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  • quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

    A MAGNANIMIDADE DIVINA


    Jorge Hessen
    http://aluznamente.com.br

     O amor do Todo-Poderoso sustenta nossas vidas e a estrutura do Universo. Lembremo-nos Dele, expõe Emmanuel: “para que saibamos agradecer os talentos da vida, abraçando o próprio dever como sendo a expressão de Sua Divina Vontade e encontraremos a força verdadeira de nossa fé, a erguer-nos das obscuridades e problemas da Terra para a rota de luz.”. (1) Sim! Rota de luz porque o Altíssimo é um dos princípios mais ancestrais e inexauríveis do patrimônio cultural da humanidade.
    Ao longo dos milênios, Deus tem sido objeto dicotômico entre a fé e razão, de medo ou de amor; todavia para o Criador se conduzem as atenções humanas, não só para afirmar a Sua existência, como para denegá-Lo. Voltaire dizia que "se Deus não existisse, então seria necessário inventá-lo (...) até porque creio no Deus que criou os homens, e não no Deus que os homens criaram.". (2)
    René Descartes, na essência da sua vigília racionalista, expõe Deus através da razão. Blaise Pascal, por outro lado, fala-nos que só podemos reconhecer Deus através da Fé. A divisão entre fé e razão sempre existiu ao longo do processo histórico. Compreender o Onipotente pela razão é uma atitude substancialmente filosófica, enquanto que aceitar o Todo-Poderoso pela fé é uma atitude predominantemente religiosa.
    Para nós, espíritas, “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”(3) Recusamos a fé cega e defendemos, com contextos, a fé racional, conduzindo as pessoas a não crerem, simplesmente por terem uma crença qualquer, mas, a saber, porque creem em algo. Uma das básicas questões espíritas é demonstrar científica e filosoficamente a existência de Deus.
    Por isso, encontramos Deus em nossas cogitações mais íntimas. Quer sejamos crédulos, quer agnósticos, estamos continuamente procurando transcender rumo a metas cada vez mais desafiadoras. Em Deus não há bifurcações. Deus é Absoluto, é Infinito, é Onipo-tente, é Onisciente, é Único. O filósofo Baruch Spinoza pronunciou certa vez que não necessitamos orar nos santuários pétreos, lúgubres e obscuros erigidos pelas mãos humanas que cremos ser a Sua Morada. Até porque a casa do Altíssimo está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Ele está e expressa o amor pela humanidade. Deus não está nos livros. O que adianta ficarmos lendo supostas escrituras sagradas se não sabemos ler Suas Leis num amanhecer, num por do Sol, numa paisagem, no olhar dos amigos, nos olhos dos filhinhos. Não encontraremos Deus em nenhum livro! Por essas e outras razões, Albert Einstein, quando perguntado se acreditava em Deus, respondeu: “Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus teológico”.(4)
    Amemos pelo encanto de amar, e mesmo que nos machuquemos, terá valido a pena. Aprendamos a partilhar o amor. Mas como podemos decompô-lo? Comecemos olhando no fundo dos olhos do nosso filho (independente da idade dele), e digamos: Eu o amo! Façamos o mesmo com o nosso consorte, com nossos pais, avós, irmãos.
    A Bondade de Deus é refletida pela Lei da exuberância da vida. Mas o que é a vida? Bem, a vida é um arquiteto admirável, que alça nas profundezas submarinas os castelos de algas e de corais. A vida é um formidável escultor, que constrói cada folha e talha ramículos e contornos jamais repetidos em qualquer outra flor ou folha encontrada na Terra. A vida é um químico sublime, que confere a cada fruta o seu sabor peculiar e inconfundível, e através das raízes entranhadas nos solos consegue converter água em açúcar e madeira. A vida é um perfumista primoroso que transforma o húmus em fragrância.
    Por isso há os que agradecem ao Criador convertendo a infecundidade da terra em sossegado, tranquilo e alegre jardim; plantam e colhem e idealizam milhões de buquês de flores. Outros compõem melodias, improvisam poemas, criam leis, varrem os logradouros públicos, constroem casas. E sempre quando trabalhamos sob a inspiração de Deus, o céu, a terra e o ar se enriquecem de sublimados êxtases, tudo se expande e se alegra no Universo – oceanos musicalizam suas águas no "fluxo e refluxo" das marés, cachoeiras se arremessam das altitudes orvalhando encostas majestosas no silencioso e nobre gigantismo das montanhas; as soberbas árvores se curvam em suave reverência às plantinhas delicadas e aos quase imperceptíveis arbustos tênues, abarcando o altar da natureza, exaltando a Grandiosa Criação.
    Isso mesmo! A vida está no ar, na terra, no mar, nas montanhas, nas flores, nas estrelas. A vida está no protoplasma, uma gota gelatinosa invisível a olho nu, que na cabeça de alfinete comportaria 1 milhão de gotículas. Se por acaso toda a vida – animal, vegetal, humana – desaparecesse da face da Terra e ficasse um só protoplasma e um raio de sol, o heliotropismo  restabeleceria a vida através da lei da cissiparidade, e essa única gotícula se multiplicaria sucessivamente, e em breve estariam os campos e prados reverdecidos, os mares e rios povoados, a Terra povoada, na ninharia de alguns milhões de anos ape-nas.
    A nossa compreensão de Deus muda na mesma proporção em que a nossa percepção sobre a vida se amplia. É uma tarefa espinhosa, quando o limitado intenta alcançar o Ilimitado, ou o finito entender o Infinito. Da megaestrutura dos astros à infra-estrutura subatômica, tudo está mergulhado na substância viva da mente do Criador da vida.  Portanto, guardemo-nos em Deus e exoremos ao Mestre Galileu, Seu Venerado Emissário, para que acuda-nos na absorção dos eflúvios do amor e da bênção da Paz. Ajoelhemo-nos, em espírito, para rogar aos Benfeitores Espirituais não nos permitam a desesperança, em face do desamor de alguns, afim de que possamos, no derradeiro instante do testemunho, ver, sentir, oscular a face Augusta do Senhor, refletida, no curso de milênios, na Vida e na Obra de Jesus Cristo.

    Referências bibliográficas:
    1    Xavier, Francisco Cândido e Vieira, Waldo. O espírito da verdade, ditado por Espíritos diversos, Cap. 19– Guarda-te em Deus (Emmanuel), Rio de Janeiro: Editora FEB, 1962
    2    Disponível em http://pt.wikiquote.org/wiki/Voltaire, acessado em 24/02/2013
    3    Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Editora FEB, 2001, perg 1
    4    Citado em Golgher, I. O Universo Físico e humano e Albert Einstein, B.H: Oficina de Livros, 1991, p. 304

    terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

    "JORNAL DA CIDADE" PUBLICOU


    http://www.jornaldacidadeonline.com.br/leitura_artigo.aspx?art=5705

    FATALIDADE E DESTINO ALGUNS APONTAMENTOS ANTE A LEI DE AÇÃO E REAÇÃO

    Na vida humana, tudo tem uma razão de ser, nada ocorre por acaso, ainda mesmo quando as situações se nos afigurem trágicas. O recente acidente aéreo, ocorrido com o Airbus da TAM, que se chocou contra um prédio da empresa, ao lado do Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, no dia 17 de julho de 2007, parece-nos um evidente episódio de resgate coletivo.

    Muitos desses acertos de contas são demonstrados pelos Espíritos, em diversas obras da literatura espírita. André Luiz narra um desastre aéreo, em que o piloto, confuso pelo denso nevoeiro, não pôde evitar o choque da grande aeronave, espatifando-se contra a montanha. Neste caso, um instrutor espiritual comenta que "as vítimas certamente cometeram faltas em outras épocas, atirando irmãos indefesos da parte superior de torres altíssimas para que seus corpos se espatifassem no chão; suicidas que lançaram-se de altos picos ou edifícios, que por enquanto só encontraram recursos em tão angustiante episódio para transformarem a própria situação". (1)

    Quanto aos parentes mais próximos das vítimas, como inseri-los no contexto dos fatos? Pela lógica da vida, eles (os parentes, sobretudo os pais), muitas vezes, foram cúmplices de delitos lamentáveis no passado, e, por isso, necessitam passar por essas penas, entronizando-se, aqui, a idéia de que o acaso não existe na concepção espírita.

    Como entender a magnanimidade da Bondade de Deus e o ensinamento do Cristo, ante as mortes coletivas, ocorridas em l961, naquele patético incêndio do "Gran Circus Norte-Americano", em Niterói? Como compreender os óbitos registrados no terremoto que atingiu a cidade histórica de Bam, no Irã, no final de 2003?

    Como explicar o acidente com o Boeing da Flash Airlines, que ocorreu no Egito, provocando a morte de 148 pessoas que estavam a bordo daquela aeronave, em 3 de janeiro de 2004? Qual o significado dos que foram tragados pelas águas do Tsunami, tragédia, cujas dimensões deixaram o mundo inteiro consternado? O que pensar, ainda, sobre o naufrágio do Titanic, transatlântico que transportava cerca de 2.200 pessoas? O que dizer das quase 3.000 vítimas decorrentes do ataque às Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, a 11 de setembro de 2001? Como interpretar esses destinos?

    Para as tragédias coletivas, somente o Espiritismo tem as respostas lógicas, profundas e claras, que explicam, esclarecem e, por via de conseqüência, consolam os corações humanos, perante os ressaibos amargosos dessas situações. O fato é que nós criamos a culpa, e nós mesmos formatamos os processos para extinguir os efeitos. Ante as situações trágicas da Terra, o ser humano adquire mais experiência e mais energias iluminativas no cérebro e no coração, para defender-se e valorizar cada instante de sua vida. Com as verdades reveladas pelo Espiritismo, compreende-se, hoje, a justiça das provações, entendendo-as como sendo uma amortização de débitos de vidas pregressas.

    Autores espirituais explicam, a respeito desse assunto, que indivíduos envolvidos em crimes violentos, no passado e, também, no presente, a lei os traz de volta, por terem descuidado da ética evangélica. Retornam e se agrupam em determinado tempo e local, sofrendo mortes acidentais de várias naturezas, inclusive nas calamidades naturais. Assim, antes de reencarnarmos, sob o peso de débitos coletivos, somos informados, no além-túmulo, dos riscos a que estamos sujeitos, das formas pelas quais podemos quitar a dívida, porém, o fato, por si só, não é determinístico, até, porque, dependem de circunstâncias várias em nossas vidas a sua consumação , uma vez que a lei cármica admite flexibilidade, quando o amor rege a vida e "o amor cobre uma multidão de pecados." (2)

    Nossos registros históricos pelas vias reencarnatórias, muitas vezes acusam o nosso envolvimento em tristes episódios, nos quais causamos dor e sofrimento ao nosso próximo. Muitas vezes, em nome do Cristo, ateamos fogo às pessoas, nos campos, nas embarcações e nas cidades, num processo cego de perseguição aos "infiéis". Com o tempo, ante os açoites da consciência, deparando-nos com o remorso, rogamos o retorno à Terra pelo renascimento físico, com prévia programação, para a desencarnação coletiva, em dolorosas experiências de incêndios, afogamentos e outras tantas situações traumáticas para aliviar o tormento que nos comprime a mente.

    Ao reencarnarmos, atraídos por uma força magnética (sintonia vibratória), conseqüente dos crimes praticados coletivamente, reunimo-nos circunstancialmente e, por meio de situações drásticas, colhemos o mesmo mal que perpetramos contra nossas vítimas indefesas de antanho. Portanto, as faltas coletivamente cometidas pelas pessoas (que retornam à vida física) são expiadas solidariamente, em razão dos vínculos espirituais entre elas existentes. Destarte, explica Emmanuel:"na provação coletiva verifica-se a convocação dos Espíritos encarnados, participantes do mesmo débito, com referência ao passado delituoso e obscuro. O mecanismo da justiça, na lei das compensações, funciona então espontaneamente, através dos prepostos do Cristo, que convocam os comparsas na dívida do pretérito para os resgates em comum, razão por que, muitas vezes, intitulais – doloroso acaso - às circunstâncias que reúnem as criaturas mais díspares no mesmo acidente, que lhes ocasiona a morte do corpo físico ou as mais variadas mutilações, no quadro dos seus compromissos individuais." (3)

    Embora muitos acidentes nos comovam profundamente, seriam as tragédias suficientes para o resgate de crimes cruéis praticados no pretérito remoto? Estamos convencidos de que não, muito embora as situações - como essa vivenciada no dia 17 de julho de 2007 – nos levam a questionar, como, por exemplo: Por que esses acontecimentos funestos que despertam tanta compaixão? Seria uma Fatalidade? Coisa do destino? Que conceitos estão nos desenhos semânticos dessas palavras?

    Para o espírita "fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte" (4), pois, como disseram os Espíritos a Kardec : "quando é chegado o momento de retorno para o Plano Espiritual, nada "te livrará" e frequentemente o Espírito também sabe o gênero de morte por que partirá da terra", "pois isso lhe foi revelado quando fez a escolha desta ou daquela existência". (5)

    Mais, ainda: "Graças à Lei de Ação e Reação e ao Livre-Arbítrio, o homem pode evitar acontecimentos que deveriam realizar-se, como também permitir outros que não estavam previstos". (6)

    A fatalidade só existe como algo temporário, frente à nossa condição de imortais, com a finalidade de "retomada de rumo". Fatalidade e destino inflexível não se coadunam com os preceitos kardecianos. Quem crê ser "vítima da fatalidade", culpa somente o mundo exterior pelos seus erros e se recusa a admitir a conexão que existe entre eles.

    O homem comum, nos seus interesses mesquinhos, não considera a dor senão como resgate e pagamento, desconhecendo o gozo de padecer por cooperar, sinceramente, na edificação do Reino do Cristo.

    Aquele que se compraz na caminhada pelos atalhos do mal, a própria Lei se incumbirá de trazê-lo de retorno às vias do bem. O passado, muitas vezes, determina o presente que, por sua vez, determina o futuro. "Quem com ferro fere, com ferro será ferido" (7), disse o Mestre. Porém , cabe uma ressalva, nem todo sofrimento é expiação. No item 9, cap. V, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec assinala: "Não se deve crer, entretanto, que todo sofrimento porque se passa neste mundo seja, necessariamente, o indício de uma determinada falta: trata-se, freqüentemente, de simples provas escolhidas pelo Espírito para sua purificação, para acelerar o seu adiantamento".(8). São claras as palavras do Codificador.

    Não estão corretos aqueles que generalizam e afirmam que todo sofrimento é resultado de erros praticados no passado. O desenvolvimento das potencialidades, a subida evolutiva, requer trabalho, esforço, superar desafios. Neste caso é a provação, e não, a expiação, ou seja, são as tarefas a que o Espírito se submete, a seu próprio pedido, com vistas ao seu progresso, à conquista de um futuro melhor.

    Dentro do princípio de Causa e Efeito, quem, em conjunto com outras pessoas, agrediu o próximo não teria que ressarcir o débito em conjunto? É esse o chamado "carma coletivo". (9)

    Toda ação que praticamos, boa ou má, recebemos de volta. Nosso passado determina nosso presente não existindo, pois, favoritismos, predestinações ou arbítrios divinos. A doutrina espírita não prega o fatalismo e nem o conformismo cego diante das tragédias da vida, mesmo das chamadas tragédias coletivas. O que o Espiritismo ensina é que a lei é uma só: para cada ação que praticamos, colheremos a reação.
    O importante para os que ficam por aqui , na Terra, para que tenham o avanço espiritual devido, é não falir pela lamentação, pela revolta pois "as grandes provas são quase sempre um indício de um fim de sofrimento e de aperfeiçoamento do Espírito, desde que sejam aceitas por amor a Deus".(10)

    Diante do exposto, afirmamos que a função da dor é ampliar horizontes, para realmente vislumbrarmos os concretos caminhos amorosos do equilíbrio. Por isto, diante dos compromissos cármicos, em expiações coletivas ou individuais, lembremo-nos sempre de que a finalidade da Lei de Deus é a perfeição do Espírito, e que estamos, a cada dia, caminhando nesta destinação, onde o nosso esforço pessoal e a busca da paz estarão agindo a nosso favor, minimizando ao máximo o peso dos débitos do ontem.

    J. Hessen
    jorgehessen@gmail.com


    Referências bibliográficas:

    (1) Xavier, Francisco Cândido. Ação e Reação, Cap. XVIII, RJ: Ed FEB, 2005
    (2) Cf. Primeira Epístola de Pedro Cap. 4:8
    (3) Xavier, Francisco Cândido. O Consolado, RJ: Ed FEB, 2002, Perg 250
    (4) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed FEB, 1979, pergs. 851 a 867
    (5) Idem
    (6) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed FEB, 1979, perg
    (7) Cf. JOÃO. 18:11
    (8) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001, item 9, cap. V
    (9) A palavra karma é oriunda da raiz sânscrita "kri", cujo significado é ação. Karma é portanto, Lei de Causa e Efeito, ou ainda, de acordo com a terceira lei de Newton, conhecida como o "princípio da ação-e-reação", que diz: "a toda ação corresponde uma reação, com mesma intensidade, mesma direção, mas de sentido contrário". E o Cristo, ao recolocar a orelha do centurião romano, decepada pela espada de Pedro, sentenciou: "Pedro, embainha tua espada, pois quem com ferro fere, com ferro será ferido". Podemos notar, aí, dois enunciados da mesma Lei de Ação e Reação: um, de maneira científica e, outro, de modo místico. O vulgo diz : "Quem semeia vento, colhe tempestade".
    (10)Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, RJ: Ed FEB, 1989, Cap.14

    segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

    PERANTE AS TATUAGENS, O ENFOQUE DE UM ESPÍRITA


    Jorge Hessen
    http://aluznamente.com.br

    Médicos pesquisadores norte-americanos arrolam a tatuagem (arte corporal) à hepatite e como importante agente cancerígeno do fígado. Considerando que na pesquisa não houve relatos de casos de infestação bacteriana ou viral vinculados a estúdios de tatuagens profissionais nos Estados Unidos, os estudiosos recomendam que as pessoas apenas façam tatuagens ou coloquem piercings com profissionais habilitados. (1)

    O que é tatuagem? É a introdução de pigmentos (2) insolúveis, coloridos ou não, sob a pele. As granulações microscópicas formam imagens, desenhos e palavras, permanecendo definitivamente na camada subcutânea. Para infiltração dos pigmentos são utilizados instrumentos pontiagudos especiais na epiderme. Durante o procedimento a pele é perfurada de 80 a 150 vezes por segundo para a introjeção das substâncias (3), processo esse que pode representar perigo de contaminações, e dentre os riscos relacionados, apontados em pesquisas, incluem reações alérgicas, HIV, hepatite B e C, infecção de fungos e bactérias, além de outros riscos associados até mesmo com a excisão (remoção) das tatuagens.

    Sob a percepção histórica, a tatuagem é uma técnica ancestral que se esvai na memória cultural das civilizações. Surgiu, segundo alguns, como forma de expressão da personalidade, há mais de 3500 anos. Não compartilhamos da tese de que a tatuagem reflita, na essência, o caráter de alguém. Na era Cristã, na clandestinidade, sob o jugo do poder pagão, os primeiros cristãos se distinguiam por uma série de símbolos tatuados, como cruzes, as letras IHS, o peixe e as letras gregas. (4)

    Atualmente existem as “tattoos” 3D, que dizem ser mais realistas do que os desenhos tradicionais e dão a impressão de que o desenho está saindo da pele. Essas insígnias servem para assinalar o corpo de componentes de gangues, grupos de atletas esportistas (surfe, motociclismo), "beatniks" (movimento sociocultural nos anos 50 e princípios dos anos 60 que subscreveram um estilo de vida antimaterialista, na sequência da 2.ª Guerra Mundial), hippies, roqueiros e bastante presente entre os jovens comuns e prosaicos dos dias de hoje.

    O que informa a Codificação sobre as tatuagens e piercings? Nada! O Espiritismo, a princípio, não proíbe coisa nenhuma, todavia adverte e orienta. Sim, O Espiritismo oferece-nos elementos para avaliação, a fim de que deliberemos conscientemente sobre o que, como, quando, onde fazer ou deixar de fazer alguma coisa.

    Mesmo que expressemos aqui simples opinião, não deslembremos que Jesus nos convida ao aprimoramento moral, a prudência do comportamento e a meditação no notável “orai e vigiai” (5). Embora Kardec não tenha comentado o tema, animamos alvitrar sobre qual a atitude mais criteriosa para o espírita, visando fugir dos ressaibos amargosos de futuro. Porém, aceitar ou não nossas reflexões fica DE MODO ÓBVIO sob a prerrogativa da liberdade de consciência de cada leitor.

    Considerando que conhecemos muito pouco sobre a estrutura funcional do perispírito, seria atraente saber se haveria mutilação perispiritual por ensejo do uso desses implementos (tatuagens e piercings). Quem sabe, sim! Possivelmente, não! Contudo, uma coisa compreendemos de sobejo: o psicossoma é danificado no desvio moral, no desequilíbrio emocional, nos vícios físicos e psicológicos, no ódio, no pessimismo, na cobiça, na arrogância, na luxúria.

    Sim! Lesamos o corpo espiritual quando prejudicamos alguém através da maledicência (fofoca), da agressividade, da bestialidade, da deslealdade. Assim, analisado por esse ângulo, os adornos (arte corporal) comprometem bem menos o corpo perispirítico. Principalmente porque na atualidade alguns desses adereços podem ser revertidos, já na atual encanação, e naturalmente não ecoará no envoltório do além do túmulo.

    Na jurisdição do além, os espíritos podem fluidicamente moldar mental e automaticamente os vestuários e artefatos de uso e vontade pessoal. Desse modo é possível, conquanto lamuriemos que um desencarnado se conserve dependente dos modismos e tantas outras ocorrências fúteis da coletividade terrena.

    Por outro lado, quais sãos os anseios, os sonhos, as crenças dos que cobrem quase que completamente seus corpos com tatuagens e piercings? Avaliá-los importa alcançar se estão mutilados psíquica, emocional e espiritualmente. Há essas ocorrências extremadas. O que conduz certas pessoas a destroçar a barreira da ponderação e do juízo? Por que atentam contra si submetendo-se a dores e sofrimentos inexplicáveis?

    Obsessão? Transtorno mental?

    Com a palavra, os espíritas conscienciosos e os psiquiatras.



    Referências:
       Disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,tatuagens-sao-relacionadas-a-hepatite-c-diz-estudo,988848,0.htm, acessado em 22/01/2013
    Os pigmentos têm origem mineral
    Atualmente são utilizadas máquinas elétricas. Elas são compostas de uma ponteira de aço inox cirúrgico e/ou descartáveis. Avisam os especialistas que essas ponteiras devem ser limpas por ultrassom e esterilizadas com estufa durante 3 horas, pelo menos, a uma temperatura maior ou igual a 170 ºC. 
    Disponível em http://whiplash.net/materias/biografias/000117.html#ixzz2LYoEo8UZ , acessado em 22/02/2013
    Mc 14,38

    sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

    OPINIÃO DO DIVALDO FRANCO SOBRE ENXURRADA DE LIVROS ESPIRITAS

    Divaldo Franco

    OPINIÃO DO DIVALDO FRANCO SOBRE ENXURRADA DE LIVROS ESPIRITAS

    Segue trechos da entrevista de Divaldo Franco do livro Conversando com Divaldo Pereira Franco editado pela Federação Espírita do Paraná sobre as obras espíritas.

    FEP:O movimento espírita tem sido invadido por uma enxurrada de publicações que trazem a informação de serem mediúnicas. Temos visto que os dirigentes, vários deles, não utilizam qualquer critério de seleção doutrinária. O que nos aconselha?

    Divaldo: "O nosso pudor em torno do Index Expurgatorius da Igreja Romana leva-nos, sem nos darmos conta, a uma tolerância conivente. Como não nos é lícito estabelecer um mapa de obras que mereçam ser estudadas em detrimento daquelas que trazem informações inautênticas em torno dos postulados espíritas, muitos dirigentes, inadvertidamente, divulgam obras que prejudicam mais a compreensão do Espiritismo do que aclaram.

    É muito comum dizer: mas é muito boa! Mas, muito boa, porém não uma obra espírita e no que diz respeito à mediunidade, a mediunidade ficou tão barateada, tão vulgarizada, que perdeu aquele critério com que Allan Kardec a estuda em “O Livro dos Médiuns”.

    O médium é médium desde o berço. Os fenômenos nos médiuns ostensivos começam na infância e quando têm a felicidade de receber a diretriz da Doutrina, torna-se o que Chico Xavier denominava com muita beleza: mediunidade com Jesus. O que equivaleria dizer: a mediunidade ética, a mediunidade responsável, criteriosa, a mediunidade que não se permite os desvios do momento, os modismos.

    Mas a mediunidade natural pode surgir em qualquer época e ela surge como inspiração. O indivíduo pode cultivá-la, desenvolve-la naturalmente.

    Vem ocorrendo uma coisa muito curiosa, pela qual, alguns espíritas desavisados, de alguma maneira, são responsáveis: se o livro é de um autor encarnado, não se lê, porque como se ele não tivesse autoridade de expender conceitos em torno da Doutrina. Mas, se é um livro mediúnico, ele traz um tipo de mística, de uma chancela, e as pessoas logo acham que é o máximo. Adotam esse livro como um Vade Mecum, trazendo coisas que chocam porque vão de encontro aos postulados básicos do espiritismo.

    Entra agora uma coisa que é profundamente perturbadora: o interesse comercial. Vender o livro sob a justificativa de que as Casas Espíritas necessitam de recursos. Para atender as necessidades, vendem obras de autoajuda, de esoterismo, de outras doutrinas, quando deveríamos cuidar de divulgar as obras do Espiritismo, tendo um critério de coerência.

    Quando visitei Paris pela primeira vez, em 1967, eu fui ver e conhecer a Union Spirite Française que ficava na Rua Copernique, número 8. Era período de férias, agosto a setembro, praticamente a Europa fecha-se e a França, principalmente. A Union estava fechada. Chamou-me a atenção as vitrinas que exibiam obras: não tinha uma espírita. Eram obras esotéricas, eram obras hinduístas, eram obras de Madame Blavatsky. São todas respeitáveis, mas não temos compromisso com elas. O nosso compromisso é com Jesus e com Kardec, sem nenhum fanatismo e sem nenhuma restrição pelas outras obras, que consideramos valiosas para cultura, para ampliação do entendimento. Mas, temos que optar por conhecer a Doutrina que professamos.

    Verificamos, neste momento, essa enxurrada perniciosa, porque saem mais de cinqüenta títulos de obras pseudomediúnicas por mês, pelo menos que nos chegam através dos catálogos, tornando-se impossíveis de serem lidas. O que ocorre? Eu recebo entre 10 e 20 solicitações mensais, pedindo aos Espíritos prefácios para obras que ainda estão sendo elaboradas. A pressa desses indivíduos de projetar a imagem, de entrarem nesse pódium do sucesso é tão grande que ainda não terminaram de psicografar - quando é psicográfica - ou de transcrevê-la, quando é inspirada, ou de escrevê-la, quando é de próprio punho, de própria concepção, já preocupado com o prefácio. Eu lhes digo: Bom, aos Espíritos eu não faço solicitações. Peço desculpas por não poder mandar o prefácio desejado. Espere, pelo menos, concluir o trabalho. Pode ser que eu morra, pode ser que você morra e pode ser que o Guia reencarne antes de terminar a obra.

    É uma onda de perturbação para minar-nos por dentro. O Codificador nos recorda que os piores inimigos estão no próprio Movimento, o que torna muito difícil a chamada seleção natural. Nós deveremos ter muito cuidado ao examinar esses livros. Penso que as instituições deveriam ter uma comissão para lê-los, avaliar a sua qualidade e divulgá-los ou não, porquanto as pessoas incautas ou desconhecedoras do Espiritismo fascinam-se com ideias verdadeiramente absurdas.

    Tenho ouvido e visto declarações pessoais de médiuns que dizem não serem espíritas e não terem nenhum vínculo com qualquer “ismo”; são livres atiradores e as suas obras são vendidas nos Centros Espíritas, porque vendem muito. Até amigos muito queridos têm, em suas livrarias, nos Centros Espíritas que frequentam, essas obras que são romances interessantes, como os antigos romances de Agatha Christie, de M. Dellyt e tais. Mas essas obras não são espíritas, embora ditadas por um Espírito, mas ditadas ao computador.

    Essas obras são muito interessantes, ninguém contesta, mas o tempo que se gasta, lendo-as, é um desvio do tempo de aprendizagem da Doutrina Espírita. As pessoas ficam sempre à margem, não se aprofundam. Observo, em nossa Instituição, pelas perguntas infantis que me fazem.

    É necessário que procuremos divulgar a Doutrina, conforme nós a herdamos do ínclito Codificador e das entidades venerandas, que preservaram essa Doutrina extraordinária, para que nós possamos contribuir com a construção de um mundo melhor.

    A respeito desses livros que proliferam, me causam surpresa, quando amigos com quarenta, cinqüenta anos de idade, pessoas lúcidas, pessoas cultas, que nunca foram médiuns, ou, pelo menos, jamais o disseram, escrevem livros até ingênuos, que nem são bons nem são maus, e rotulam como mediúnicos e passam a vender, porque são mediúnicos.

    Um dos livros mais vendidos, dito mediúnico, tem verdadeiras aberrações, em que a entidade fez do mundo espiritual uma cópia do mundo físico, ao invés de o mundo físico ser uma cópia do mundo espiritual. Inverteu, porque o Espírito está tão físico no mundo espiritual! E um Espírito do sexo feminino, que tem os fluxos catamênicos no mundo espiritual e que vai ao banheiro e dá descarga!

    Outras obras, igualmente muito graves, falam de relacionamentos sexuais para promoverem reencarnação no Além. Ora, a palavra reencarnação já caracteriza tomar um corpo de carne. Como reencarnar no Além, no mundo de energia, de fluidos, onde não existe a carne? O Além, com ninhos de passarinhos multiplicando-se, em que as aves vêm, chocam e nascem os filhotinhos. Não é que estejamos contra qualquer coisa, mas é que são delírios, pura fascinação.

    Acredito que alguns desses médiuns são médiuns autênticos. Ocorre que eles não perderam a mediunidade, a sua faculdade mediúnica é que mudou de mãos, daquelas entidades respeitáveis para as entidades frívolas que estão criando verdadeiros embaraços, porque em determinados seminários, palestras, fazem perguntas diretas e ficamos numa situação delicada, porque citam os nomes. Toda vez que dizem os nomes eu me recuso responder. Numa pergunta em tese muito bem, mas declinar nomes, não. Não tenho esse direito de levar alguém ao escárnio.

    Dessa forma, o problema é mais grave do que parece, porque muitos também estão fazendo disso profissão, embolsam o resultado das vendas. Enquanto outros justificam obras de má qualidade, por terem um objetivo nobre: ajudar obras de assistência social. Os meios não justificam os fins."

    quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

    SOB A DEVASSIDÃO DAS DROGAS, É IMPERIOSO FORÇA DE VONTADE E FÉ EM DEUS


    Jorge Hessen
    http://aluznamente.com.br

     Os impulsos irresistíveis, o receio, o contentamento que surgem com cada dia sem ajoelhar-se às drogas, têm inspirado a criação de páginas virtuais pelos “escravos químicos”. Há viciados conectados a redes com dezenas de blogueiros que explanam seus dramas para inúmeras pessoas que sofrem das mesmas agruras. Os históricos gravados nos espaços cibernéticos expõem o progresso de alguns e o desfalecimento de outros. Uma súbita interrupção de comentários na página pelo criador do blog, por exemplo, é explicada como recaída ao vício.
    Abonam os especialistas que quando os dependentes químicos compartilham experiências, na web por exemplo, guardam conexão com as mesmas terapias de grupos existentes nos Narcóticos Anônimos (NA) e Alcoólicos Anônimos (AA). (1) Na verdade, há viciados portadores da ansiedade social, fobia social ou sociofobia (aversão social), razão pela qual não conseguem se expressar em grupo de autoajuda. Por isso os blogs podem amparar dependentes químicos que não conseguem dividir experiências em público. Nesses ciberespaços são comentadas as experiências e as angústias de uns e o triunfo de outros (ex-dependentes).
    Muitos blogs igualmente são construídos pelos “codependentes” (expressão empregada para mencionar parentes e familiares que passam a (con)viver em função dos viciados). Os parentes dos adictos, habitualmente adoecem. Há uma pressão psicológica muito intensa sobre a família, que sobrevive sob constrangimento. Nesse caso, expressar relatos nos blogs pode ajudá-los a desvendar que não são os únicos a passar por esse tipo de situação. Compreenderão que outras famílias convivem com dificuldades semelhadas.
    Aproveitando o importante debate sobre o desempenho dos blogs para confabulações entre os dependentes químicos, é oportuno salientar, no contexto, que é mais fácil evitar a instalação do vício do que lutar posteriormente pela sua supressão (como proferem os membros dos AA’s: não há ex-alcoólatra). A questão assenta raízes profundas na sociedade, animando medidas curadoras e profiláticas nos círculos religiosos, médicos, psicológicos e psiquiátricos, necessitando de imperiosa assistência de todos os segmentos sociais para (talvez) minimizar seus efeitos calamitosos. Assim, faz-se cogente assentar a questão da dependência química (principalmente a alcoofilia) no foco dos debates públicos. Até porque o problema da consumação das drogas lícitas e/ou ilícitas precisa ser atacado sem trégua, a fim de que sejam encontradas soluções para a complexa epidemia da químio-dependência.
    Óbvio que é importante a utilização de um espaço virtual para desabafos sobre as aflitivas lutas contra o vício. Por falar em terapêuticas, existem várias maneiras paralelas de ajuda aos que dependem da droga: tratamento médico, terapias cognitivas e comportamentais, psicoterapias, grupos de autoajuda (Alcoólicos Anônimos, Narcóticos Anônimos etc.). Na opinião dos especialistas da área, o tratamento do dependente de drogas não requer internação, na grande maioria dos casos, pois as respostas não têm sido favoráveis a que eles apresentem melhora nessas condições de isolamento, distantes do convívio familiar. Muito pelo contrário, constatam a ineficiência do tratamento nessas condições, com um significativo aumento do consumo a que os dependentes se lançam após saírem da clínica.
    Para todo dependente químico existe um tratamento específico. Quando a dependência é única e exclusivamente física, esta é anunciada nas crises de abstinência com reações de menor expressão, e a cura é relativamente fácil. Porém, quando a dependência é psicológica, as reações são bem mais agressivas e a cura requer muito mais tempo. Daí a necessidade da compaixão, da renúncia e do irrestrito afeto familiar.
    Apresentando ao tema uma abordagem espírita, compreendemos que muitos que desencarnam sob o guante da dependência química permanecem presos ao vício nas deprimidas regiões do além-tumba. Normalmente tais infelizes seres acoplam-se aos seus afins (os usuários de drogas encarnados), imantando-se aos seus perispíritos a fim de sugar as emanações perniciosas derivadas do consumo das drogas.
    As energias deletérias dos viciados do além podem, em longo prazo, causar nos viciados encarnados distúrbios orgânicos graves, tais como: câncer de pulmão, problemas no fígado, no aparelho circulatório, no sangue, no sistema respiratório, no cérebro e nas células, principalmente as neuronais (2), devido ao enfraquecimento dos centros vitais do viciado, ainda encarnado. Portanto, os efeitos destruidores dessa subjugação são tão intensos que extrapolam os limites do organismo físico da vítima de “cá”, alcançando e danificando substancialmente o equilíbrio e a própria funcionalidade do seu perispírito.
    Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec indagou à Espiritualidade se o homem poderia, pelos seus próprios esforços, vencer suas inclinações más. Os Espíritos, de maneira objetiva, responderam afirmativamente, esclarecendo que “o que falta nos homens [sobretudo os dependentes químicos] é a força de vontade e a legítima fé em Deus.”(3)
    Pelo exposto, sugerimos a todos os sobrepujados pelos vícios (de “cá” e do “além”) o estudo e o exercício do bem, tendo como roteiro os códigos do Evangelho de Jesus. Rememoremos que Ele mesmo disse: “vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (4)



    Referencias bibliográficas:

    1    Disponível em http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/em-blogs-viciados-em-drogas-relatam-hist%C3%B3rias-e-medos, acessado em 19/02/2013.
    2    Os neurônios guardam relação íntima com o perispírito, segundo André Luiz em "Mecanismos da Mediunidade”.
    3•    Kardec Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1977.
    4    Mateus 11:28-30

    segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

    COGITAÇÃO ESPÍRITA A PROPÓSITO DA MEMÓRIA



    Jorge Hessen
    http://jorgehessen.net

    Permanecer sem comer um ou dois dias por semana pode resguardar o cérebro contra doenças degenerativas como mal de Parkinson ou de Alzheimer, segundo estudo efetivado pelo National Institute on Ageing (NIA), em Baltimore, nos Estados Unidos. Para Mark Mattson, líder do laboratório de neurociências do NIA, “reduzir o consumo de calorias poderia ajudar o cérebro, mas fazer isso simplesmente diminuindo o consumo de alimentos pode não ser a mais perfeita maneira de ativar a memória. É melhor alternar períodos de jejum, em que não se ingere praticamente nada, com períodos em que se come o quanto quiser.” (1)
    Nessa linha de pesquisa, os cientistas japoneses do Instituto Metropolitano de Ciências Médicas de Tóquio, no Japão também afiançam que “passar fome” pode ampliar a memória. Embora necessitem de mais tempo para extrair conclusões categóricas, demonstram, porém, que a “fome desejada” queima toxinas corporais, acorda um hormônio redutor da glicose no organismo e ativa uma proteína no cérebro adequada para auxiliar a memória. Declaram distintos estudiosos que durante o estágio da fome almejada (jejum) a mente fica mais desperta e as percepções aumentam a audição, a visão, o olfato; tudo fica mais fulgente. Isso pode ser um indicativo de que ocasiões de fome programada podem ser benéficas à memória e ao organismo como um todo.
    É conveniente desdobrar e comentar esses curiosos elementos para apreciação do papel desempenhado pela tal memória; ir mais adiante, a fim de levantar pontos para estudo, sem a ingênua pretensão de oferecer a palavra final nesta anotação. Afinal, o que é a memória? Para o dicionarista, memória é faculdade pela qual o espírito conserva ideias ou imagens, ou as readquire sem grande esforço.(2) Onde a sede da consciência e do pensamento? Do que são feitas as “vozes” e imagens da reminiscência? Onde enxergamos as imagens produzidas pela recordação? O que é o inconsciente e de onde brotam as lembranças antes de as termos conscientemente? O que é a mente e o que anima o corpo? São questões que o orbe academicista não dá conta de explicar.
    A mente é o espelho da vida em toda parte e o cérebro é o centro de suas sinuosidades, originando a força do pensamento que tudo move, instituindo e alterando, destruindo e recompondo para acrisolar e sublimar. “Comparemos a mente humana (espelho vivo da consciência lúcida) a um grande escritório, subdividido em diversas seções de serviço. Aí permanece o Departamento do Desejo, em que operam os propósitos e as aspirações, acalentando o estimulo ao trabalho; o Departamento da Inteligência, dilatando os patrimônios da evolução e da cultura; o Departamento da Imaginação, amealhando as riquezas do ideal e da sensibilidade; o Departamento da Memória, arquivando as súmulas da experiência, e outros ainda que definem os investimentos da alma.” (3)
    Sob o guante das teses materialistas porém, a memória somente advém dos miolos encefálicos. O que está registrado no cérebro provém dos sentidos. A percepção dos sons, imagens, odores, sabores, pressões, aflições, frio, calor, equilíbrio e todas as outras possíveis sensações, não se dão nos órgãos sensoriais, mas no cérebro, que interpreta as sensações com base em tudo que tem registrado. Atestam os academicistas que a consciência é a operação cerebral de municiar a pessoa do conhecimento de algo percebido ou processado. Para eles inexiste o tal espírito.
    Para esses defensores, o "eu" é a consciência de si próprio, isto é, uma operação exclusiva do cérebro em reconhecer-se a si mesmo e ao organismo que o contém como algo distinto do resto do mundo. Tudo isso é gravado nas conexões neuronais que formam a memória. Afirmam os catedráticos que todas as operações psíquicas, como pensar, sentir, querer, são procedidas sobre os registros da memória, que incluem não só imagens de sensações, mas também registro de operações. Tudo isso pode perfeitamente ser reproduzido em aparato artificial, capaz de ter consciência, emoções etc.
    Será que são razoáveis tais assertivas dos arautos do materialismo contemporâneo?
    Do ponto de vista espírita, “o cérebro é o dínamo que produz a energia mental, segundo a capacidade de reflexão que lhe é própria. No entanto, na vontade temos o controle que a dirige nesse ou naquele rumo, estabelecendo causas que comandam os problemas do destino. Sem ela, o desejo pode comprar ao engano aflitivos séculos de reparação e sofrimento; a inteligência pode aprisionar-se na enxovia da criminalidade; a imaginação pode gerar perigosos monstros na sombra, e a memória, não obstante fiel à sua função de registradora, conforme a destinação que a natureza lhe assinala, pode cair em deplorável relaxamento.” (4)
    Na verdade, a comunidade científica já comprovou que o pensamento, aliás, os pensamentos são correntes eletromagnéticas - eletricidade e magnetismo, portanto energia! Para aqueles que arrazoam que o pensamento ocorre dentro do cérebro - precisam aceitar que são apenas aparelhos eletromagnéticos e que os pensamentos vêm de fora e não do interior da cachola física. No arcabouço perispirítico, a memória tudo armazena, e pelo mecanismo da criptomnésia (5) são guardadas as conquistas da própria memória, conservando, provisoriamente apagadas, as lembranças de outras vidas pretéritas, por exemplo, o que não significa dizer que não se pode ter acesso a esses acervos de forma natural ou provocada.
    Mas será que verdadeiramente a reminiscência do Espírito está armazenada na contextura perispiritual? Memória é a aptidão de evocar informações guardadas em nosso “cérebro psissomático”. Mas como essas imagens ou sensações são arquivadas? Há espíritas que negam tal probabilidade, assegurando serem o corpo físico e o perispírito apenas os veículos de manifestação do espírito. Alegam que o corpo físico não pensa, não raciocina, não memoriza, e portanto a memória não está sediada no corpo físico nem no perispírito, mas reside exclusivamente no próprio espírito, pois o perispírito apenas reflete o pensamento do espírito. Contudo, avaliando que todos os espíritos possuirão para sempre um envoltório perispiritual, até mesmo os espíritos puros (que conterão um invólucro mais divinizado), a questão da sede essencial da memória ainda não estaria elucidada.
    Entendemos que os subsídios que adquirimos nas experiências de vidas pregressas, os fatos que desvendamos incorporam-se à nossa memória, cujos registros fundamentais se localizam no “cérebro perispiritual”, e, conquanto gravadas no ocaso do dito inconsciente, jazem ali, à nossa disposição. Quão mais informações tenhamos alcançado no pretérito, mais simplificado se torna decidir com êxito as circunstâncias novas, porque trazemos uma espécie de banco de dados mais amplo, contra o qual checamos comparativamente os episódios novos, as novas conjeturas, as novas experiências. É sempre mais fácil erguer sobre a fundação já solidificada.
    Como elucubramos sobre a memória, há, igualmente, por aqui, semelhanças observáveis com a informática, pois os computadores atuais não são mais do que “cérebros artificiais”, embora extremamente primitivos e limitados em comparação com o cérebro perispiritual. São simples bancos de dados que deliberam entre duas alternativas, conforme um programa preestabelecido e de acordo com o estoque de informações que têm gravado em suas memórias.(6) É evidente que não ansiamos expor que o computador seja inteligente, nem que tenha intuição, todavia é correto dizer que se aproveita de um dos atributos da inteligência humana, isto é, a memória.

    Referências:
      Disponível em http://www.helplink.com.br/noticias/?p=3193 ,  acessado em 17/02/2013
    2 Disponível em http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=achaques , acessado em 17/02/2013
    3 Disponível em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/bibliotecavirtual/chicoxavier/pensamentoevida.pdf
    4 Disponível em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/bibliotecavirtual/chicoxavier/pensamentoevida.pdf
    5 Criptomnésia sf (cripto+mnese+ia) = Memória subconsciente.
    6 Dispositivos de um computador ou sistema informático que permite o registro, a conservação e a restituição dos dados.

    domingo, 10 de fevereiro de 2013

    COMO ESTAMOS PENSANDO?




    Jorge Hessen
    http://jorgehessen.net

    Pensamento e pensar são, concomitantemente, uma configuração do artifício mental ou capacidade da codificação mental. Raciocinar consente aos seres moldarem o mundo e com isso lidar com ele de um modo concreto consoante as suas metas, planos e vontades. O pensamento é avaliado como a demonstração mais tangível do espírito humano, porquanto por meio de representações e ideias desponta precisamente a pretensão deste.
    O pensamento é fundamental no processo de aprendizagem e é o principal veículo do processo de conscientização. A atividade de pensar confere ao homem asas para sobrepor e mover-se no mundo, as raízes para aprofundar-se na realidade. Etimologicamente, pensar significa avaliar o peso de alguma coisa. Em sentido amplo, podemos dizer que o pensamento tem como missão tornar-se avaliador da "realidade". Segundo Descartes, o filósofo por excelência, "a essência do homem é pensar". Por isso proferia: "Sou uma coisa que pensa, isto é, que duvida, que afirma, que ignora muitas, que ama, que odeia, que quer e não quer, que também imagina e que sente. Logo quem pensa é consciente de sua existência, "penso, logo existo."(1)
    Filosoficamente, observemos que há a realidade que depende da existência de um observador e a realidade que independe do observador para existir. Elementos como átomos, força, gravidade, fotossíntese, são exemplos do que existe independentemente do observador - é a realidade natural. Em contrapartida, dinheiro, propriedade e governo são exemplos que dependem de nós para existir - é a realidade social, cultural, existencial. O peso que as idéias ou palavras exercem sobre nossas ações, sobre nossos estados emocionais, sobre a construção de nossas vidas, quase sempre é imenso.
    Segundo os Benfeitores, o pensamento atua à feição de onda, com velocidade muito superior à da luz, e a mente é o dínamo gerador de força criativa. Sendo matéria, a onda mental é formada por corpúsculos (partículas mentais), a se anunciarem como ondas e formas mentais. Em situações extraordinárias da mente, excitação dos micro-núcleos atômicos mentais, quais sejam, as emoções profundas, as dores indivisíveis, as laboriosas e aturadas concentrações de força mental ou as súplicas aflitivas, o domínio dos pensamentos emite raios muito curtos, teoricamente semelhantes aos que se aproximam dos raios gama.
    Decididamente, muito de nossas ações só acontece porque pensamos algo, desejamos algo, acreditamos em algo, tememos algo, ou seja, há um estado subjetivo que provoca um tipo de movimentação no mundo concreto. Se isso é fato - e é difícil, empiricamente, duvidar desse fato - então, a interferência do que pensamos sobre o que vivemos é muito maior do que habitualmente imaginamos. Dessa forma, o dito popular "cuidado com o que você pensa", possui um sentido muito mais amplo. A rigor, nossos pensamentos interferem e determinam nossas ações, nossos posicionamentos, e o mundo em que vivemos se constitui a partir da interferência dessas nossas ações sobre ele.
    Temos então pensamentos que geram ações, que geram pensamentos, que geram ações. Ações que geram o mundo, que gera ações. O pensamento do outro que constitui o meu pensamento, que constitui o pensamento do outro. Quais os limites, as linhas divisórias entre esses elementos? Creio não ser possível estabelecer esses limites, ou seja, quando um elemento termina e o outro começa. Não há fronteiras, territórios específicos do pensar, do agir, do eu, do outro. A constatação da fluidez de nosso pensar e, consequentemente, de nossas ações, enfim, daquilo que somos, talvez permita uma melhor compreensão de como viver em um mundo onde não haja uma única possibilidade, mas todas as possibilidades, ou seja, onde tudo seja possível.
    Sob o ponto de vista espírita, nosso espírito residirá onde projetarmos nossos pensamentos, alicerces vivos do bem e do mal. Os pensamentos negativos corrompem os fluidos espirituais, como os miasmas deletérios corrompem o ar respirável, ou seja, o otimismo é expansão da luz e o pessimismo é condensação da sombra. Os fluidos que envolvem os Espíritos obsessores, ou que estes projetam, são viciados, variando de acordo com o grau de imperfeição de cada um, ao passo que os que envolvem os Benfeitores espirituais, ou que eles emitem, são puros, tanto quanto comporta o grau de perfeição moral que tenham conquistado.
    Outro aspecto a considerar é que tanto os bons pensamentos quanto os maus, emitidos por um ser encarnado, afetam, consideravelmente, as mentes de irmãos, também encarnados, em faixas mentais equivalentes. É imprescindível compreender que, depois da morte do corpo físico, prosseguimos desenvolvendo os pensamentos que cultivávamos na experiência carnal. O pensamento age e reage, carreando para o emissor tudo que o sustenta, como também tudo que arremessa a quem pretenda atingir. Determina para cada criatura os estados psíquicos que variam segundo os tipos de emoção e conduta a que se afeiçoe.
    O sentimento de amor cristão pode impulsionar o correto pensamento, sem os quais adoecemos pela insuficiência de equilíbrio íntimo, imprimindo no corpo físico as distonias e as variadas patologias que lhe são consequentes. Para termos saúde, é importante saber como estamos pensando. Os pensamentos negativos operam em nosso estado íntimo determinada perturbação, instaurando desarmonias de grandes proporções nos centros da alma e provocando lesões funcionais variadas. Quaisquer doenças aparecem como efeitos, residindo a causa no desequilíbrio dos espelhos da vida íntima, uma vez que os sintomas mentais depressivos influenciam as células fisiológicas.
    Recordemos que os efeitos dos anseios e pensamentos indignos que mantemos se tornam contra nós mesmos, depois de decompostos em ondas mentais, tumultuando nossas funções neurológicas, e esses reflexos imprudentes, alastrando-se sobre a contextura do córtex cerebral, gestam delírios que podem transformar do medo evidente ao estado neurótico, circunstância em que os obsessores nos alcançam com alvitres destruidores, diretos ou indiretos, transportando-nos a lamentáveis fenômenos de desgoverno psicológico e emocional. Não olvidemos jamais que exclusivamente o amor cristão pode estimular o adequado pensamento e nos fazer alforriados das amarguras sorrateiras. Sem o amor exercitado, adoecemos, espiritualmente, pela carência de equilíbrio íntimo, transmitindo ao corpo físico as distonias e as variadas patologias que lhe são consequentes. Por isso, necessitamos ter muito cuidado com o quê, como, onde e por que pensamos desse ou daquele modo.

    Referência:
    (1)    Disponível em http://blogeducavirtual.wordpress.com/2012/07/13/penso-logo-existo/ aceso em 09/02/2013

    sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

    FALEMOS DE CARNAVAL



    Jorge Hessen
    http://jorgehessen.net


    Raciocinemos sobre o tal Carnaval, um termo oriundo de uma festa romana e egípcia em homenagem ao Deus Saturno, quando carros alegóricos (a cavalo) desfilavam com homens e mulheres. Eram os carrum navalis, daí a origem da palavra “carnaval”. Há quem interprete a palavra conforme as primeiras sílabas das palavras da frase: carne nada vale. Como festa popular, poderia ser um acontecimento cultural plausível, não fossem os excessos cometidos em nome da alegria.
    Nesses períodos os carnavalescos alucinados surgem de todos os (re)cantos para caça da contraversão da ética. Para muitos são longas as estações de dias e noites para as preparações do delírio insano dos três dias de fantasias. Vários incautos esfolam as finanças familiares para experimentar o encanto efêmero de curtir dias de completa paranoia. Adolescentes e marmanjos se abandonam nas arapucas pegajosas das drogas lícitas e ílícitas. Não compreendem que bandos de malfeitores do além (obsessores) igualmente colonizam as avenidas das escolas de samba num lúgubre show de bizarrices. Celerados das escuridões espirituais se acoplam aos bobalhões fantasiados pelos condutores invisíveis do pensamento, em face dos entulhos concupiscentes que trazem no mundo íntimo.
    Sobrevém uma permuta vibratória em todos e em tudo. Os espíritos das brumas umbralinas se conectam aos escravos de momo descuidados, desvirtuando-os a devassidões deprimentes e jeitos grotescos de deploráveis implicações morais. Tramas tétricas são armadas no além-tumba e levadas a efeito nessas oportunidades em que momo impera dominador sobre as pessoas que se consentem despenhar na festa medonha.
    Enquanto olhos embaciados dos foliões abrangem o fulgor dos refletores e das fantasias brilhantes (inspirações ridículas impostas pelos malfeitores habitantes das províncias lamacentas do além túmulo), nas avenidas onde percorrem carros alegóricos (que, pasmem! já até transportou a efígie do Chico Xavier sob aplausos de omissos líderes espíritas), a visão dos espíritos observa o recinto espiritual envolto em carregadas e sombrias nuvens cunhadas pelas oscilações de baixo teor mental.
    Os três dias de folia, assim, poderão se transformar em três séculos de penosas reparações. É bom pensarmos um pouco nisso: o que o carnaval traz ao nosso Espírito? Alegria? Divertimento? Cultura? É de se perguntar: será que vale a pena pagar preço tão elevado por uns dias de desvario grupal?
    Quando se pretende alcançar essa alegria, através do prazer desregrado e dos excessos de toda ordem, o resultado é a insatisfação íntima, o vazio interior provocado pelo desequilíbrio moral e espiritual. Portanto, não fossem os exageros, o Carnaval, como festa de integração sócio-racial, poderia se tornar um acontecimento compreensível, até porque não admitir isso é incorrer em erro de intolerância. Porém, para os espíritas merece reflexão a advertência de André Luiz: “Afastar-se de festas lamentáveis, como aquelas que assinalam a passagem do carnaval, inclusive as que se destaquem pelos excessos de gula, desregramento ou manifestações exteriores espetaculares. A verdadeira alegria não foge da temperança.” (1)
    A efervescência momesca é episódio que satura, em si, a carga da barbárie e do primitivismo que ainda reina entre nós, os encarnados, distinguidos pelas paixões do prazer violento. Costuma ser chamado de folia, que vem do francês folle, que significa loucura ou extravagância. Nos dias conturbados de hoje, sabe-se que “(…) de cada dez casais que caem juntos na folia, sete terminam a noite brigados (cenas de ciúme etc); que, desses mesmos dez casais, posteriormente, seis se transformam em adultério, cabendo uma média de três para os homens e três para as mulheres (por exemplo); que, de cada dez pessoas (homens e mulheres) no carnaval, pelo menos sete se submetem espontaneamente a coisas que normalmente abominam no seu dia a dia, como álcool, entorpecente etc. Dizem, ainda, que tudo isso decorre do êxtase atingido na Grande Festa, quando o símbolo da liberdade, da igualdade, mas, também, da orgia e depravação, somadas ao abuso do álcool, levam as pessoas a se comportarem fora do seu normal (…)” (2)
    O Espírito Emmanuel adverte: “Ao lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mães aflitas e sofredoras. (…) Enquanto há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de necessidades e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem.”(3)
    Como proferi supra, nesse panorama, os obsessores “influenciam os incautos que se deixam arrastar pelas paixões de Momo, impelindo-os a excessos lamentáveis, comuns por essa época do ano, e através dos quais eles próprios, os Espíritos, se locupletam de todos os gozos e desmandos materiais, valendo-se, para tanto, das vibrações viciadas e contaminadas de impurezas dos mesmos adeptos de Momo, aos quais se agarram.” (4)
    Portanto, além da companhia de encarnados, vincula-se a nós uma inumerável legião de seres invisíveis, recebendo deles boas e más influências a depender da faixa de sintonia em que nos encontremos. As tendências ao transtorno comportamental de cada um, e a correspondente impotência ou apatia em vencê-las, são qual imã que atrai os espíritos desequilibrados e fomentadores do descaso à dignidade humana, que, em suma, não existiriam se vivêssemos no firme propósito de educar as paixões instintivas que nos animalizam.
    Será racional fechar as portas dos centros espíritas nos dias de Carnaval, ou mudar o procedimento das reuniões? Existem alguns centros que fecham suas portas nos feriados do carnaval por vários motivos não razoáveis. Repensemos: uma pessoa com necessidades imediatas de atendimento fraterno, ou dos recursos espirituais urgentes em caso de obsessão, seria fraterno fazê-la esperar para ser atendida após as “cinzas”, uma vez ocorrendo essa infelicidade em dia de feriado momesco?
    Os foliões crônicos declaram que o carnaval é um extravasador de tensões, “liberando as energias”… Entretanto, no carnaval não são serenadas as taxas de agressividade e as neuroses. O que se observa é um somatório da bestialidade urbana e de desventura doméstica. Aparecem após os funestos três dias as gravidezes indesejadas e a consequente proliferação de assassinatos de intrusos bebês nos ventres, incidem acidentes automobilísticos, ampliação da criminalidade, estupros, suicídios, aumento do consumo de várias substâncias estupefacientes e de alcoólicos, assim como o aparecimento de novos viciados, dispersão das moléstias sexualmente transmissíveis (inclusive a AIDS) e as chagas morais, assinalando, densamente, certas almas desavisadas e imprevidentes.
    O carnaval edifica o nosso Espírito? Muitos espíritas, ingenuamente, julgam que a participação nas festas de Carnaval, tão do agrado dos brasileiros, nenhum mal acarreta à nossa integridade fisiopsicoespiritual. No entanto, por detrás da aparente alegria e transitória felicidade, revela-se o verdadeiro atraso espiritual em que ainda vivemos pela explosão de animalidade que ainda impera em nosso ser. É importante lembrá-los de que há muitas outras formas de diversão, recreação ou entretenimento disponíveis ao homem contemporâneo, alguns verdadeiros meios de alegria salutar e aprimoramento (individual e coletivo), para nossa escolha.
    Não vemos, por fim, outro caminho que não seja o da “abstinência sincera dos folguedos”, do controle das sensações e dos instintos, da canalização das energias, empregando o tempo de feriado do carnaval para a descoberta de si mesmo; o entrosamento com os familiares, o aprendizado através de livros e filmes instrutivos ou pela frequência a reuniões espíritas, eventos educacionais, culturais ou mesmo o descanso, já que o ritmo frenético do dia a dia exige, cada vez mais, preparo e estrutura físico-psicológica para os embates pela sobrevivência.
    Somente poderemos garantir a vitória do Espírito sobre a matéria se fortalecermos a nossa fé, renovando-nos mentalmente, praticando o bem nos moldes dos códigos evangélicos, propostos por Jesus Cristo.


    Referências bibliográficas:

    (1)       Vieira, Waldo. Conduta Espírita, ditado pelo Espirito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001, cap.37 “Perante As Fórmulas Sociais”
    (2)       São José Carlos Augusto. Carnaval: Grande Festa…De enganos! , Artigo publicado na Revista Reformador/FEB-Fev 1983
    (3)       Xavier , Francisco Cândido. Sobre o Carnaval, mensagem ditada pelo Espírito Emmanuel, fonte: Revista Reformador, Publicação da FEB fevereiro/1987
    (4)       Pereira, Ivone. Devassando o Invisível, Rio de Janeiro: cap. V, edição da FEB, 1998

    quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

    PERANTE OS EX-PRESOS, COMO ACOLHÊ-LOS NA SOCIEDADE?

     
    Jorge Hessen
    http://jorgehessen.net
     
     Após o cumprimento da sentença, como deve ser a ressocialização dos ex-detentos que perpetraram crimes rumorosos? Carece ser diferente do que foi com os demais ex-presidiários? Os algozes de Daniela Perez e os homicidas do índio Galdino, hoje em liberdade, têm condições de coexistir com a sociedade? Como devemos conviver com tais pessoas? Fazem jus a uma nova chance? Sabemos que arrasaram famílias. Não é difícil arrazoar quando as vítimas não são nossos parentes.
    Mas, reflitamos, já cumpriram suas penas, portanto, elas têm o direito de viver a vida, já que pagaram pelo que fizeram. Sim! O débito com a justiça foi liquidado, e sabemos que é uma dívida que não se mensura visando a paz de consciência. É uma dor moral que carregam nos escrínios da  consciência que não se interrompe.
    Muitos afirmam que a Lei Penal brasileira é pusilânime, mas é a Lei; eles cumpriram pena e têm o direito de ter suas vidas recompostas. O desígnio da lei não é punir puramente, entretanto igualmente possibilitar a recuperação do indivíduo. Para OS especialistas do assunto, a pena é uma resposta punitiva estatal contra um determinado crime e deve ser proporcional à extensão do dano, jamais poderá violar a dignidade humana, pois estaria reparando um erro com outro erro.
    É mais do que sabido que a punição por si só não muda o comportamento transgressor do ser humano socialmente opresso, é preciso reeducá-lo para que possa compreender a importância da liberdade. A ausência de políticas públicas com objetivo de reintegrar o preso à sociedade inviabiliza qualquer possibilidade de reabilitação quando este torna-se egresso do sistema prisional.
    A própria condição de ex-presidiário impregna em si o peso da sociabilidade carcerária e, por conseguinte, afeta a reconstrução de dados básicos da vida cotidiana, tais como as inclusões formais de trabalho, de lazer, de família. A dificuldade de ressocialização é um problema enfrentado por todo ex-detento. Independentemente do crime cometido, ao ter a liberdade garantida, o ex-preso esbarra no preconceito de uma sociedade que não está preparada para recebê-lo. No Brasil o egresso do sistema prisional é um eterno condenado, carrega um rótulo estigmatizado de ex-presidiário, sofre a aversão da sociedade e porta cédulas de identidade com a desonra de ex-detento.
    Todos os seres humanos que erraram devem ter oportunidade de recompor-se. Para tanto, a sociedade e o governo lhes devem condições dignas. Até mesmo os presos tidos por “irrecuperáveis” foram e são vítimas do sistema. A sociedade precisa ser transformada. Esse conjunto de fatores dificulta uma necessária, providencial e humanitária reinserção do detento no mercado de trabalho, e consequentemente ao convívio social.
    Outra coisa a ser cogitada é que o preconceito contra o ex-detento precipita o seu revide no crime – a rejeição entre os seus inviabiliza qualquer ensaio de reintegração ou tentativa de transformação, podendo ainda torná-lo mais violento. Esse procedimento é um espelho do próprio impulso de defesa humana. Por isso, é preciso apoio familiar, ativação dos bons valores e um pouco de tolerância para que o ex-encarcerado possa sobrepujar os traumas do drama penitenciário. Estima-se que (21%) dos brasileiros não gostariam de encontrar ou ver os ex-presidiários. Os ex-detentos despertam repulsa ou ódio em (5%) dos brasileiros, antipatia em (16%) e recebem a indiferença de (56%) dos entrevistados. O levantamento foi realizado em 2.014 domicílios, de 150 municípios de pequeno, médio e grande porte, em todas as regiões do País e com pessoas maiores de 16 anos.(1)
    Sem oportunidade no mercado de trabalho, o ex-presidiário perde opções de subsistência e enxerga no crime uma das poucas alternativas para continuar se mantendo. O preconceito da sociedade contra as pessoas que cometeram delitos acaba estimulando a criminalidade.
    Os Benfeitores Espirituais nos instruem que devemos “amar os criminosos como criaturas que são, de Deus, às quais o perdão e a misericórdia serão concedidos, se se arrependerem, como também a nós, pelas faltas que cometemos contra sua Lei.”.(2) Muitas vezes somos “mais repreensíveis, mais culpados do que aqueles a quem negamos perdão e comiseração, pois, as mais das vezes, eles não conhecem Deus como O conhecemos, e muito menos lhes será pedido do que a nós.”(3)
    Por várias razões, não podemos julgar nenhuma pessoa, porquanto “o juízo que proferirmos ainda mais severamente nos será aplicado e precisamos de indulgência para as iniquidades em que sem cessar incorremos. Não podemos ignorar que há muitas ações que são crimes ante os ditames da Lei de Deus e que o mundo nem sequer como faltas leves considera.”.(4)
    Em suma, diante dos criminosos devemos “observar o nosso modelo: Jesus. Que diria Ele, se visse junto de si um desses desgraçados? Lamentá-lo-ia; considerá-lo-ia um doente bem digno de piedade; estender-lhe-ia a mão. Em realidade, se não podemos fazer o mesmo, podemos pelo menos orar pelos criminosos. Podem eles ser tocados de arrependimento, se orarmos com fé."(5)
     
    Referências bibliográficas:
    (1)           Disponível em http://www.fpabramo.org.br/search/node/INDIFEREN%C3%87A%20EM%2056 acesso em 06/02/13
    (2)           Kardec, Allan . O Evangelho Segundo O  Espiritismo. Cap. XI “Amar o próximo como a si mesmo - Caridade para com os criminosos”, RJ: Ed FEB, 1990
    (3)           idem
    (4)           idem
    (5)           idem