psiquiatria a sinistra terminologia: depressão. A rigor a depressão resulta da ausência de esperança e da incerteza em relação ao que está por vir.
    Noutras nuanças prognósticas dessa patologia estão incrustados tristeza, ausência ou diminuição da vontade, exagerado sentimento de culpa, perda de projetos de vida, desejo de morte, redução da capacidade cognitiva, além de insônia ou mórbida e prostante sonolência.
    Sintomas esses matrizes de fraqueza neuro-físico-mental, favorecendo a invasão oportunista da enfermidade, por carência da restauração da energia mantenedora da saúde, sobrevindo as asperezas da apatia como dispositivo abissal do qual para se desvencilhar requerem soberbos esforços de auto-educação.
    A conduta mento-espiritual dos homens, quando cultiva os sentimentos da irritabilidade, do ódio, do ciúme, do rancor, impregna o organismo físico e o SNC (sistema nervoso central), com freqüências vibratórias infectadas que bloqueiam áreas por onde se espalha a energia vital, abrindo campo para a instalação dos múltiplos estados patológicos, em face da proliferação de agentes deletérios (microorganismos de origens psíquicas) degenerativos que se instalam. Por isso, a disciplina mental surge como pedra angular, sustentando o edifício das lutas rotineiras sob o influxo da resignação indispensável diante dos embates vitais ao nosso crescimento espiritual.
    A causa da depressão está enraizada no perispírito e, a rigor, não tem matrizes no corpo físico. O conflito do enfermo remonta a causas passadas, provavelmente remotas, com reverberação no presente.
    Os Benfeitores Espirituais explicam que nas mortes prematuras traumáticas (acidentes - suicídios) em pessoa com grande reserva de fluido vital, impõe fortes impressões e impactos vibratórios na complexa estrutura psicossomática, formando no espírito um clichê mental robusto do momento do trespasse.(desencarnação).
    Na reencarnação subseqüente o amortecimento biológico do corpo físico, não é suficiente, para neutralizar os flashs dos derradeiros momentos da vida anterior. Essa distonia vibratória tenderia a reaparecer, guardando identidade cronológica entre as reencarnações. Os flashs impressionam os neurônios sensitivos do SNC (sistema nervoso central) e estes desencadeariam os sintomas psíquicos via neurotransmissores cerebrais.
    As torturas sofridas durante longos períodos nas regiões de penumbra do além (umbral), poderiam criar raízes de tormentos no perispírito que, alcançando o cérebro físico na reencarnação seguinte, facultariam o surgimento das fobias múltiplas, depressão e tantas outras síndromes de angústias íntimas.
    Cabe recordar que o processo terapêutico advém da força espiritual do prisioneiro da depressão, quando canalizada de maneira correta, sobre os alicerces da educação do pensamento e da disciplina salutar dos hábitos. É um embate sem tréguas, porém o esforço para levá-la a termo construirá bases morais sólidas, naquele que se predispõe a realizar.
    Jesus, o Psicoterapeuta por excelência, nos enviou como legado um dos maiores tratados de psicologia da História: a Codificação Espírita, cujos preceitos traz à memória humana a certeza de que apesar dos açoites aparentemente destruidores do destino, o homem precisa conservar-se de pé, denodadamente, marchando, firme, ao encontro dos supremos objetivos da vida, arrostando os obstáculos como um instrumental necessário que Deus envia às suas criaturas. É um distúrbio associado à ocorrência da alteração de substâncias como a serotonina, noradrenalina. , interferona, e dopamina. Quando sua produção ou forma de produção se altera pode gerar a depressão e daí para o suicídio é uma porta escancarada.
    O uso dos antidepressivos estabelece a harmonia química cerebral, melhorando o humor do paciente, no entanto, cuidam simplesmente do efeito, pois os medicamentos não curam a depressão em suas intrínsecas causas; apenas restabelecem o trânsito das mensagens neuroniais, melhorando o funcionamento neuroquímico do SNC (sistema nervoso central). Se os médicos são malsucedidos, tratando da maior parte das moléstias, é que tratam do corpo, sem tratarem da alma. Isso porque com Jesus os reflexos do passado serão apenas estímulos para nos entregarmos à lida renovadora e profícua em prol das nossas existências porvindouras.
    Jorge Hessen
    http://aluznamente.com.br

    quarta-feira, 27 de março de 2013

    "A TERCEIRA REVELAÇÃO SIMBOLIZA" PUBLICADO NO BOLETIM PÃO NOSSO




    A lei do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação; a do Novo Testamento tem-na no Cristo. O Espiritismo é a Terceira Revelação da Lei de Deus, mas não tem a personificá-la nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado, não por um homem, sim pelos Espíritos, que são as vozes do Céu, em todos os pontos da Terra, com o concurso de uma multidão inumerável de intermediários.
    É, de certa maneira, um ser coletivo, formado pelo conjunto dos seres do mundo espiritual, cada um dos quais traz o tributo de suas luzes aos homens, para lhes tornar conhecidos esse mundo e a sorte que os espera.(1) Sabemos que a Lei de Deus foi expressa no Sinai a Moisés, as Lições de Jesus em Israel e a Terceira Revelação a Allan Kardec na França de 1857. Cada uma dessas revelações foi a expansão das idéias apresentadas anteriormente, obedecendo a inequívoca lei do progresso. Obviamente toda Revelação tem por característica a Verdade. Se for desmentida por fatos, deixa de ter origem Divina, pois Deus não se engana nem mente.Observemos que com Moisés temos o impacto da força e do temor, para arrancar os homens da idolatria (bezerro de ouro) e da submissão ao paganismo.
    Com Jesus temos o exercício da fé e do amor, para livrar o homem do aguilhão dos formalismos, da tradição, inspirando-o à prática da fraternidade. Com os Espíritos concretiza-se o emprego da verdade, que ilumina a fé pelo raciocínio, para que o espírito humano possa amar compreendendo sua transcendência. O homem já não deve temer, nem apenas crer e amar, mas também e, sobretudo saber para que crê e porque ama.Uma importante revelação se cumpre na época atual: a que nos mostra a possibilidade de se comunicar com os seres do mundo espiritual, pela mediunidade.
    Esse conhecimento não é novo, sem dúvida; mas permaneceu, até os nossos dias, de certa forma, no estado de letra morta, quer dizer, sem proveito para a Humanidade. (2)O mestre Lionês explica que o Cristo, tomando da lei antiga o que era eterno e divino, e rejeitando o que não era senão transitório, puramente disciplinar e de concepção humana [leis mosaicas], acrescentou a revelação da vida futura, a das penas e recompensas que esperam o homem depois da morte. Dando-nos a conhecer o mundo invisível, as leis que o regem, suas relações com o mundo visível, a natureza e o estado dos seres que o habitam e em conseqüência, o destino do homem depois da morte. A idéia vaga da vida futura acrescenta a revelação do mundo invisível que nos cerca e povoa o espaço, e, com isto, fixa a crença, dá-lhe um corpo, uma consistência, uma realidade no pensamento. (3)
    Um dos pontos altos da Terceira Revelação é a lei das vidas sucessivas, objetivando demonstrar que o Espírito não encarna uma só vez, mas, tantas e quantas forem necessárias a fim de se tornar um Espírito perfeito e portador das mais nobres qualidades morais e espirituais. A reencarnação, cujo princípio o Cristo colocou no Evangelho, mas sem definí-lo, é, sem dúvida, uma das leis mais importantes reveladas (relembradas) pelo Espiritismo, no sentido de que lhe demonstra a realidade e a necessidade para o progresso.
    A Terceira Revelação, bem longe de negar ou de destruir o Evangelho, vem ao contrário, confirmar, explicar e desenvolver, pelas novas leis da Natureza que revela, tudo o que o Cristo disse e fez; traz a luz sobre o ponto obscuro dos seus ensinamentos, de tal sorte que aqueles para quem certas partes do Evangelho eram ininteligíveis, ou pareciam inadmissíveis, as compreendem sem esforço, com a ajuda do Espiritismo, e as admitem, vêem melhor a sua importância e podem separar a realidade da alegoria. Não resta dúvida de que, os Evangelhos têm sido entendidos, ao longo dos séculos, precipuamente em sua feição literal; mas, com a Revelação dos Espíritos, a interpretação literal, tendo em vista o estádio evolutivo das gerações, de há muito não prevalece. O Espiritismo - Terceira Revelação -, com suas raízes mais profundas fincadas no Evangelho do Cristo, não deixa de apresentar-se como doutrina essencialmente dinâmica, evolutiva. (4)Para André Luiz a Terceira Revelação entroniza a certeza que a mediunidade atual é, essencialmente, a profecia das religiões de todos os tempos. Com a diferença de que a mediunidade hoje é uma concessão do Senhor à Humanidade em geral, considerando-se a madureza do entendimento humano, à frente da vida. (5)
    A mediunidade em si não é coisa recente, a diferença atualmente dela é tão-somente a forma de mobilização, porque a liderança religiosa de várias procedências jaz, há muitos séculos, engessado no estéril culto exterior, espetaculizando indebitamente o conjunto das revelações metafísicas.Sobretudo a religião Cristã de várias denominações, que deveria ser a mais consistente e a mais simples das propostas de fé, há vários séculos se embutiu no superficialismo dos templos de pedra. Era mister, transferir-lhes os princípios, a benefício do mundo que, cientificamente, hoje se banha no clarão de nova era. (6)
    Motivo pelo qual, pela Terceira Revelação, o Senhor da Vida deliberou que a mediunidade fosse trazida do colégio sacerdotal à praça pública, a fim de que a noção da eternidade, através da sobrevivência da alma, desperte a mente narcotizada do povo.O próprio Cristo, Instrumento de Deus por excelência, se utilizou da mediunidade para acender a luz da sua Doutrina de Amor. Seja aliviando as dores de enfermos e asserenando os que estavam sob o impacto da aflição, e não raro, comunicou-se com os desencarnados, alguns dos quais Espíritos sofredores a subjugarem obsedados de diversas gradações. E, além de surgir em colóquio com Moisés materializado no Tabor, Ele mesmo é o grande ressuscitado, legando aos homens o sepulcro vazio. (7)
    A Terceira Revelação, sem quaisquer arrogâncias, simbolicamente, é Jesus que retorna ao mundo, instando-nos ao crescimento espiritual. À Revelação Espírita deveremos, acima de tudo, a luz para vencer os tenebrosos enigmas da desencarnação, a fim de que nos consorciemos, afinal, com as legítimas noções da consciência cósmica. E como ressalta André Luiz: será pouco revelar a excelsitude da Justiça? Será desprezível descortinar a vida em suas ilimitadas facetas de evolução e eternidade?(8)
    Portanto, através da Terceira Revelação observaremos embevecidamente, dos cimos da consciência de realidade, os estreitos compartimentos das cogitações terrenas, compreendendo racionalmente, por fim, que o esplendor reservado ao homem é excelso e infinito, no Reino Divino do Universo.Com a certeza na vida futura que o Espiritismo comprova de modo tão claro, o homem adquire força para seguir sua caminhada, certo de que um dia esse Deus interno que existe dentro de nós resplenderá inteiramente e ofuscará de vez o homem velho que ainda faz morada em nossa alma.



    Referências bibliográficas::
    1- Kardec, Alan. Evangelho Segundo o Espiritismo, RJ: Ed. FEB,2003, Cap I
    2- Kardec, Alan. A Gênese, RJ: Ed. FEB,2001, Cap I
    3- Idem
    4- Artigo de Juvanir Borges de Souza, publicado em Reformador - abril de 1977
    5- Xavier, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade, RJ: Ed FEB, 1999, Cap "Apontamentos à Margem"
    6- Idem
    7- Idem ibidem
    8- Idem ibidem

    terça-feira, 26 de março de 2013

    AS NOVAS MÍDIAS COMO LOCUS PRIVILEGIADO PARA DIVULGAÇÃO ESPIRITA

     Jorge Hessen
    http://aluznamente.com.br
     
      
     
    Desde a popularização do rádio - concebido por Marconi em 1895 e difundido em profusão até as décadas de 30 e 40 do século XX; do surgimento da tevê - concebido por John Baird em 1925 e considerando a massificação da Internet, sobretudo a partir da década de 90 (com a criação dos sistemas de rede web), creditada a Tim Berners Lee, o nível de informação interpessoal alargou assombrosamente. 
    O progresso tecnológico com a confecção das pequenas e poderosas fontes de energias (baterias) e da microtecnologia tornou possível o surgimento de múltiplos dispositivos eletrônicos portáteis, dentre eles o “arrebatador” aparelho celular. Com a transformação gradativa do perfil do telespectador por causa do mundo virtual e do aparecimento de internautas, até mesmo a importância da televisão digital, já se encontra  em vias de aniquilamento pela chegada das smartTVs. (1)
    Do imbróglio da informática com a telefonia móvel surge o smartphone (2) que consolida a mudança do protótipo de entretenimento praticado por vários anos. O sucesso do smarphone como sustentáculo para o novo modelo de repartição de conteúdos estimulou a concepção de novos aparelhos, múltiplos em suas funções: os tablets, e as smartTVs. Estes aparelhos permitem acesso de formas variadas e a distintos intermediários de intercâmbio interpessoal, caracterizando-se especialmente por suas compactações e fácil transporte.
    Há países que detestam a liberdade individual e temem o mundo virtual, por isso adotam controle absurdo  dos expedientes da internet. Por outro lado, há ambiciosos empresários que batalham pelo monopólio da intercessão do acesso aos conteúdos e à posse da mediação das relações interpessoais. Com isso, irrompem-se competições  acirradas  entre navegadores, portais de acesso e os sites de busca. E a mais recente guerra pelo domínio da mediação das relações entre os internautas tem como estratégias fundamentais a oferta de serviços de transferência, armazenagem e administração de correios eletrônicos (e-mails), imagens e vídeos, entre outros; eternizando-se nas chamadas redes sociais.
    Sabemos que o intricado ambiente virtual está sendo irradiado através dos computadores das grandes corporações, com quem compartilhamos  nossas experiências internéticas e intimidades (fotos, vídeos, documentos etc.), mas isso não deve ser motivo para pânico, até porque, percebemos com otimismo e esperança o avanço desta nova possibilidade de disseminação das ideias.
    Entendemos que muito além das nefastas ideologias castradoras da livre expressão, a tecnologia da informação, visando a “cultura participativa” e a “inteligência coletiva”, proporcionará o despertamento da consciência, facultando a implantação das liberdades democráticas e do pensamento religioso entre os povos.  Alguém duvida disso?
    Ao discorrermos sobre a capacidade de persuasão das novas mídias e Internet, somos obrigados a refletir sobre a previsão de Kardec no século XIX, ouçamo-lo: "uma vulgarização em larga escala, feita nos jornais de maior circulação, levaria ao mundo inteiro, até às localidades mais distantes, o conhecimento das ideias espíritas, despertaria o desejo de aprofundá-las e, multiplicando-lhes os adeptos, imporia silêncio aos detratores, que logo teriam de ceder, diante do ascendente da opinião geral."(3)
    Na era da cibernética, da robótica  vivemos épocas limítrofes nas quais  toda a antiga ordem das representações e dos saberes oscila para dar lugar a imaginários, modos de conhecimento e estilos de relação social ainda pouco consolidados. Vivemos um destes raros momentos em que, a partir de uma nova configuração tecnológica, uma nova relação com a vida física, um novo estilo de humanidade é concebido.
    O pessimista e crítico contumaz adverte sobre a exclusão digital, sim! Mas é importante projetar os olhos no futuro. Cremos que no porvir ter acesso à internet em domicílio será tão comum quanto ter uma geladeira, uma televisão ou mesmo um aparelho celular.
    O mundo virtual pode eliminar as barreiras materiais e estabelecer a ligação que permite a dispersão do conhecimento com a velocidade do pensamento, que as inovações sejam expostas e discutidas, que exemplos sejam julgados e professados, que resultados sejam comparados e legitimados. Nele permanecemos todos associados, todos em condição de apreciar o que acontece nos quatro cantos do orbe , em tempo real.
    Devemos acreditar na força da mensagem virtual como meio prestigioso de publicação espírita. Entendemos que em poucos anos a Internet será a maior via de interação do movimento espírita mundial. Pela WEB os livros de clássicos poderão ser disponibilizados em hipertexto , em versões de consulta simplificada. Relatos específicos deverão ser colecionados e indexados para pesquisa rápida.
    Não podemos abrir mão desse espaço cibernético, até porque com a ausência de informações claras da Doutrina Espírita no ciberespaço, fica livre o espaço para que outros tipos de utilização trapaceira sejam espalhadas pela rede. Este é um risco muito maior do que qualquer outro que possa ser assumido através da contínua e incansável publicação do conteúdo espírita na Rede Mundial de Computadores. 
    Atualmente pode ser disponibilizada toda literatura espírita nas novas mídias. Ou seja, estamos diante da possibilidade de construirmos e acessarmos instantaneamente a maior biblioteca espírita do Planeta.


    Notas e Referência bibliográfica:

    (1)    também conhecida como TV conectada ou” TV Hybrida“, é um tipo de codinome usado para descrever a integração da Internet e as características da Web 2.0 com televisores e set-top boxes, assim como a convergência entre computadores com estes televisores e set-up boxes
    (2)    Um smartphone pode ser considerado um telefone celular com as funcionalidades de um minicomputador..
    (3)    Kardec ,Allan. Obras Póstumas-Projeto 1868, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001

    segunda-feira, 25 de março de 2013

    O ESPÍRITO, ORIGEM DA CONSCIÊNCIA HUMANA, TEM RESISTIDO AO SENIL REDUCIONISMO ACADÊMICO.



    Jorge Hessen
    http://aluznamente.com.br

     James Cracknell, um medalhista Olímpio (1), considerado um dos esportistas mais vitoriosos da Inglaterra, expôs no livro escrito em parceria com sua esposa, a profunda transformação de sua personalidade, ocorrida após ter sido atingido na cabeça pelo impacto do retrovisor de um caminhão. Em face das lesões no lobo frontal do cérebro, Cracknell foi advertido pelo neurologista que enfrentaria doravante as dificuldades com a memória e perda significativa do vocabulário. O traumatismo encefálico igualmente comprometeu drasticamente seu relacionamento com a mulher e o filho. Após o acidente, sobrevieram os surtos psicológicos de violência nas suas reações, chegando a ameaçar a segurança de sua esposa, Beverley Turner. Ele conta que quando Turner estava grávida, tiveram uma discussão violenta e ele tentou estrangulá-la.
    Não ignoramos que o cérebro é um órgão bastante enigmático, porém, em face da avaria encefálica, qual seria a responsabilidade de James diante da sua mudança comportamental? A neurociência vê o ser humano apenas como uma máquina, um autômato programado pelo acaso e que, tomando como base a ocorrência acima, Cracknell nem pode ser responsabilizado pelas suas atitudes. Afiançam os especialistas que determinadas regiões comprometidas do cérebro são decisivas para controlar emoção e conduta agressiva.
    Sob os auspícios das apreciações espíritas, como podemos abeirar-nos da temática, considerando o trauma encefálico como agente causal da mudança de comportamento (livre arbítrio) de alguém? Se uma pessoa tem uma lesão encefálica, é responsável ou não para assumir seus atos? Deve responder por eles? Garantem os pesquisadores que a conquista do livre-arbítrio jamais foi completa. Para tais estudiosos o livre-arbítrio não é mais que uma quimera. Ensaios concretizados há anos permitiram mapear a essência da atividade cerebral antes que a pessoa apresentasse consciência do que iria fazer. Seríamos quais computadores carnais e a tela do monitor seria representada pela nossa consciência. Coloca-se o livre-arbítrio em suspensão e tenta-se demonstrar que uma província do cérebro, compreendida na coordenação da atividade motora, apresenta atividade elétrica uma fração de segundos antes de uma pessoa assumir uma decisão. (!?...)
    Articulam os materialistas que a consciência é um produto da atividade cerebral, que surge para dar coerência às nossas ações no mundo. O cérebro toma a decisão por conta própria e ainda convence seu “titular” que o responsável foi ele. Destarte, somos um só: o que é cérebro também é mente. A sensação de que existe um eu que habita e controla o corpo é apenas o resultado da atividade cerebral que nos ilude. Então não há nenhum “fantasma” na máquina cerebral.
    Será mesmo? É óbvio que as muitas deduções dos múltiplos experimentos da neurociência reducionista são ardis da ficção. "A mente tem a dinâmica de um mosaico de luzes que se projetam pela consciência, que se contrai ou expande diante do que nos emociona.". (2) Desse Universo abstrato "emanam as correntes da vontade, determinando vasta rede de estímulos, reagindo ante as exigências da paisagem externa, ou atendendo às sugestões das zonas interiores.". (3)
    Há estudos consistentes que comprovam a total impossibilidade de se medir com precisão o tempo entre o estímulo cerebral e o ato em si, o que, aliás,  já derruba todas as precipitadas teses mecanicistas. A consciência e a inteligência não são um curto-circuito nem o subproduto casual do intercâmbio de quaisquer neurônios. Enquanto a ciência demorar-se abraçada à matéria e não alcançar a dimensão do que não pode palpar, ver e ouvir, ficará ainda extremamente distante de tanger as imediações da verdade que investiga.
    Embora o tentame de explicar materialmente, pela prática dos neurocientistas, toda a categoria de fenômenos intelectuais, e até "metafísicos", por meio das ações combinadas do sistema nervoso; e, em que pese a Ciência ter alcançado certezas conclusivas, como por exemplo a de que uma lesão orgânica faz cessar a manifestação que lhe corresponde, e que a ruína de uma rede nervosa faz apagar uma faculdade, ela, contudo, está imensamente limitada para elucidar os fenômenos espirituais. Em face disso, não podemos afastar o fato da influência espiritual no cérebro. Faz-se forçoso também compreender não a alma isolada do corpo mas ligada a esse corpo, o qual representa a sua forma concreta, com um amontoado de matérias indispensáveis à sua condição de tangibilidade, animadas por sua vontade e por seus predicados eternos.
    Reconhecemos que há neurocientistas circunspectos, sensatos, explicando que um mundo sem livre-arbítrio provocaria ruptura da paz. Eles se encorajam notadamente para harmonizar suas teses com o problema da responsabilidade individual. Mesmo sob um automatismo determinista, eles reconhecem que todos devem ser responsáveis por suas ações, não fosse assim a estrutura social embarcaria na desordem caso alguém pudesse violentar, roubar e matar com embasamento no contexto simplista de que o cérebro decretou fazer isso ou aquilo. O cérebro assemelha-se a complicado laboratório, "onde o espírito, prodigioso alquimista, efetua inimagináveis associações atômicas e moleculares necessárias às exteriorizações inteligentes.”.
    O atributo essencial do ser humano é sem dúvida a inteligência, mas a causa da inteligência não reside no cérebro humano, mas sim no ser espiritual que sobrevive ao corpo físico. Graças ao Espiritismo, no seu aspecto filosófico e experimental, está sendo possível construir a sólida ponte sobre o abismo que separa matéria e espírito. Todo brado de coroados Nobeis de física alça a sua voz para nos expressar a morte da matéria.
    Já é tempo de nos instruir ante os ensinos da ciência pós-mecanicista do século passado e de nos livrarmos da camisa de força que o materialismo do século XIX infligiu aos nossos julgamentos filosóficos. Neurocientistas, “químicos e físicos, geômetras e matemáticos, erguidos à condição de investigadores da verdade, são hoje, sem o desejarem, sacerdotes do Espírito, porque, como consequência de seus porfiados estudos, o materialismo e o ateísmo serão compelidos a desaparecer, por falta de matéria, a base que lhes assegurava as especulações negativistas.”. (4)
    O Homem não é o resultado ocasional de contingências aleatórias e casuais. “Sem o livre-arbítrio o homem seria uma máquina.”. (5) A Doutrina Espírita está no extremo oposto do materialismo e é sua missão desmistificar estas teorias reducionistas que teimam depreciar o ser humano e o sentido da sua existência. “O cérebro é o órgão sagrado de manifestação da mente, em trânsito da animalidade primitiva para a espiritualidade humana.”. (6)
    Kardec, conhecedor das ideias de Franz Josef Gall, médico alemão, anatomista e fundador da frenologia (que liga cada função mental a uma zona do cérebro), interroga os Benfeitores: “Da influência dos órgãos se pode inferir a existência de uma relação entre o desenvolvimento dos do cérebro e o das faculdades morais e intelectuais?”. A explicação dos Espíritos não admite margens a equívocos: “Não confundais o efeito com a causa. O Espírito dispõe sempre das faculdades que lhe são próprias. Ora, não são os órgãos que dão as faculdades, e sim estas que impulsionam o desenvolvimento dos órgãos.”. (7)
    É bem verdade que a neurociência tem envidado esforços para algemar o Espírito no cérebro, como se a alma  fosse uma prisioneira da caixa craniana, e tentam dissecá-la a fim de  comprovar que o cérebro é a matriz da consciência. Contudo, o Espírito – origem da consciência humana – tem resistido bravamente ao decrépito reducionismo acadêmico.

    Referências bibliográficas:
     
    (1)    Conquistou  medalha de ouro no remo em 2000, em Sydney, e 2004, em Atenas.
    (2)    Facure Nubor Orlando. Operações Mentais e como o Cérebro Aprende, disponível no Site      www.geocities.com/Nubor_Facure acesso em                   22/03/2013
    (3)    Xavier, Francisco Cândido. No Mundo Maior, Ditado pelo Espirito André Luiz, RJ: Ed.. FEB,     1997, cap. 4
    (4)    Xavier, Francisco Cândido. Nos domínios da mediunidade, Ditado pelo Espírito AndréLuiz,    “prefácio” do Espírito Emmanuel, Rio de                    Janeiro: Ed FEB, 1999.
    (5)    Kardec, Allan. O Livro dos Espiritos, RJ: Ed. FEB, 1977,  perg. 843
    (6)    Xavier, Francisco Cândido. No Mundo Maior, ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de              Janeiro:Ed FEB, 1947, cap.4
    (7)    Kardec, Allan. O Livro dos Espiritos, RJ: Ed. FEB, 1977,  perg. 370

    sábado, 23 de março de 2013

    EVOCAR OU NÃO? PUBLICADO NO JORNAL DA CIDADE


    http://www.jornaldacidadeonline.com.br/leitura_artigo.aspx?art=5791


    Jorge Hessen
    http://aluznamente.com.br

    Qual a importância da evocação dos Espíritos nos dias de hoje? Será inadmissível ou errada a evocação dos desencarnados? É incontestável não haver qualquer dispositivo que impeça a evocação (1) dos Espíritos na Codificação. Porém, Kardec faz ressalvas sobre o tema:  “frequentemente as evocações oferecem mais dificuldades aos médiuns do que os ditados espontâneos, sobretudo quando se trata de obter respostas precisas a questões circunstanciadas. Para isto, são necessários médiuns especiais, ao mesmo tempo flexíveis e positivos”. (2) Portanto, sem esse discernimento, se alguém evocar uma pedra ela responderá, pois “há sempre uma multidão de Espíritos prontos a tomar a palavra sob qualquer pretexto.” (3)
    Atualmente há cauteloso exercício da não evocação dos Espíritos. Como interpretar o empecilho evocatório nos grupos mediúnicos? Cremos que inexista qualquer proibição pelos dirigentes; o que acontece são apenas critérios de aconselhamentos para que tal prática seja evitada, em face das precipitações que proporciona. Em que pese não ser totalmente favorável à evocação dos Espíritos, não analisamos tal método como “coisa demoníaca”, desde que sejam aferidos os relevantes desígnios a que se propõem e, sobretudo, os valores morais dos evocadores.
    A propósito das manifestações mediúnicas espontâneas, será que são menos perigosas do que as evocações? O Codificador afiança que a evocação traça laços entre o evocador e o evocado, que impedem ou pelo menos limitam a interferência de um mistificador. Todavia, Kardec também assegura que “as comunicações espontâneas não apresentam inconveniente algum e que por esse método se podem obter coisas admiráveis.”. (4)
    Em verdade, no transcurso dos anos adveio uma mudança no método de intercâmbio com o além. Entre os importantes pontos que avalizam a restrição da prática evocatória atual, consta a desconfiança da indução, do sugestionamento ou do animismo do médium, além do quê, este acabaria quase que na obrigação de “receber espírito tal ou qual”, sobretudo para atender ao dirigente e ao grupo.
    Outros aspectos a considerar são a sujeição e a inibição que, via de regra, escoltam esse tipo de exercício mediúnico (evocação), originários da perspectiva quase sempre mística cultivada em torno do médium. Cremos que a modificação do processo evocatório nas reuniões mediúnicas ocorreu porque não surtiu, após a Codificação, os efeitos almejados. Ou o mais provável, por não se obterem médiuns “desenvolvidos” com qualidades adequadas ou, em última análise, ambas as condições.
    Do exposto, e considerando as graduais etapas da programação espírita na Terra, será que atualmente deveríamos promover (como ocorreu durante a codificação), um diálogo escancarado e direto com os recém-desencarnados, visando obter notícias dos mesmos para seus familiares que aqui ficaram? Quantas pessoas procuram grupos espíritas querendo notícias dos entes que “partiram”? Será que a finalidade da mediunidade é essa?(5) Há pessoas (pasmem!) que “orientam” médiuns através de cursos “avançados”, ensinando algum tipo de “técnica” para “receberem recém-desencarnados”. Tais “mestres de Espiritismo” afirmam com bazófia que alguns jovens e outros “formandos” estarão dentro em breve prestando [através da evocatória mágica] os “serviços” de consolação para os parentes que por aqui ficaram!...(?!?!?) Acredite se quiser!!!!(6)
    Reafirmamos a opinião de Emmanuel – “qualquer comunicação com o invisível deve ser espontânea, e o espírita cristão deve encontrar na sua fé o mais alto recurso de cessação do egoísmo humano ponderando quanto à necessidade de repouso daqueles a quem amou, e esperando a sua palavra direta, quando e como julguem os mentores espirituais conveniente e oportuno”. (7) O bom senso nos impõe a certeza nas lições aqui consignadas pelo Mentor de Chico Xavier. O lembrete não pode ser atribuído à opinião pessoal do Benfeitor, como soi apostilar alguns, até porque não há qualquer contradição doutrinária no seu discurso.
    Um grupo espírita prudente trabalha com a espontaneidade das comunicações e recorre às evocações tão só nas situações extraordinárias. Até porque "no curso do trabalho mediúnico, os esclarecedores não devem constranger os médiuns psicofônicos a receber os desencarnados presentes, repetindo ordens ou sugestões nesse sentido, atentos ao preceito de espontaneidade –  fator essencial ao êxito do intercâmbio."(8)
    Notemos que não temos domínio sobre o mundo dos Espíritos que, para desagrado dos evocadores, têm suas próprias normas de conduta. Quanto aos principiantes na mediunidade, Kardec adverte energicamente “para que não se adote a evocação direta de um Espírito explicando as dificuldades do processo e aconselhando um apelo geral.”. (9)
    Há circunstâncias reais que inibem ou obstam aos Espíritos atender os evocadores quando lhes são dirigidas as evocações. Observemos algumas situações que tornam a evocação impossível: quando o desencarnado está envolvido em missões ou ocupações de que não pode afastar-se; quando o Espírito não estiver mais no além, porém já (re)encarnado (só excepcionalmente pode acontecer evocação de um encarnado), mas isso é impossível se estiver reencarnado em planetas inferiores à Terra; quando o evocado etéreo se encontra em locais de punição e não tem permissão para dali se afastar; quando o médium evocador, por sua natureza ou aptidão, não consegue entrar em sintonia mediúnica com o Espírito evocado.
    Além disso, como pronunciou Kardec, “as evocações oferecem mais dificuldades aos médiuns.”.(10) Certa vez, alguém nos disse o seguinte: “os dirigentes que estão propondo atualizar suas casas espíritas necessitam abdicar o entendimento contrário às evocações, pois se não houver evocações o centro espírita ficará impedido de curar obsessões (!?...), deixando de realizar uma das mais importantes obras do Espiritismo: a libertação obsessiva” (!!!???). Expliquei ao distinto evocador que o tratamento de desobsessão não é a “obra” mais imperiosa da instituição espírita. A mais importante missão do centro espírita é difundir os conceitos doutrinários, visando colaborar na reforma moral do homem. Outra coisa: o Espiritismo jamais recomendará a propagação dos impróprios métodos de exorcismo batizados de desobsessão através de ingênuas evocações.
    Para Leon Denis, não é indispensável fazer evocações definidas. No grupo que dirigiu, raramente ocorreram evocações, pois “preferia dirigir um apelo aos guias e protetores habituais, deixando a qualquer Espírito a liberdade de se manifestar sob sua vigilância.”. (11) Denis legou-nos modelos excelentes de reuniões onde se cultivava a reverência intensa aos mentores do além, em que a mediunidade era desempenhada com amor, sem que houvesse perda ao estudo e à investigação.
    Ademais será que impedindo ou sugerindo a não evocação de Espíritos, o campo de pesquisa na instituição se fecha e tudo fica entregue ao “Deus dará”? Será que sem as evocações de Espíritos advirá a pobreza de revelações “avançadas” do além? Há opiniões extravagantes atestando que as manifestações espirituais espontâneas são fonte de improdutividades doutrinárias, o que torna o centro espírita inerme e de onde se faz necessário sair com urgência. (Pasmem!)
    Evocar ou não um Espírito é assunto que necessita, assim, ser bem ponderado, tendo sempre em mente a intenção a que ela se presta. André Luiz reafirmou o parecer firmado por Emmanuel, aconselhando a supressão, em nosso meio, “da prática da evocação nominal dos Espíritos.”. (12)
    A técnica evocativa dos Espíritos teve sua época, como tiveram as mesas girantes, as pranchetas, as tiptologias, as pneumatografias e pneumatofonias, as materializações etc. Como também teve sua época “o diálogo com os Espíritos através da psicografia. O retorno ao método da evocação, inclusive, não dinamizaria as atividades mediúnicas e nem propiciaria o surgimento de médiuns mais aptos e seguros. No caso destes é exatamente o contrário: o surgimento de médiuns mais adestrados é que possibilitaria (talvez) as condições para as evocações.”. (13)
    Em síntese, a evocação pode ser empregada eventualmente, priorizando-se, porém, as comunicações espontâneas. Óbvio que nenhum dos dois métodos deve ser rejeitado radicalmente, até porque isso ocasionaria prejuízos nas atividades da mediunidade nos seus vários aspectos, seja na eventual terapêutica dos quadros obsessivos, na assistência aos espíritos sofredores ou nas investigações dos fenômenos extrafísicos.


    Referências Bibliográficas:

    (1) A palavra "evocar" deriva do latim "evocare" que significa atrair “alguém” de algum lugar.
    (2) Kardec, Allan. O Livro dos médiuns, Rio de Janeiro: Editora FEB, 1971,cap. 25 item 272
    (3) Idem, item 283a
    (4) Idem , item 269
    (5) Hessen, Jorge. Artigo “Técnicas para notícias de desencarnados”, publicado no site http://aluznamente.com.br/tecnicas-para-noticias-de-desencarnados-lembremos-que-o-telefone-toca-de-la-para-ca/ acessado em 12/03/2013
    (6) Idem , acessado em 13/03/2013
    (7) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, Questão 380
    (8) Xavier, Francisco Cândido: Desobsessão ditado pelo Espírito: André Luiz cap. Manifestação do enfermo espiritual III, RJ: Ed. FEB, 1980
    (9) Kardec, Allan. O Livro dos médiuns, Rio de Janeiro: Editora FEB, 1971,cap. 17 item 203
    (10) Idem , item 272
    (11) Denis, Leon, No invisível RJ: Ed FEB, 1990, disponível em http://vademecumespirita.com.br/goto/store/texto/611/orientacoes-de-leon-denis-para-novos-grupos-e-iniciantes-de-reunioes-mediunicas
    (12) Xavier, Francisco Cândido e Vieira, Waldo. Conduta Espírita, ditado pelo espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001, cap 25
    (13) Shubert, Suely Caldas. Artigo – “Da evocação dos Espíritos nas reuniões mediúnicas”, Disponível em http://suelycaldasschubert.webnode.com.br/artigos/ acessado em 12/03/2013

    quarta-feira, 20 de março de 2013

    JORNAL O BEM PUBLICOU "A BONDADE DE DEUS É REFLETIDA PELA LEI DA EXUBERÂNCIA DA VIDA



    Jorge Hessen
    http://aluznamente.com.br

    O amor do Todo-Poderoso sustenta nossas vidas e a estrutura do Universo. Lembremo-nos Dele, expõe Emmanuel: “para que saibamos agradecer os talentos da vida, abraçando o próprio dever como sendo a expressão de Sua Divina Vontade e encontraremos a força verdadeira de nossa fé, a erguer-nos das obscuridades e problemas da Terra para a rota de luz.”. (1) Sim! Rota de luz porque o Altíssimo é um dos princípios mais ancestrais e inexauríveis do patrimônio cultural da humanidade.
    Ao longo dos milênios, Deus tem sido objeto dicotômico entre a fé e razão, de medo ou de amor; todavia para o Criador se conduzem as atenções humanas, não só para afirmar a Sua existência, como para denegá-Lo. Voltaire dizia que “se Deus não existisse, então seria necessário inventá-lo (…) até porque creio no Deus que criou os homens, e não no Deus que os homens criaram.”. (2)
    René Descartes, na essência da sua vigília racionalista, expõe Deus através da razão. Blaise Pascal, por outro lado, fala-nos que só podemos reconhecer Deus através da Fé. A divisão entre fé e razão sempre existiu ao longo do processo histórico. Compreender o Onipotente pela razão é uma atitude substancialmente filosófica, enquanto que aceitar o Todo-Poderoso pela fé é uma atitude predominantemente religiosa.
    Para nós, espíritas, “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”(3) Recusamos a fé cega e defendemos, com contextos, a fé racional, conduzindo as pessoas a não crerem, simplesmente por terem uma crença qualquer, mas, a saber, porque creem em algo. Uma das básicas questões espíritas é demonstrar científica e filosoficamente a existência de Deus.
    Por isso, encontramos Deus em nossas cogitações mais íntimas. Quer sejamos crédulos, quer agnósticos, estamos continuamente procurando transcender rumo a metas cada vez mais desafiadoras. Em Deus não há bifurcações. Deus é Absoluto, é Infinito, é Onipo-tente, é Onisciente, é Único. O filósofo Baruch Spinoza pronunciou certa vez que não necessitamos orar nos santuários pétreos, lúgubres e obscuros erigidos pelas mãos humanas que cremos ser a Sua Morada. Até porque a casa do Altíssimo está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Ele está e expressa o amor pela humanidade. Deus não está nos livros. O que adianta ficarmos lendo supostas escrituras sagradas se não sabemos ler Suas Leis num amanhecer, num por do Sol, numa paisagem, no olhar dos amigos, nos olhos dos filhinhos. Não encontraremos Deus em nenhum livro! Por essas e outras razões, Albert Einstein, quando perguntado se acreditava em Deus, respondeu: “Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus teológico”.(4)
    Amemos pelo encanto de amar, e mesmo que nos machuquemos, terá valido a pena. Aprendamos a partilhar o amor. Mas como podemos decompô-lo? Comecemos olhando no fundo dos olhos do nosso filho (independente da idade dele), e digamos: Eu o amo! Façamos o mesmo com o nosso consorte, com nossos pais, avós, irmãos.
    A Bondade de Deus é refletida pela Lei da exuberância da vida. Mas o que é a vida? Bem, a vida é um arquiteto admirável, que alça nas profundezas submarinas os castelos de algas e de corais. A vida é um formidável escultor, que constrói cada folha e talha ramículos e contornos jamais repetidos em qualquer outra flor ou folha encontrada na Terra. A vida é um químico sublime, que confere a cada fruta o seu sabor peculiar e inconfundível, e através das raízes entranhadas nos solos consegue converter água em açúcar e madeira. A vida é um perfumista primoroso que transforma o húmus em fragrância.
    Por isso há os que agradecem ao Criador convertendo a infecundidade da terra em sossegado, tranquilo e alegre jardim; plantam e colhem e idealizam milhões de buquês de flores. Outros compõem melodias, improvisam poemas, criam leis, varrem os logradouros públicos, constroem casas. E sempre quando trabalhamos sob a inspiração de Deus, o céu, a terra e o ar se enriquecem de sublimados êxtases, tudo se expande e se alegra no Universo – oceanos musicalizam suas águas no “fluxo e refluxo” das marés, cachoeiras se arremessam das altitudes orvalhando encostas majestosas no silencioso e nobre gigantismo das montanhas; as soberbas árvores se curvam em suave reverência às plantinhas delicadas e aos quase imperceptíveis arbustos tênues, abarcando o altar da natureza, exaltando a Grandiosa Criação.
    Isso mesmo! A vida está no ar, na terra, no mar, nas montanhas, nas flores, nas estrelas. A vida está no protoplasma, uma gota gelatinosa invisível a olho nu, que na cabeça de alfinete comportaria 1 milhão de gotículas. Se por acaso toda a vida – animal, vegetal, humana – desaparecesse da face da Terra e ficasse um só protoplasma e um raio de sol, o heliotropismo  restabeleceria a vida através da lei da cissiparidade, e essa única gotícula se multiplicaria sucessivamente, e em breve estariam os campos e prados reverdecidos, os mares e rios povoados, a Terra povoada, na ninharia de alguns milhões de anos ape-nas.
    A nossa compreensão de Deus muda na mesma proporção em que a nossa percepção sobre a vida se amplia. É uma tarefa espinhosa, quando o limitado intenta alcançar o Ilimitado, ou o finito entender o Infinito. Da megaestrutura dos astros à infra-estrutura subatômica, tudo está mergulhado na substância viva da mente do Criador da vida.  Portanto, guardemo-nos em Deus e exoremos ao Mestre Galileu, Seu Venerado Emissário, para que acuda-nos na absorção dos eflúvios do amor e da bênção da Paz. Ajoelhemo-nos, em espírito, para rogar aos Benfeitores Espirituais não nos permitam a desesperança, em face do desamor de alguns, afim de que possamos, no derradeiro instante do testemunho, ver, sentir, oscular a face Augusta do Senhor, refletida, no curso de milênios, na Vida e na Obra de Jesus Cristo.

    Referências bibliográficas:
    1 Xavier, Francisco Cândido e Vieira, Waldo. O espírito da verdade, ditado por Espíritos diversos, Cap. 19– Guarda-te em Deus (Emmanuel), Rio de Janeiro: Editora FEB, 1962
    2 Disponível em http://pt.wikiquote.org/wiki/Voltaire, acessado em 24/02/2013
    3 Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Editora FEB, 2001, perg 1
    4 Citado em Golgher, I. O Universo Físico e humano e Albert Einstein, B.H: Oficina de Livros, 1991, p. 304

    segunda-feira, 18 de março de 2013

    A CIÊNCIA TERÁ QUE AVANÇAR PARA DESVENDAR AS VÁRIAS DIMENSÕES DA VIDA


    Jorge Hessen

     Sob o ponto de vista espírita, as enfermidades se apresentam provenientes de duas fontes distintas: as de causa física e as de origem espiritual. Sob o aspecto físico, a matriz das moléstias jaz na alteração da organização material, gerada por causas advindas do ambiente onde a pessoa se encontra (re)encarnada. Exemplo: agressões, acidentes, contaminações bacterianas e virais etc. Na segunda hipótese, a doença sobrevém por incrustação de magnetismo deletério no perispírito, resultante de desvios morais. Por sua vez, o corpo perispiritual (molde do corpo físico) imprime os reflexos dessa desordem na estrutura do corpo carnal, debilitando-o ou provocando doenças. Há, por conseguinte, uma interação direta entre alma/corpo e vice e versa.
    Recentemente o britânico George Hudspeth, portador de problemática visual incurável, tornou a enxergar após “dialogar” com a imagem fotográfica da esposa falecida. O que tem a ver isso com o tema? Muita coisa!
    O “caso Hudspeth” surpreendeu os médicos deixando-os assombrados diante da enigmática cura. Em verdade, quando são saradas as doenças tidas como “incuráveis”, desafiando os juízos médicos, quase sempre são catalogáveis no rol dos prodígios casuais ou “milagre”. Todavia, nos fenômenos da vida tudo tem uma lógica causal. O “acaso” e o “milagre” não têm vínculos com as propostas espíritas e muito menos com as leis de Deus.
    Possivelmente a ingênua e carinhosa recordação da esposa favoreceu ao viúvo entrar em sintonia com médicos do “além”. Nesse caso, seria admissível que os clínicos espirituais, após avaliarem o gráfico “cármico” do doente, intercedessem recuperando instantaneamente a visão de Hudspeth, através de procedimentos que a ciência médica de “cá” desconhece.
    Conquanto diagnosticado como portador de doença visual “incurável”, a recuperação de Hudspeth pode ser esclarecida através de cabível intervenção espiritual, sopesando, obviamente, o merecimento do mesmo. Sabemos que nos círculos espirituais próximos da Terra ocorrem atividades médicas similares às que se observam nos hospitais terrenos. No “além”, os especialistas da medicina adentram, com mais segurança na história do enfermo para observar as raízes da enfermidade. A rigor, é na mente que jaz a exata causa das doenças. Sim! Somos herdeiros de nossas ações pretéritas, tanto boas quanto malignas. O “carma” ou "conta do destino criada por nós mesmos" está gravado no corpo que Kardec chamou de perispírito, ou corpo celeste segundo Paulo; ou túnica nupcial conforme ensinou Jesus; ou corpo bioplasmático para os ex-soviéticos; ou corpo astral na Teosofia; ou modelo organizador biológico designado por Hernani Guimarães Andrade.
    Os procedimentos adotados por médicos desencarnados estribam-se em anamnese muito mais ampla e completa do que a realizada frequentemente “cá” no orbe físico. Fazem parte dela o mapa de identificação completo do paciente que engloba a sua biografia atual, a ficha cármica e a projeção individual de recordações, bem como a apostila dos complexos de culpa; a apreciação dos membros da família; a anamnese psicológica minudenciada, complementada pelo check-up mental, que é a competência do especialista proceder a “leitura e interpretação” dos pensamentos, pela simples observação visual do cérebro [transcendente] em funcionamento.
    Portanto, no “além” os exames podem determinar a reversibilidade ou irreversibilidade da enfermidade. Normalmente isso ocorre previamente à reencarnação, motivo por que numerosos doentes são tratáveis, mas somente curáveis mediante internações (longas ou curtas) no campo físico, a fim de que as causas profundas do mal sejam extirpadas da mente pelo contato direto com as lutas em que se configuram.
    No futuro, quando a maioria dos homens compreenderem a vida fora das dimensões físicas, todos e quaisquer fenômenos, por enquanto inexplicáveis, principalmente de “cura”, não mais serão tratados como surpreendentes ou “sobrenaturais”. Em verdade, há meios de intercâmbio entre o “Céu e a Terra” que a improfícua ciência acadêmica ainda não tem estatura satisfatória para abranger. Infelizmente, ainda são rechaçadas as evidências científicas do Mundo Espiritual, constatadas em pesquisas realizadas por cientistas do porte de William Crookes, Alfred Russel Wallace, Oliver Lodge, Aksakof, Ernesto Bozzano, além de outros, que não deixam dúvidas de que as energias do universo podem ser aplicada a todas as dimensões ou escalas, que se desdobram no espaço e no tempo, unindo os campos físico e extrafísico em uma só rede ou totalidade integrada.
    Os Catedráticos Espirituais asseguram que divisamos apenas uma oitava parte do que sucede ao nosso redor, o que nos dá ideia do quanto a Ciência terá que progredir para desvendar as múltiplas dimensões da vida e o tipo de energia que entra na composição de cada uma delas, o que significa decodificar as várias disposições ou modos de "adensamento" da luz, que penetram na gênese das partículas dessas diferentes dimensões.
    As fontes das enfermidades físicas são objeto de estudo da Ciência Clássica. As matrizes dos achaques espirituais têm sido objeto de pesquisa pela “Ciência Espírita”, isso porque o cientista clássico não admite a existência do Espírito. Mas mais cedo ou mais tarde haverá a união entre a Ciência e o Espiritismo. A fonte do saber tem necessidade de uma nova visão da realidade, construída a partir de um modelo que se baseie "na consciência do estado de inter-relação e interdependência essencial de todos os fenômenos (físicos, biológicos, sociais e culturais) e esta visão transcendente nas atuais fronteiras disciplinares e conceituais terá de ser explorada no âmbito de novas instituições.". (1) Até porque "o Espiritismo e a Ciência completam-se um ao outro; à Ciência sem o Espiritismo, fica impossível explicar certos fenômenos só com as leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, lhe faltaria apoio e controle". (2)
    Cremos que os postulados espíritas constituem sendas inovadoras, abertas pela fenomenologia mediúnica e sobre as quais a Ciência transitará, mais cedo ou mais tarde, edificando as alamedas largas do desenvolvimento, com as quais se beneficiará toda a humanidade. "A medicina humana será muito diferente no futuro, quando a Ciência puder compreender a extensão e complexidade dos fatores mentais no campo das moléstias do corpo físico.”. (3)
    Em suma, o homem é constituído de estruturas muito mais complexas do que se consegue visualizar a olho desarmado ou através da tecnologia médica existente. A "saúde é a perfeita harmonia da alma.”. (4) Para a conquista da saúde espiritual a Doutrina Espírita oferece recursos terapêuticos complementares à medicina terrena. No rol desses recursos medicamentosos constam a prece, a meditação, os trabalhos de desobsessão, a educação e exercício da mediunidade (quando recomendável), o passe, a água fluidificada, o convite para o serviço assistencial, estímulo ao paciente para o autoconhecimento, para ampliar suas potencialidades espirituais, com ênfase na reforma moral, ponto básico para a saúde integral.

    Referências bibliográficas:
    (1)           Capra, Fritjof. O Ponto de Mutação, 30ª. Edição, São Paulo: Ed Cultrix , 2012,  259.
    (2)           Kardec, Allan. A Gênese, Rio de Janeiro: Ed FEB, 1977, cap. 1
    (3)           Xavier, Francisco Cândido. Missionários da Luz, ditado pelo espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed FEB, 1999, cap.12
    (4)           Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 1999

    domingo, 17 de março de 2013

    ADDE PUBLICOU "A TERCEIRA REVELAÇÃO SIMBOLIZA O RETORNO DO CRISTO À TERRA

    http://adde.com.br/
    A lei do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação; a do Novo Testamento tem-na no Cristo. O Espiritismo é a Terceira Revelação da Lei de Deus, mas não tem a personificá-la nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado, não por um homem, sim pelos Espíritos, que são as vozes do Céu, em todos os pontos da Terra, com o concurso de uma multidão inumerável de intermediários.
    É, de certa maneira, um ser coletivo, formado pelo conjunto dos seres do mundo espiritual, cada um dos quais traz o tributo de suas luzes aos homens, para lhes tornar conhecidos esse mundo e a sorte que os espera.(1) Sabemos que a Lei de Deus foi expressa no Sinai a Moisés, as Lições de Jesus em Israel e a Terceira Revelação a Allan Kardec na França de 1857. Cada uma dessas revelações foi a expansão das idéias apresentadas anteriormente, obedecendo a inequívoca lei do progresso. Obviamente toda Revelação tem por característica a Verdade. Se for desmentida por fatos, deixa de ter origem Divina, pois Deus não se engana nem mente.Observemos que com Moisés temos o impacto da força e do temor, para arrancar os homens da idolatria (bezerro de ouro) e da submissão ao paganismo.
    Com Jesus temos o exercício da fé e do amor, para livrar o homem do aguilhão dos formalismos, da tradição, inspirando-o à prática da fraternidade. Com os Espíritos concretiza-se o emprego da verdade, que ilumina a fé pelo raciocínio, para que o espírito humano possa amar compreendendo sua transcendência. O homem já não deve temer, nem apenas crer e amar, mas também e, sobretudo saber para que crê e porque ama.Uma importante revelação se cumpre na época atual: a que nos mostra a possibilidade de se comunicar com os seres do mundo espiritual, pela mediunidade.
    Esse conhecimento não é novo, sem dúvida; mas permaneceu, até os nossos dias, de certa forma, no estado de letra morta, quer dizer, sem proveito para a Humanidade. (2)O mestre Lionês explica que o Cristo, tomando da lei antiga o que era eterno e divino, e rejeitando o que não era senão transitório, puramente disciplinar e de concepção humana [leis mosaicas], acrescentou a revelação da vida futura, a das penas e recompensas que esperam o homem depois da morte. Dando-nos a conhecer o mundo invisível, as leis que o regem, suas relações com o mundo visível, a natureza e o estado dos seres que o habitam e em conseqüência, o destino do homem depois da morte. A idéia vaga da vida futura acrescenta a revelação do mundo invisível que nos cerca e povoa o espaço, e, com isto, fixa a crença, dá-lhe um corpo, uma consistência, uma realidade no pensamento. (3)
    Um dos pontos altos da Terceira Revelação é a lei das vidas sucessivas, objetivando demonstrar que o Espírito não encarna uma só vez, mas, tantas e quantas forem necessárias a fim de se tornar um Espírito perfeito e portador das mais nobres qualidades morais e espirituais. A reencarnação, cujo princípio o Cristo colocou no Evangelho, mas sem definí-lo, é, sem dúvida, uma das leis mais importantes reveladas (relembradas) pelo Espiritismo, no sentido de que lhe demonstra a realidade e a necessidade para o progresso.
    A Terceira Revelação, bem longe de negar ou de destruir o Evangelho, vem ao contrário, confirmar, explicar e desenvolver, pelas novas leis da Natureza que revela, tudo o que o Cristo disse e fez; traz a luz sobre o ponto obscuro dos seus ensinamentos, de tal sorte que aqueles para quem certas partes do Evangelho eram ininteligíveis, ou pareciam inadmissíveis, as compreendem sem esforço, com a ajuda do Espiritismo, e as admitem, vêem melhor a sua importância e podem separar a realidade da alegoria. Não resta dúvida de que, os Evangelhos têm sido entendidos, ao longo dos séculos, precipuamente em sua feição literal; mas, com a Revelação dos Espíritos, a interpretação literal, tendo em vista o estádio evolutivo das gerações, de há muito não prevalece. O Espiritismo - Terceira Revelação -, com suas raízes mais profundas fincadas no Evangelho do Cristo, não deixa de apresentar-se como doutrina essencialmente dinâmica, evolutiva. (4)Para André Luiz a Terceira Revelação entroniza a certeza que a mediunidade atual é, essencialmente, a profecia das religiões de todos os tempos. Com a diferença de que a mediunidade hoje é uma concessão do Senhor à Humanidade em geral, considerando-se a madureza do entendimento humano, à frente da vida. (5)
    A mediunidade em si não é coisa recente, a diferença atualmente dela é tão-somente a forma de mobilização, porque a liderança religiosa de várias procedências jaz, há muitos séculos, engessado no estéril culto exterior, espetaculizando indebitamente o conjunto das revelações metafísicas.Sobretudo a religião Cristã de várias denominações, que deveria ser a mais consistente e a mais simples das propostas de fé, há vários séculos se embutiu no superficialismo dos templos de pedra. Era mister, transferir-lhes os princípios, a benefício do mundo que, cientificamente, hoje se banha no clarão de nova era. (6)
    Motivo pelo qual, pela Terceira Revelação, o Senhor da Vida deliberou que a mediunidade fosse trazida do colégio sacerdotal à praça pública, a fim de que a noção da eternidade, através da sobrevivência da alma, desperte a mente narcotizada do povo.O próprio Cristo, Instrumento de Deus por excelência, se utilizou da mediunidade para acender a luz da sua Doutrina de Amor. Seja aliviando as dores de enfermos e asserenando os que estavam sob o impacto da aflição, e não raro, comunicou-se com os desencarnados, alguns dos quais Espíritos sofredores a subjugarem obsedados de diversas gradações. E, além de surgir em colóquio com Moisés materializado no Tabor, Ele mesmo é o grande ressuscitado, legando aos homens o sepulcro vazio. (7)
    A Terceira Revelação, sem quaisquer arrogâncias, simbolicamente, é Jesus que retorna ao mundo, instando-nos ao crescimento espiritual. À Revelação Espírita deveremos, acima de tudo, a luz para vencer os tenebrosos enigmas da desencarnação, a fim de que nos consorciemos, afinal, com as legítimas noções da consciência cósmica. E como ressalta André Luiz: será pouco revelar a excelsitude da Justiça? Será desprezível descortinar a vida em suas ilimitadas facetas de evolução e eternidade?(8)
    Portanto, através da Terceira Revelação observaremos embevecidamente, dos cimos da consciência de realidade, os estreitos compartimentos das cogitações terrenas, compreendendo racionalmente, por fim, que o esplendor reservado ao homem é excelso e infinito, no Reino Divino do Universo.Com a certeza na vida futura que o Espiritismo comprova de modo tão claro, o homem adquire força para seguir sua caminhada, certo de que um dia esse Deus interno que existe dentro de nós resplenderá inteiramente e ofuscará de vez o homem velho que ainda faz morada em nossa alma.



    Referências bibliográficas::
    1- Kardec, Alan. Evangelho Segundo o Espiritismo, RJ: Ed. FEB,2003, Cap I
    2- Kardec, Alan. A Gênese, RJ: Ed. FEB,2001, Cap I
    3- Idem
    4- Artigo de Juvanir Borges de Souza, publicado em Reformador - abril de 1977
    5- Xavier, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade, RJ: Ed FEB, 1999, Cap "Apontamentos à Margem"
    6- Idem
    7- Idem ibidem
    8- Idem ibidem

    quinta-feira, 14 de março de 2013

    EVOCAR OU NÃO ESPÍRITO, UMA BREVE REFLEXÃO ESPÍRITA.


    Jorge Hessen
    http://aluznamente.com.br

    Qual a importância da evocação dos Espíritos nos dias de hoje? Será inadmissível ou errada a evocação dos desencarnados? É incontestável não haver qualquer dispositivo que impeça a evocação (1) dos Espíritos na Codificação. Porém, Kardec faz ressalvas sobre o tema:  “frequentemente as evocações oferecem mais dificuldades aos médiuns do que os ditados espontâneos, sobretudo quando se trata de obter respostas precisas a questões circunstanciadas. Para isto, são necessários médiuns especiais, ao mesmo tempo flexíveis e positivos”. (2) Portanto, sem esse discernimento, se alguém evocar uma pedra ela responderá, pois “há sempre uma multidão de Espíritos prontos a tomar a palavra sob qualquer pretexto.” (3)
    Atualmente há cauteloso exercício da não evocação dos Espíritos. Como interpretar o empecilho evocatório nos grupos mediúnicos? Cremos que inexista qualquer proibição pelos dirigentes; o que acontece são apenas critérios de aconselhamentos para que tal prática seja evitada, em face das precipitações que proporciona. Em que pese não ser totalmente favorável à evocação dos Espíritos, não analisamos tal método como “coisa demoníaca”, desde que sejam aferidos os relevantes desígnios a que se propõem e, sobretudo, os valores morais dos evocadores.
    A propósito das manifestações mediúnicas espontâneas, será que são menos perigosas do que as evocações? O Codificador afiança que a evocação traça laços entre o evocador e o evocado, que impedem ou pelo menos limitam a interferência de um mistificador. Todavia, Kardec também assegura que “as comunicações espontâneas não apresentam inconveniente algum e que por esse método se podem obter coisas admiráveis.”. (4)
    Em verdade, no transcurso dos anos adveio uma mudança no método de intercâmbio com o além. Entre os importantes pontos que avalizam a restrição da prática evocatória atual, consta a desconfiança da indução, do sugestionamento ou do animismo do médium, além do quê, este acabaria quase que na obrigação de “receber espírito tal ou qual”, sobretudo para atender ao dirigente e ao grupo.
    Outros aspectos a considerar são a sujeição e a inibição que, via de regra, escoltam esse tipo de exercício mediúnico (evocação), originários da perspectiva quase sempre mística cultivada em torno do médium. Cremos que a modificação do processo evocatório nas reuniões mediúnicas ocorreu porque não surtiu, após a Codificação, os efeitos almejados. Ou o mais provável, por não se obterem médiuns “desenvolvidos” com qualidades adequadas ou, em última análise, ambas as condições.
    Do exposto, e considerando as graduais etapas da programação espírita na Terra, será que atualmente deveríamos promover (como ocorreu durante a codificação), um diálogo escancarado e direto com os recém-desencarnados, visando obter notícias dos mesmos para seus familiares que aqui ficaram? Quantas pessoas procuram grupos espíritas querendo notícias dos entes que “partiram”? Será que a finalidade da mediunidade é essa?(5) Há pessoas (pasmem!) que “orientam” médiuns através de cursos “avançados”, ensinando algum tipo de “técnica” para “receberem recém-desencarnados”. Tais “mestres de Espiritismo” afirmam com bazófia que alguns jovens e outros “formandos” estarão dentro em breve prestando [através da evocatória mágica] os “serviços” de consolação para os parentes que por aqui ficaram!...(?!?!?) Acredite se quiser!!!!(6)
    Reafirmamos a opinião de Emmanuel – “qualquer comunicação com o invisível deve ser espontânea, e o espírita cristão deve encontrar na sua fé o mais alto recurso de cessação do egoísmo humano ponderando quanto à necessidade de repouso daqueles a quem amou, e esperando a sua palavra direta, quando e como julguem os mentores espirituais conveniente e oportuno”. (7) O bom senso nos impõe a certeza nas lições aqui consignadas pelo Mentor de Chico Xavier. O lembrete não pode ser atribuído à opinião pessoal do Benfeitor, como soi apostilar alguns, até porque não há qualquer contradição doutrinária no seu discurso.
    Um grupo espírita prudente trabalha com a espontaneidade das comunicações e recorre às evocações tão só nas situações extraordinárias. Até porque "no curso do trabalho mediúnico, os esclarecedores não devem constranger os médiuns psicofônicos a receber os desencarnados presentes, repetindo ordens ou sugestões nesse sentido, atentos ao preceito de espontaneidade –  fator essencial ao êxito do intercâmbio."(8)
    Notemos que não temos domínio sobre o mundo dos Espíritos que, para desagrado dos evocadores, têm suas próprias normas de conduta. Quanto aos principiantes na mediunidade, Kardec adverte energicamente “para que não se adote a evocação direta de um Espírito explicando as dificuldades do processo e aconselhando um apelo geral.”. (9)
    Há circunstâncias reais que inibem ou obstam aos Espíritos atender os evocadores quando lhes são dirigidas as evocações. Observemos algumas situações que tornam a evocação impossível: quando o desencarnado está envolvido em missões ou ocupações de que não pode afastar-se; quando o Espírito não estiver mais no além, porém já (re)encarnado (só excepcionalmente pode acontecer evocação de um encarnado), mas isso é impossível se estiver reencarnado em planetas inferiores à Terra; quando o evocado etéreo se encontra em locais de punição e não tem permissão para dali se afastar; quando o médium evocador, por sua natureza ou aptidão, não consegue entrar em sintonia mediúnica com o Espírito evocado.
    Além disso, como pronunciou Kardec, “as evocações oferecem mais dificuldades aos médiuns.”.(10) Certa vez, alguém nos disse o seguinte: “os dirigentes que estão propondo atualizar suas casas espíritas necessitam abdicar o entendimento contrário às evocações, pois se não houver evocações o centro espírita ficará impedido de curar obsessões (!?...), deixando de realizar uma das mais importantes obras do Espiritismo: a libertação obsessiva” (!!!???). Expliquei ao distinto evocador que o tratamento de desobsessão não é a “obra” mais imperiosa da instituição espírita. A mais importante missão do centro espírita é difundir os conceitos doutrinários, visando colaborar na reforma moral do homem. Outra coisa: o Espiritismo jamais recomendará a propagação dos impróprios métodos de exorcismo batizados de desobsessão através de ingênuas evocações.
    Para Leon Denis, não é indispensável fazer evocações definidas. No grupo que dirigiu, raramente ocorreram evocações, pois “preferia dirigir um apelo aos guias e protetores habituais, deixando a qualquer Espírito a liberdade de se manifestar sob sua vigilância.”. (11) Denis legou-nos modelos excelentes de reuniões onde se cultivava a reverência intensa aos mentores do além, em que a mediunidade era desempenhada com amor, sem que houvesse perda ao estudo e à investigação.
    Ademais será que impedindo ou sugerindo a não evocação de Espíritos, o campo de pesquisa na instituição se fecha e tudo fica entregue ao “Deus dará”? Será que sem as evocações de Espíritos advirá a pobreza de revelações “avançadas” do além? Há opiniões extravagantes atestando que as manifestações espirituais espontâneas são fonte de improdutividades doutrinárias, o que torna o centro espírita inerme e de onde se faz necessário sair com urgência. (Pasmem!)
    Evocar ou não um Espírito é assunto que necessita, assim, ser bem ponderado, tendo sempre em mente a intenção a que ela se presta. André Luiz reafirmou o parecer firmado por Emmanuel, aconselhando a supressão, em nosso meio, “da prática da evocação nominal dos Espíritos.”. (12)
    A técnica evocativa dos Espíritos teve sua época, como tiveram as mesas girantes, as pranchetas, as tiptologias, as pneumatografias e pneumatofonias, as materializações etc. Como também teve sua época “o diálogo com os Espíritos através da psicografia. O retorno ao método da evocação, inclusive, não dinamizaria as atividades mediúnicas e nem propiciaria o surgimento de médiuns mais aptos e seguros. No caso destes é exatamente o contrário: o surgimento de médiuns mais adestrados é que possibilitaria (talvez) as condições para as evocações.”. (13)
    Em síntese, a evocação pode ser empregada eventualmente, priorizando-se, porém, as comunicações espontâneas. Óbvio que nenhum dos dois métodos deve ser rejeitado radicalmente, até porque isso ocasionaria prejuízos nas atividades da mediunidade nos seus vários aspectos, seja na eventual terapêutica dos quadros obsessivos, na assistência aos espíritos sofredores ou nas investigações dos fenômenos extrafísicos.


    Referências Bibliográficas:

    (1) A palavra "evocar" deriva do latim "evocare" que significa atrair “alguém” de algum lugar.
    (2) Kardec, Allan. O Livro dos médiuns, Rio de Janeiro: Editora FEB, 1971,cap. 25 item 272
    (3) Idem,  item 283a
    (4) Idem , item 269
    (5) Hessen, Jorge. Artigo “Técnicas para  notícias de desencarnados”, publicado no site http://aluznamente.com.br/tecnicas-para-noticias-de-desencarnados-lembremos-que-o-telefone-toca-de-la-para-ca/ acessado em 12/03/2013
    (6) Idem , acessado em 13/03/2013
    (7) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB,  Questão 380
    (8) Xavier, Francisco Cândido: Desobsessão ditado pelo Espírito: André Luiz cap. Manifestação do enfermo espiritual III, RJ: Ed. FEB, 1980
    (9) Kardec, Allan. O Livro dos médiuns, Rio de Janeiro: Editora FEB, 1971,cap. 17 item 203
    (10) Idem , item 272
    (11) Denis, Leon, No invisível RJ: Ed FEB, 1990, disponível em http://vademecumespirita.com.br/goto/store/texto/611/orientacoes-de-leon-denis-para-novos-grupos-e-iniciantes-de-reunioes-mediunicas
    (12) Xavier, Francisco Cândido e Vieira, Waldo. Conduta Espírita, ditado pelo espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001, cap 25
    (13) Shubert, Suely Caldas. Artigo – “Da evocação dos Espíritos nas reuniões mediúnicas”, Disponível em http://suelycaldasschubert.webnode.com.br/artigos/ acessado em 12/03/2013