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  • quarta-feira, 29 de maio de 2013

    AVALIAÇÃO ESPÍRITA SOBRE O MATRIMÔNIO


     Jorge Hessen
    http://aluznamente.com.br


    Recente estudo publicado no Journal of Research in Personality afirma que a vida de casado pode não ser muito boa, contudo  permanecer solteiro tende a ser pior. Stevie Yap, da Universidade Estadual de Michigan, coordenador da pesquisa, expõe que as pessoas que se casam acercam-se da “felicidade” nos primeiros anos da experiência matrimonial, porém, com o advir dos anos, essa “felicidade” arrefece um pouco. O estudo sinaliza que o casamento não torna necessariamente a pessoa mais feliz, comparando com a vida de solteiro, porém resguarda a “felicidade” conquistada na vida a dois.
    O casamento, “de acordo com as leis naturais, proporciona o avanço social”. (1) Há, segundo Stevie, “um vínculo de longo prazo entre o casamento e a felicidade, isso equivale afirmar que o casamento é bom e faz muito bem”. (2) Por outro lado, compreendemos que, se há casamentos edificados pelos laços espirituais, existem consórcios sedimentados tão somente sob os liames materiais. Obviamente, “as famílias vinculadas espiritualmente são mais felizes se fortalecem pelo burilamento e se perpetuam no além-túmulo; mas, as famílias tecidas apenas pelas junções físicas são frágeis e se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissipam moralmente, já na existência atual”. (3)
    Vivemos hoje a era do alheamento, do estar solitário e das uniões descartáveis, e isso tem provocado a desestrutura familiar. Estamos sob o jugo da alienação em massa. Nessa conjuntura as pessoas permanecem ausentes aos fatos modernos que as cercam; são tolhidas emocionalmente de maior concentração ou sensibilidade social; creem ser desnecessário qualquer tipo de exercício mental ou espiritual; regozijam-se em direcionar todos os esforços de suas vidas ao lazer, prazer e entretenimento. Convivem ou sobrevivem da substituição do Ser pelo Ter. A necessidade de espiritualização é sobrepujada pelo vício em diversão. Os entretenimentos giram quase sempre em torno de erotismos, violência e banalidades.
    Em razão desse cenário, paira grande ameaça sobre a estabilidade familiar, e quando a família é ameaçada, por qualquer razão, a sociedade perde a direção da paz. A dialética materialista, os hodiernos conceitos e promoções sensualistas, têm investido contra a organização familiar, dilacerando o matrimônio (monogamia) e sugerindo o amor livre (poligamia promíscua).
    Há os que veem no cônjuge um verdadeiro teste de paciência, pois os seus santos não se cruzam. Sob o cometimento das aparências alguns casais que acreditavam amarem-se loucamente, quando são obrigados a viver com as pessoas “amadas”, não tardam a reconhecer que isso não era senão um “amor” físico e fugaz.
    Quando os valores cristãos perdem significado, aguçamos o egoísmo e esfacelamos a felicidade. Muitos casamentos podem ser classificados de “acidentais” - por efeito de atração momentânea, precipitada e sem qualquer ascendente espiritual; ou casamentos “provacionais”, isto é, reencontro de almas para reajustes; Matrimônios “sacrificiais”, quando há união de espíritos iluminados com seres moralmente primitivos, com o objetivo de redimi-las; Existem os casórios “afins”, onde há encontros de almas amigas e, embora raríssimos, existem os casamentos “transcendentes”, quando há o reencontro de almas que se buscam para realizações eternas.
    Mas a maioria esmagadora de casais na Terra é composta de forçados sob algemas. No casamento, quando um dos consortes ruma para a relação extraconjugal, a tarefa é de batalha e prantos intensos; entretanto, ainda assim, no sacrifício sentimental, a pessoa traída cresce e se ilumina. Obviamente, os infiéis não escaparão das situações infelizes dos endividamentos sentimentais rebaixados de maneira injusta, que invariavelmente resgatarão em momento inevitável, parcela a parcela, pelo dispositivo dos princípios de causa e efeito.
    O processo de educação do Ser para a Divindade tem sua base na Lei da Reencarnação e no trabalho incessante”. (4) Há uniões que, no início, parecem não dever jamais ser simpáticas, e quando um e outro se conhecem bem e se estudam bem, acabam por se amar com um amor terno e durável, porque repousa sobre a afinidade moral! Em verdade, é o Espírito que ama e não o corpo, e, quando a ilusão material se dissipa, o Espírito vê a realidade. Seria admissível casais que se conheceram e se amaram no passado (re)encontrarem-se noutra existência corporal e reconhecerem-se?
    Garantem os Benfeitores que não! Mas podem sentir-se atraídas. E, “frequentemente, diversa não é a causa de íntimas ligações fundadas em sincera afeição. Dois seres se aproximam devido a circunstâncias aparentemente fortuitas, mas que na realidade resultam da atração de dois Espíritos, que se buscam reciprocamente por entre a multidão.". (5)
    Enfim, no casamento temos a base dos reflexos aprazíveis ou aborrecíveis que o passado nos restitui. E não é demais lembrar que o matrimônio não existe para a exaltação egoística da parentela humana, mas para ser uma instituição abençoada onde, quase sempre, demanda-se a renúncia e o sacrifício de uma existência inteira.

    Referências bibliográficas:
    (1)    Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro, Ed. FEB 2000, perg 695
    (2)    Disponível no portal http://revistaplaneta.terra.com.br/secao/comportamento/casamento-bom acessado em 25/05/2013
    (3)    Kardec, Allan. O Evangelhop Segundo o Espiritismo,  Cap. XIV - Item 8, Rio de Janeiro: Ed. FEB 2000
    (4)    Xavier, Francisco Cândido. Voltei, ditado pelo espírito "Irmão Jacob" (pseudônimo de Frederico Figner), Rio de Janeiro, 1a. edição, Conceitos de uma cartilha preparatória pag 102  ed. FEB, 1949
    (5)    Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro, Ed. FEB 2000, perg 386

    segunda-feira, 20 de maio de 2013

    JESUS É O CARDÁPIO DE VIRTUDES PARA TODOS OS ESPÍRITAS



    Jorge Hessen
    http://aluznamente.com.br

    Propaga-se colericamente nos meios de comunicação, mormente na Internet, e temos recebido diariamente mensagens  enfurecidas de condenações contra Chico Xavier, Divaldo Franco, Emmanuel, André Luiz, Joanna de Angelis,  FEB. Evoca-se com “tosse comprida” o imperativo do CUEE – Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos. Tais iracundos juízes (maníacos antirrustenistas, antifebianos) impugnam a legitimidade dos temas abordados por Emmanuel, André Luiz, Joana de Angelis e outros tendo em vista as suas mensagens serem advindas de um único médium. Pasmem!  Os “cautelosos espíritas” vociferam citações do tipo, “não acolhemos nada fora da Codificação”. Hasteiam a flâmula de “Phd’s” do espiritismo (com minúsculas mesmo!), ou seja: certamente “kardequeologistas” com pós-graduação nas universidades das regiões subcrostais ou submundo do além.
    Ora, que alcance teriam os ditados de André Luiz, Joanna de Angelis ou Emmanuel, com suas revelações, se elas fossem contraditadas, tanto pelos Benfeitores, quanto pela liderança espírita mundial? O bom senso nos convida a raciocinar o seguinte:  se um Espírito assegura um conceito de um lado, enquanto milhões de pessoas dizem o contrário algures, a presunção da verdade não pode estar com aquele  (encarnado ou desencarnado), cuja opinião é única, contrariando as demais. Isso é elementar, meu caro Watson! Como diria Sherlock Holmes(1).
    Todas as pretensões isoladas cairão pela força das coisas, ante o grande e poderoso criterium de controle universal. Ora, pretender ser o único a ter razão, contra todos, seria tão ilógico advindo de um Espírito, quanto da parte de um encarnado, o que não é o caso em discussão, ou seja, não sucede rejeição na Terra das obras do Chico Xavier ou do Divaldo. Em verdade as mensagens de André Luiz, Emmanuel, Joanna não caíram e nunca desmoronarão ante o movimento espírita mundial.
    No auge do desvario, recriam o Controle Universal dos Espíritos e, para tais diplomados, essa é a única forma de se aceitar, com boa margem de segurança, os ensinamentos provenientes, sobretudo, das obras de Chico Xavier. (!?) Por que essa prevenção contra o “Maior Brasileiro da História”?
    Recheiam suas fanfarrices dizendo que apesar de o Espiritismo ter sido introduzido no país por membros da “aristocracia dominante”, no século XIX, houve, desde o início, forte junção da Doutrina com as religiões, principalmente, a umbanda e o catolicismo. Para os pós-graduados das cerrações, tanto os livros psicografados pelo Chico Xavier, quanto os do Divaldo Franco oferecem mensagens que nada adicionam e, até, contradizem o Espiritismo.  Empapados de fértil imaginação e reduzidos de raciocínio, dizem que todo o processo mediúnico do extraordinário médium mineiro foi plasmado por um “misticismo” católico, que, imediatamente, os diretores da Federação Espírita Brasileira (FEB) aproveitaram. Com tal misticismo, vislumbraram um meio de divulgar um Espiritismo que fosse aceito pela sociedade brasileira que, então, era católica em sua esmagadora maioria.
    O que está escamoteado, sob essa necrotizante altercação, é, nada mais, nada menos, o aspecto , digamos, “religioso” do Espiritismo coordenado pela FEB e tonificado pelo “Mineiro do Século”  na sua prática mediúnica. Tais  vítimas da obsessão carecem decididamente entender que a concepção do Espiritismo como um convite à prática do Evangelho é , no mínimo, abarcar o Espiritismo na sua mais evidente missão.
    A frequência com que tal discussão tem acontecido, no âmbito do movimento espírita, é azucrinante e  cansativa , estéril e alienante. Para os  tantãs, a postura religiosa , Xavieriana, tem um estilo cerceador sobre o desenvolvimento do Espiritismo, enquanto filosofia.(!?) Meus Deus! Quanto pitiatismo!
    Tais “progressistas” regurgitam que é urgente fugir do “Jesus Católico”, do religiosismo, do igrejismo enraizados nos centros espíritas. É preciso transformá-los em academias de kardequilogistas diplomados. Oh! Irrisão!
    É necessário que o visgo da insensatez desgrude da mente desses progressistas de coisa nenhuma e recordá-los que o Espiritismo sem Jesus pode alcançar as mais extravagantes expressões acadêmicas, porém não passará de atividade fadada a decompor-se, desintegrar-se, como todas as usurpações filosóficas da Terra. Engulam ou não, Jesus Cristo é o magnífico cardápio de virtudes para todos os espíritas. Nada se compara ao excelso amor que o Cristo dispensa à Humanidade. Não temos parâmetros para ajuizarmos a Sua ingente autoridade para a Terceira Revelação, até porque a Sua transcendente culminância se perde na tenebrosa neblina indevassável dos bilhões de anos de Seu labor.
    Jorge Hessen
    http://aluznamente.com.br
    Nota:
    (1)          Personagem de ficção da literatura britânica criado pelo médico e escritor Sir Arthur Conan Doyle

    A EDUCAÇÃO ESPÍRITA CONSTITUI-SE A BASE PARA A CRIANÇA SAUDÁVEL


    Jorge Hessen
    http://aluznamente.com.br/palestra-a-familia-e-a-educacao-espirita-com-jorge-hessen/
     
    Isabella Barrett, uma criança de apenas 6 anos, é estrela de concursos de beleza mirim transmitido pelo canal Discovery Home & Health, no programa Toddlers & Tiaras.
    O evento é transmitido com o título “Pequenas Misses”. Pasmem! Concursos de beleza de crianças são populares nos Estados Unidos porque têm clientela. Entendemos que os pais que inscrevem suas filhas para tais concursos certamente transportam frustrações íntimas e transferem para os rebentos a pretensão íntima de desfilarem nas passarelas. São pais que insistem em viver no mundo da fantasia e dos contos de fadas.
    Recentemente assisti a um documentário assombroso, noticiando sobre a adolescência e a juventude dessas “ex-misses mirins”. Muitas delas foram forçadas pelos pais a participar desses concursos peculiares. Registra o documentário que a maioria dessas crianças se transforma em pessoas com dramas psiquiátricos profundos, e algumas mergulham nos subterrâneos das drogas e do meretrício. No epílogo do programa, ficamos sabendo que ao início dos problemas pessoais dessas crianças, na fase pré-adolescente, a maioria dos pais abandona as filhas ao “deus-dará”, na vida mundana.
    Assunto corretado, escrevemos há dois anos sobre Thylane Lena Rose Blondeau, uma menina de 10 anos de idade, que fez uma produção fotográfica para a revista Vogue Paris, erguendo polêmica devido à roupa ousada, maquiagem e poses provocantes. O ensaio fotográfico causou indignação em pessoas ligadas a ONGs de proteção à criança. De acordo com a organização “Concerned Women for America”, os pais da criança devem ser responsabilizados por ter permitido à criança realizar aquele trabalho. (1)
    Percebemos claramente a exploração infantil e temos convicção de que os pais deviam ser processados criminalmente. Infelizmente, o mundo ingênuo da criança vem sendo explorado pela fúria predadora da sensualidade desorientada, envilecendo a inocência e dignidade infantis. Como se não bastasse “o caso Thylane”, há outras situações polêmicas na contenda, a exemplo dos cursos de pole dancing (2) para crianças, na cidade do México, e dança “funk carioca”, no estado do Rio de Janeiro. Muitas meninas (crianças e adolescentes) têm aderido ao “sexting” (3), postando fotos sensuais na internet. São meninas e meninos que exploram os espaços virtuais nos sites de relacionamento.
    Cada vez mais cedo, e com maior magnitude, as excitações da criança e do adolescente germinam adicionadas pelos diversos e desencontrados apelos das revistas libertinas, da mídia eletrônica, das drogas, do consumismo impulsivo, do mau gosto comportamental, da banalidade exibida e outras tantas extravagâncias, como espelhos claros de pais que vivem alucinados, estancados e desatualizados, enjaulados em seus quefazeres diários e que jamais podem demorar-se à frente da educação dos próprios filhos.
    A questão do desvio da criança de seu mundo de fantasias é tão grave que na Grã-Bretanha muitos pais estão impondo aos filhos, alguns dos quais com apenas quatro anos de idade, lutar boxe tailandês. A materialidade dessa aberração está em documentário produzido por canal de televisão britânico, mostrando o circuito das lutas organizadas, em que os inscritos para esse fim são crianças com idade a partir de quatro anos (inconcebível!). Nesse cenário, incentiva-se o Muay Thai (boxe tailandês), tornando essa prática cada vez mais popular na Europa, atualmente com centenas de academias estabelecidas.
    Milhares de adultos dementes pagam ingresso para assistir a crianças, menores de dez anos, lutando em uma espécie de gaiola de ferro. Muitos pais acreditam que essa prática pode incentivar os filhos a cuidar mais de si mesmos quando crescerem, e creem que seus filhinhos possam conquistar o título de "campeão". Porém, esses pais desnaturados desrespeitam a liberdade dos filhos por não saberem quais são os reais sonhos dessas crianças, projetando nelas as suas frustrações.
    Compete observar que a aberração entre os menores tem aumentado e nem sempre tem conotação econômica, arredando substancialmente a tese das condições subumanas a que são jugulados os jovens, principalmente nas grandes cidades, e que os desviariam para o crime. Ressalte-se que o número de adolescentes infratores egressos da classe A (alta) e B (média) tem aumentado, no mundo inteiro.
    A infância é, sem dúvida, o período fértil para a absorção de valores os mais variados. O relacionamento entre pais e filhos deve ser embasado no amor, capaz de suprir as deficiências de ambos. Nossa responsabilidade na condição de pais, educadores e participantes da comunidade, de maneira geral, deve ser voltada ao bom emprego dessa facilidade de assimilação, para a edificação de um mundo menos violento.
    A criança é o amanhã, sabemos disso. E, “com exceção dos espíritos missionários, os homens de agora serão as crianças de amanhã, no processo reencarnacionista (4)”. A demanda de redenção dos novos tempos que chegam há de principiar na alma da infância, se não quisermos divagar nos cipoais teóricos da fantasia exacerbada. Precisamos perceber no coração infantil o esboço da geração próxima, procurando ampará-lo em todas as direções, pois “a orientação da infância é a profilaxia do futuro (5)”. Por questão de prudência cristã, não podemos permitir “que as crianças participem de reuniões ou festas que lhes conspurquem os sentimentos em nenhuma oportunidade, porque a criança sofre de maneira profunda a influência do meio (6)”.
    Estejamos atentos à verdade de que educar não se resume apenas a providências de abrigo e alimentação do corpo perecível. A educação, por definição, constitui-se na base da formação de uma sociedade saudável. A tarefa que nos cumpre realizar é a da educação das crianças pelo exemplo de total dignificação moral sob as bênçãos de Deus. Nesse sentido, os postulados Espíritas são antídotos contra todos os venenosos ardis humanos, posto que aqueles que os conhecem têm consciência de que não poderão se eximir das suas responsabilidades sociais, sabendo que o futuro é uma decorrência do presente. Destarte, é urgente identificarmos no coração infantil o esboço da futura geração saudável.
    O Espiritismo propõe a renovação social, porém é importante a maturidade da Humanidade a fim de bancar essa renovação como um objetivo a ser alcançado. Através da sua força moralizadora, das suas convergências progressistas, da intensidade de suas lições, pela multiplicidade dos temas que abarca a Doutrina dos Espíritos é e sempre será a mais categórica de todos os princípios doutrinário, a fim de impulsionar o movimento da regeneração definitiva do homem na Terra.
     
    Referências bibliográficas:
    (1)           Hessen, Jorge. Artigo Educação espírita: Arcabouço da futura geração saudável, disponível em http://aluznamente.com.br/educacao-espirita-  arcabouco-da-futura-geracao-saudavel/ acessado em 17/05/2013
    (2)           Pole dance tem suas raízes na dança exótica, strip-tease e burlesco e têm elementos de apelo sexual e subversão
    (3)           Refere-se a envio e divulgação de conteúdos eróticos, sensuais e sexuais com imagens pessoais pela internet utilizando-se de qualquer meio eletrônico, como câmeras fotográficas digitais, webcams, e smartphones.
    (4)           Xavier, Francisco Cândido. Coletânea do Além, ditado por Espíritos Diversos, São Paulo: FEESP, 1945, Cap. A Criança e o Futuro pelo Espírito Emmanuel
    (5)           Vieira, Waldo. Conduta Espírita, ditado pelo espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed FEB, 1997, Cap. 21- Perante a Criança
    (6)           idem

    domingo, 19 de maio de 2013

    ENTREVISTA DO PRESIDENTE DA FEB PARA "O CONSOLADOR" - FINAL




    JORGE HESSEN
    jorgehessen@gmail.com
    Brasília, Distrito Federal (Brasil) 


    Antonio Cesar Perri de Carvalho: 

    “Recentemente, foi aprovada a inserção de uma antiga campanha da USE ‘Comece pelo Começo’, ou seja, comece pelas obras de Kardec. Nós vamos introduzi-la também dentro da FEB” 

    Radicado em Brasília, Cesar Perri vem trabalhando para serenar os desafios que afrontará para coordenar o Movimento Espírita Brasileiro 

    (Parte 2 e final) 

     
    Antônio Cesar Perri de Carvalho (foto), presidente da Federação Espírita Brasileira, nasceu em Araçatuba (SP) e atualmente reside em Brasília (DF). Foi fundador de mocidade e de centro espírita, conselheiro e presidente da União Municipal Espírita de Araçatuba, diretor e presidente da USE – União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, secretário geral do Conselho Federativo Nacional e membro da Comissão Executiva do Conselho Espírita Internacional (CEI). 
    Na entrevista que nos concedeu, cuja primeira parte foi publicada na edição passada, Cesar Perri fala sobre os desafios que enfrentará para coordenar o Movimento Espírita Brasileiro. Comenta ainda sobre obras mediúnicas polêmicas, eventos espíritas pagos, as obras de Emmanuel e André Luiz, o 4º Congresso Espírita Brasileiro, dentre outros temas. 

    As obras psicográficas de André Luiz e, principalmente, as assinadas por Emmanuel têm sido recriminadas por alguns segmentos do Movimento Espírita. Qual a sua opinião sobre esse comportamento? 

    Temos que respeitar essas tendências, assim como a diversidade de opinião, mas eu particularmente admiro profundamente os dois autores espirituais. Considero o Espírito Emmanuel o maior comentador do Novo Testamento. São nove livros publicados especificamente comentando os versículos do Novo Testamento, cinco deles pela FEB. É um aprofundamento à luz do Espiritismo que está disponível na Editora da FEB. 

    Os romances históricos dele também recuperam fatos, tendo sempre como pano de fundo o Cristianismo, e estão sendo pesquisados hoje por alguns companheiros nossos. Algumas informações históricas divulgadas foram confirmadas, datas e fatos, por exemplo. Na obra Paulo e Estêvão e no livro Renúncia, temos casos de uma pessoa que vem fazendo pesquisa exaustiva, comprovando que determinadas descrições que Emmanuel faz de Paris no séc. XVII e no séc. XVIII conferem com os registros da época. Como é que Chico Xavier, uma pessoa que cursou apenas o antigo grupo escolar, morando numa cidade do interior, na década de 30 e década de 40, que não tinha acesso a comunicação nenhuma, saberia disso? Emmanuel nos presenteou com uma literatura monumental. 

    Sobre André Luiz, ele não só detalha a relação entre mundo corpóreo e incorpóreo nas suas dimensões, como desde o livro Nosso Lar traz informações que são antecessoras de eventos científicos e de várias inovações. Na literatura de André Luiz encontramos não só o melhor entendimento da relação do psiquismo humano com o espírito imortal, e hoje a medicina vem estudando sobre isso, mas encontramos também a antecipação de inovações científicas e tecnológicas, com vários aparelhos e equipamentos que começaram a ser desenvolvidos a partir dos anos 50. Nós admiramos profundamente a obra de André Luiz e a obra de Emmanuel, e conseguimos estabelecer uma vinculação clara com a obra de Kardec, e isso é o mais importante. 

    Considerando a disseminação do Evangelho com as fundações de “igrejas”, visitas e, sobretudo, intercâmbios epistolares de Paulo de Tarso com os “chefes” dos núcleos cristãos, pode-se identificar, nos primórdios do Cristianismo, um movimento organizado para a unificação dos postulados da Segunda Revelação? 

    Nós identificamos claramente, nos primeiros cristãos, um trabalho que nos serve de inspiração e que estamos estimulando presentemente. Guardadas as devidas proporções, acreditamos que haja semelhança entre o trabalho dos cristãos primitivos e o Espiritismo. A rigor, a Codificação Espírita tem pouco mais de cento e cinquenta anos e isso é um período de tempo muito curto. A Doutrina se apresenta como Cristianismo Redivivo e o Consolador Prometido, que restabeleceria a Verdade e ensinaria algumas coisas a mais. Dessa forma, percebemos que os trabalhos pioneiros dos cristãos nos servem de estímulos, sim! 

    Quando Paulo de Tarso reunia os interessados do Cristianismo para o estudo da mensagem de Jesus, considerando as condições da época, fazia visitas, estimulava o intercâmbio, levava orientação e praticava trabalhos mediúnicos. Observemos que na Carta aos Coríntios consta a necessidade de “ordem no culto”. Quando olhamos as necessidades dessa “ordem”, claramente é como se fosse orientação para prática mediúnica, certa disciplina. Ao final do trabalho, quando percebeu que não teria mais condições de visitar a todos, Paulo foi inspirado pelo Espírito Estêvão para minutar as epístolas, ou seja, estimulou o contato próximo, direto; todavia também a distância. Identificamos aí a origem, vamos assim dizer, daquilo que hoje nós praticamos na imprensa espírita. 

    Essa era a razão predominante, o objetivo dele em ajudar, apoiar e orientar os primeiros agrupamentos cristãos, inclusive para a prática da caridade no verdadeiro sentido da palavra. Recordemos que existia entre eles muita solidariedade – dessa forma encontramos entre os primeiros cristãos as bases que inspiram o Movimento Espírita atual, com um detalhe fundamental: naquela época não existia hierarquia, não existia uma organização que preponderasse sobre outra; isso surgiu muito mais tardiamente, daí ser importante olharmos a vivência dos primeiros cristãos e verificarmos aquilo que aproveitamos como parte de reflexão e de orientação para o Movimento Espírita atual. 

    Allan Kardec comenta no item 334, cap. XXIX, d´O Livro dos Médiuns, que a formação do núcleo da grande família espírita um dia consorciaria todas as opiniões e uniria os homens por um único sentimento: o da fraternidade. Estaria aqui o Codificador formulando alguma programação doutrinária visando à unidade dos espíritas por intermédio de instituições colegiadas? 

    Allan Kardec trabalhou exatamente a ideia colegiada, e fala da fundamentação, do vínculo da fraternidade. Mas percebemos, igualmente, em “Obras Póstumas”, que ele nos orienta sobre o funcionamento das instituições. Anota sobre uma comissão não centralizada numa única pessoa e essa experiência que nos sugere foi uma ideia que serviu de referência para a atualidade. Notemos que a noção de presidencialismo, não só na questão político-partidária, como ocorre no Brasil, mas igualmente nas instituições espíritas, é um presidencialismo que às vezes excede o conceito do termo presidencialismo em si; muitas vezes chega a se confundir com o autoritarismo. 

    Allan Kardec chega a propor que as decisões institucionais sejam colegiadas; que se discuta, que se troquem ideias, e nós estamos vivenciando essa experiência aqui na FEB. Desde que assumimos primeiramente de forma interina em maio de 2012, e atualmente eleito, trabalhamos em conjunto com todos os diretores da FEB, fazendo reuniões com periodicidade muito curta e tratamos todos os assuntos e decidimos em nível de diretoria. Entendo que é uma experiência enriquecedora, facilita a tomada de decisões e evita, às vezes, determinadas tendências pessoais. 

    Os princípios institucionalizados da Unificação inibem o ideário da união espontânea entre os espíritas? 

    A rigor, não. Em 1949 foi definido através do Pacto Áureo um itinerário de ação, dando origem ao CFN – Conselho Federativo Nacional, que é composto pelas entidades federativas estaduais com base na obra de Allan Kardec. Hoje em dia, dentro do contexto da ideia de união e de unificação, podemos perfeitamente estabelecer propostas de união e de parceria entre várias instituições, somando esforços, e portanto não há necessidade, desde que haja propósitos comuns, de ficarmos na dependência de conceitos antigos de controles. Essa é a ideia. 

    O Pacto Áureo ainda pode ser avaliado como o grande marco da Unificação? 

    Pode ser considerado, sim, pois ele é genérico. Ele define a obra de Allan Kardec e decide também com base na obra “Brasil Coração do Mundo Pátria do Evangelho”. Os membros do Pacto chegaram à conclusão que esse livro mostrava qual seria a missão do Espiritismo no Brasil e qual a missão espiritual do Brasil também. É esse o roteiro que ele oferece. O Pacto não entra em detalhamentos, mas fala da União e criou o Conselho Federativo Nacional. Para o CFN funcionar ele foi primeiramente introduzido no Estatuto da FEB. Com a instalação do CFN, a área federativa da FEB é corporificada com a ação do CFN – é importante que saibamos disso. Então o CFN é que traz a orientação geral e define planos para o Movimento Espírita Nacional. Esse Conselho é presidido pelo presidente da FEB, mas é integrado pelas representações dos 27 estados. 

    Quais os grandes desafios vistos para o Movimento Espírita Brasileiro? 

    Nós estamos vivendo vários desafios. A ideia de difundirmos o Espiritismo, na sua pureza, é um grande desafio, pois, como ficou claro, de várias orientações de Allan Kardec, sempre haveria alguma tendência natural de se valorizar pessoas, de se personalizar, e com isso, o que nós assistimos atualmente é que há uma diferença entre a proposta de Kardec e algumas práticas. Por exemplo, na apresentação de O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec explica que optou por não colocar o nome dos médiuns junto às mensagens e apenas colocou o nome dos Espíritos, a cidade e a data. Para Kardec era mais importante o conteúdo das mensagens do que o nome do médium. Infelizmente, notamos que hoje em dia muitas pessoas, antes de ler o texto, querem saber primeiro quem é o médium, ou seja, inverte-se a situação. 

    Urge buscar-se mais a coerência doutrinária e maior compatibilidade com a base da Codificação ao invés de ficarmos exaltando ou levantando fileiras em torno de médiuns A, B, C ou D, ou seja, temos que somar, independente de quem seja o médium, desde que a mensagem tenha coerência e esteja fundamentada nas obras de Kardec; esse é o grande desafio. 

    O modelo federativo foi idealizado por mentes superiores, não temos dúvidas. O crescimento do Espiritismo gera distorções e perda na qualidade da mensagem e da prática espírita – é fato – fenômeno sociologicamente explicável. Boa parte dos dirigentes de casas espíritas nem sempre valorizam as ações dos órgãos de Unificação, atribuindo-lhes caráter meramente administrativo, burocrático, com pouco sentido prático. Considerando a sua larga experiência doutrinária, seja como fundador de mocidade espírita, conselheiro e presidente da União Municipal Espírita de Araçatuba, membro fundador de centro espírita, diretor e presidente da USE (União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo) e, por fim, presidente da Federação Espírita Brasileira, quais as ações que pretende desenvolver para aproximar a FEB das casas Espíritas? 

    Reportarei a minha primeira experiência. Quando era muito jovem, assumi a presidência da União Municipal Espírita de Araçatuba – órgão da USE - São Paulo. Naquele momento batalhei contra essas dificuldades, porque o Movimento de Unificação era recente, tinha apenas 20 anos (pós Pacto Áureo). Nessas condições, havia uma certa confusão entre as lideranças espíritas, sobretudo de qual seria a função do órgão unificador. Alguns tinham receio de que seria um órgão controlador ou fiscalizador. Por outro lado, havia muitas pessoas (jovens) no Movimento de Unificação, que pensavam também assim, e ocorriam muitos conflitos. As reuniões eram simplesmente administrativas, então quando assumimos a presidência da UMEA, dentro desse contexto, tornamos as reuniões minimamente administrativas e preponderantemente voltadas para diálogos, para as propostas de ação, juntando esforços, de tal modo que conseguimos descentralizar, fazendo as reuniões em rodízios pelos centros espíritas da cidade. Aproveitamos experiências para que elas se tornassem coletivas. 

    Essa a ideia que, guardadas as devidas dimensões, ainda seguimos, embora atualmente exista uma abrangência gigantesca e um grau de complexidade muito maior, mas mantivemos essa postura para tornar mais dinâmicas as reuniões do CFN. Vejamos: conseguimos suprimir a leitura de relatórios, e hoje as federativas encaminham um relatório por meio de um formulário eletrônico – transferimos para um DVD e distribuímos; desse modo utilizamos o espaço da reunião para discutir planos de ação e, assim, avaliarmos situações que merecem discussão para o desenvolvimento espírita. Entendemos que esse seja o melhor caminho. 

    Considerando que as sandálias de nosso Mestre Jesus sempre estiveram próximas aos necessitados e sofridos, e especialmente junto a esses irmãos em humanidade foi que Ele nos ofereceu provas de amor insuperáveis, e considerando que sobre a FEB repousam muitas esperanças, mas também expectativas, como atuará para se aproximar dos pobres e pouco instruídos na educação formal, dado que representam significativo estrato da sociedade brasileira? 

    Essa é uma preocupação para a qual estamos procurando colocar a solução em prática. Há três anos consubstanciamos um projeto que se titulava “interiorização”, ou seja, estimulávamos a ação de representantes, diretores e colaboradores da FEB juntamente com uma federativa estadual para ir ao interior, não ficarmos só nas capitais. Assim, tive o prazer de conhecer duas cidades do interior do Amazonas, uma delas viajando de barco durante duas horas, justamente para ter o contato com a realidade da base. Um desses centros que visitamos não possuía luz elétrica. A nossa participação à noite foi através do clarão de uma fogueira, porque para eles era uma ocasião especial, pois normalmente usavam a luz de velas. 

    Após essa experiência (interiorização), começamos outros projetos que seriam implementados, que são as ações integradas de acolhimento, consolo, esclarecimento e orientação no centro espírita, porquanto concluímos também que aquela ideia de departamento ou setor, ou seja, muita burocracia, não seria efetiva, até porque a grande maioria dos centros espíritas do Brasil são casas simples e pequenas, não tendo espaço nem condições para tais trâmites. 

    Assim, começamos a trabalhar em torno de um projeto, uma ação, um acolhimento junto a essas pessoas simples, além da ideia de valorizar os centros humildes, periféricos, pequenos, que às vezes não têm condições de manter os custos, mas podem perfeitamente seguir esses passos de acolhimento, consolo e orientação. 

    Nós estamos caminhando nesse sentido e aí me recordo de um companheiro nosso que foi muito feliz na confecção de um cartaz com a imagem da formiguinha. Ele fez a comparação com a formiga e que nos remete a uma mensagem de Fénelon, no cap. I d´O Evangelho segundo o Espiritismo, em que o Espírito examina: “não são esses animálculos (formigas) que conseguem levantar o solo?” É a ideia do trabalho simples, mas persistente e em conjunto, isso que pretendemos disseminar. 

    Suas palavras finais. 

    As nossas palavras finais são de sugestão aos espíritas para que aproveitemos o momento que nós estamos vivendo, que é o período, segundo Emmanuel, de aferição de valores, e é um momento bastante delicado e sensível, porque nós temos os compromissos individuais e compromissos coletivos, e, com relação ao Movimento Espírita, é muito importante lembrar o nosso trabalho respaldado no propósito de união, de concórdia e de benevolência recíproca. Então é isso que deve animar a nossa atuação conjunta no Movimento Espírita e no relacionamento com a própria sociedade.

    sexta-feira, 17 de maio de 2013

    CÉREBRO HUMANO PUBLICADO NA REVISTA "ESPIRITISMO E CIÊNCIA"



    Jorge Hessen
    http://aluznamente.com.br
    O cérebro é um complexo órgão composto de ligações, filamentos e redes bem estabelecidas que formam uma conexão transportando informações para todas as partes do corpo físico. Na “massa cinzenta” não há somente uma célula individual que decifra uma função distintiva, mas um grupo admirável delas vinculadas numa “rede neural”. A atividade comum dos múltiplos espaços do cérebro está abrangida com todas as funções cerebrais, incluindo as experiências de consciência, como os pensamentos, a visão, a audição, as destrezas.
    A cada dia, a neurociência depara com vastos desafios (expostos ou ocultos) nas entranhas cranianas. “O cérebro assemelha-se a complicado laboratório em que o espírito – prodigioso alquimista – efetua inimagináveis associações atômicas e moleculares, necessárias às exteriorizações inteligentes.” (1) É a máquina ("hardware humano") que expressa a inteligência no mundo material; por isso, muitos estudiosos da mente humana fazem da inteligência um predicado do cérebro. São fascinantes as transformações encefálicas que sobrevêm diante dos esforços de aprendizagens de idiomas, música, ciências exatas, artes em geral. Até mesmo nos transes mediúnicos há alterações cerebrais. Pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Thomas Jefferson, da Filadélfia, EUA, monitorou os fluxos sanguíneos em diferentes regiões do cérebro durante a psicografia, sendo observada a atividade cerebral através de tomografia computadorizada por emissão de fótons únicos a áreas ativas e inativas. Foi constatado que a mediunidade altera a dinâmica cerebral. (2) Contudo, conforme Andrew Newberg, diretor de pesquisa do Myrna Brind Center of Integrative Medicine, “a reação cerebral à mediunidade recebe pouca atenção científica.” (3)
    Admirável e insólito conjunto conexo de dezenas de bilhões de neurônios em rede específica e complexa, o cérebro é comparado ao mais extraordinário computador que o homem ainda não pode edificar. Suas secreções governam as reações de todo o cosmo fisiológico, trabalhando pela vida física e psíquica. Há semelhanças notáveis com a cibernética, pois os computadores contemporâneos são legítimos “cérebros artificiais”, conquanto extremamente elementares e restritos em analogia com o encéfalo psicossomático. São simples bancos de dados que resolvem entre duas opções, segundo um código preestabelecido e de acordo com o acervo de dados que têm registrado em suas memórias. É óbvio que não desejamos afirmar que o computador seja inteligente, e muito menos que tenha intuição, porém é exato expor que se aproveita de uma das qualidades da inteligência humana, ou seja, a memória.
    Os resultados das pesquisas sobre as reações cerebrais, quando se estuda idiomas por exemplo, apontam para a expansão do hipocampo, dentre outros fenômenos encefálicos. Mas será que da influência dos órgãos se pode inferir a existência de uma relação entre o desenvolvimento do cérebro e o das habilidades e inteligências? Advertem os Benfeitores Espirituais para “não confundirmos o efeito com a causa. O Espírito dispõe sempre das faculdades que lhe são próprias. Ora, não são os órgãos que dão as faculdades [aptidões e inteligências], e sim estas que impulsionam o desenvolvimento dos órgãos.”(4)
    O Espiritismo e a Ciência se completam, os princípios do mundo espiritual e as leis do mundo material são faces de um evento comum. A Ciência necessita do Espiritismo, tanto quanto o Espiritismo precisa da Ciência; isolados, não chegarão a um saldo final e submergirão no labirinto de suposições arriscadas. A neurociência é de viés essencialmente mecanicista, e logicamente, nesse caso, há uma diferença basilar entre uma ciência materialista e a ciência espírita, pois, enquanto a primeira faz do cérebro o excretor da habilidade e inteligência, a segunda faz do encéfalo apenas um instrumento do espírito, que é o ente inteligente individualizado.
    Para alguns especialistas, um dos aspectos perturbadores do tema sintetiza-se nas indagações: “Cérebro menor é sinônimo de habilidade e inteligência mínimas?”; “Cérebro grande é garantia de uma inteligência e habilidade maiores?” Entendemos que habilidade (aptidão) e inteligência são atributos essenciais do espírito, portanto o corpo físico é simplesmente um envoltório que serve de instrumento para o exercício das capacidades espirituais. Entretanto, será que a massa cerebral maior realmente pode ser indício de maior aptidão e inteligência? E cérebro menor pode ser indicativo de inteligência e competência menor? As pesquisas de alguns neurocientistas garantem que sim.
    Mas não podemos prever categoricamente a habilidade e inteligência de uma pessoa medindo o tamanho do seu cérebro. “Um dos alunos que estuda na universidade (Sheffield University) tem um QI de 126, ganhou prêmios como melhor aluno de matemática e tem uma vida social normal. Mas não tem cérebro, literalmente falando... Quando foi submetido a um exame, verificou-se que em vez de um cérebro normal de espessura de 4,5 centímetros entre os ventrículos e a superfície cortical, havia apenas uma fina camada de tecido de pouco mais de um milímetro de espessura. Seu crânio é preenchido apenas com fluido cerebrospinal.” (5)
    É bastante difícil explanar sobre esses curiosos elementos a fim de apreciar a função desempenhada pelo cérebro; ir mais adiante, visando levantar pontos para melhor compreensão do assunto é desafiador. É interessante indagar aos neurocientistas: onde a sede da consciência e do pensamento? Do que são feitas as “vozes” e imagens da lembrança? Onde enxergamos as imagens produzidas pela imaginação? O que é o inconsciente e de onde brotam as lembranças antes de as termos conscientemente? O que é a mente e o que anima o corpo? São pontos que a neurociência não dá conta de explicar.
    Conforme o Espírito André Luiz, o cérebro “se divide em três regiões distintas, onde, na primeira região, situamos a “residência de nossos impulsos automáticos”, simbolizando o sumário vivo dos serviços realizados; na segunda, localizamos o “domicílio das conquistas atuais”, onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que estamos edificando; na terceira, temos a “casa das noções superiores”, indicando as eminências que nos cumpre atingir. Numa delas, moram o hábito e o automatismo. Na outra, residem o esforço e a vontade; e, na última, moram o ideal e a meta superior a ser alcançada. E assim distribuímos o subconsciente, o consciente e o superconsciente. Como vemos, possuímos em nós mesmos o passado, o presente e o futuro.” (6)
    Mesmo que permaneça aparentemente estacionária, a mente (espírito) prossegue seu caminho, sem recuos, sob atuação das forças visíveis ou invisíveis. Na vontade, “temos o controle que a dirige nesse ou naquele rumo, estabelecendo causas que comandam os problemas do destino. Sem ela, o desejo pode comprar ao engano aflitivos séculos de reparação e sofrimento; a inteligência pode aprisionar-se na enxovia da criminalidade; a imaginação pode gerar perigosos monstros na sombra, e a memória, não obstante fiel à sua função de registradora, conforme a destinação que a natureza lhe assinala, pode cair em deplorável relaxamento.” (7)
    Ainda sob o enfoque espírita, “o cérebro é o dínamo que produz a energia mental, segundo a capacidade de reflexão que lhe é própria. A mente (espírito) é a mestra desse mundo microscópico, em que bilhões de corpúsculos e energias multiformes se aplicam a seu serviço. Dela procedem os fluxos da vontade, produzindo vasta rede de estímulos, reagindo ante as exigências da paisagem externa, ou atendendo às sugestões das zonas interiores. Posta entre objetivo e subjetivo, é coagida, pela lei divina, a aprender, verificar, escolher, repelir, aceitar, recolher, guardar, enriquecer-se, iluminar-se, progredir sempre.


    Referência bibliográfica:

    (1)    Xavier, Francisco Cândido. “Emmanuel”, ditado pelo espírito Emmanuel, RJ: Ed. FEB, 1938 
    (2)    As áreas do lóbulo frontal estão ligadas ao raciocínio, ao planejamento, à geração de linguagem, aos movimentos e à solução de problemas, pelo que os pesquisadores acreditam que durante a psicografia “mecânica” ocorre uma ausência de percepção de si mesmo e de consciência.
    (3)    Artigo divulgado pela revista Public Library of Sciences, dezembro de 2012, disponível em http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/efe/2012/11/17/cientistas-estudam-o-cerebro-de-mediuns-brasileiros-em-transe.htm , acessado em 07/02/2013
    (4)    Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Editora FEB, 2002, questão 370.
    (5)    Bruce H. Lipton. A biologia da crença - Ciência e espiritualidade na mesma sintonia, (os  estudos pioneiros de Lipton sobre a membrana celular foram os precursores de uma nova ciência, a epigenética, da qual se tornou fundador e um dos seus maiores especialistas). Disponível em http://www.guia.heu.nom.br/cerebro.htm , acessado em 06/03/2013
    (6)    Xavier, Francisco Cândido. No mundo maior, ditado pelo espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Editora FEB, 1947.
    (7)    Xavier, Francisco Cândido. Pensamento e Vida, ditado pelo espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Editora FEB, 1999.

    CÉREBRO HUMANO PUBLICADO NA REVISTA "ESPIRITISMO E CIÊNCIA"



    Jorge Hessen
    http://aluznamente.com.br
    O cérebro é um complexo órgão composto de ligações, filamentos e redes bem estabelecidas que formam uma conexão transportando informações para todas as partes do corpo físico. Na “massa cinzenta” não há somente uma célula individual que decifra uma função distintiva, mas um grupo admirável delas vinculadas numa “rede neural”. A atividade comum dos múltiplos espaços do cérebro está abrangida com todas as funções cerebrais, incluindo as experiências de consciência, como os pensamentos, a visão, a audição, as destrezas.
    A cada dia, a neurociência depara com vastos desafios (expostos ou ocultos) nas entranhas cranianas. “O cérebro assemelha-se a complicado laboratório em que o espírito – prodigioso alquimista – efetua inimagináveis associações atômicas e moleculares, necessárias às exteriorizações inteligentes.” (1) É a máquina ("hardware humano") que expressa a inteligência no mundo material; por isso, muitos estudiosos da mente humana fazem da inteligência um predicado do cérebro. São fascinantes as transformações encefálicas que sobrevêm diante dos esforços de aprendizagens de idiomas, música, ciências exatas, artes em geral. Até mesmo nos transes mediúnicos há alterações cerebrais. Pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Thomas Jefferson, da Filadélfia, EUA, monitorou os fluxos sanguíneos em diferentes regiões do cérebro durante a psicografia, sendo observada a atividade cerebral através de tomografia computadorizada por emissão de fótons únicos a áreas ativas e inativas. Foi constatado que a mediunidade altera a dinâmica cerebral. (2) Contudo, conforme Andrew Newberg, diretor de pesquisa do Myrna Brind Center of Integrative Medicine, “a reação cerebral à mediunidade recebe pouca atenção científica.” (3)
    Admirável e insólito conjunto conexo de dezenas de bilhões de neurônios em rede específica e complexa, o cérebro é comparado ao mais extraordinário computador que o homem ainda não pode edificar. Suas secreções governam as reações de todo o cosmo fisiológico, trabalhando pela vida física e psíquica. Há semelhanças notáveis com a cibernética, pois os computadores contemporâneos são legítimos “cérebros artificiais”, conquanto extremamente elementares e restritos em analogia com o encéfalo psicossomático. São simples bancos de dados que resolvem entre duas opções, segundo um código preestabelecido e de acordo com o acervo de dados que têm registrado em suas memórias. É óbvio que não desejamos afirmar que o computador seja inteligente, e muito menos que tenha intuição, porém é exato expor que se aproveita de uma das qualidades da inteligência humana, ou seja, a memória.
    Os resultados das pesquisas sobre as reações cerebrais, quando se estuda idiomas por exemplo, apontam para a expansão do hipocampo, dentre outros fenômenos encefálicos. Mas será que da influência dos órgãos se pode inferir a existência de uma relação entre o desenvolvimento do cérebro e o das habilidades e inteligências? Advertem os Benfeitores Espirituais para “não confundirmos o efeito com a causa. O Espírito dispõe sempre das faculdades que lhe são próprias. Ora, não são os órgãos que dão as faculdades [aptidões e inteligências], e sim estas que impulsionam o desenvolvimento dos órgãos.”(4)
    O Espiritismo e a Ciência se completam, os princípios do mundo espiritual e as leis do mundo material são faces de um evento comum. A Ciência necessita do Espiritismo, tanto quanto o Espiritismo precisa da Ciência; isolados, não chegarão a um saldo final e submergirão no labirinto de suposições arriscadas. A neurociência é de viés essencialmente mecanicista, e logicamente, nesse caso, há uma diferença basilar entre uma ciência materialista e a ciência espírita, pois, enquanto a primeira faz do cérebro o excretor da habilidade e inteligência, a segunda faz do encéfalo apenas um instrumento do espírito, que é o ente inteligente individualizado.
    Para alguns especialistas, um dos aspectos perturbadores do tema sintetiza-se nas indagações: “Cérebro menor é sinônimo de habilidade e inteligência mínimas?”; “Cérebro grande é garantia de uma inteligência e habilidade maiores?” Entendemos que habilidade (aptidão) e inteligência são atributos essenciais do espírito, portanto o corpo físico é simplesmente um envoltório que serve de instrumento para o exercício das capacidades espirituais. Entretanto, será que a massa cerebral maior realmente pode ser indício de maior aptidão e inteligência? E cérebro menor pode ser indicativo de inteligência e competência menor? As pesquisas de alguns neurocientistas garantem que sim.
    Mas não podemos prever categoricamente a habilidade e inteligência de uma pessoa medindo o tamanho do seu cérebro. “Um dos alunos que estuda na universidade (Sheffield University) tem um QI de 126, ganhou prêmios como melhor aluno de matemática e tem uma vida social normal. Mas não tem cérebro, literalmente falando... Quando foi submetido a um exame, verificou-se que em vez de um cérebro normal de espessura de 4,5 centímetros entre os ventrículos e a superfície cortical, havia apenas uma fina camada de tecido de pouco mais de um milímetro de espessura. Seu crânio é preenchido apenas com fluido cerebrospinal.” (5)
    É bastante difícil explanar sobre esses curiosos elementos a fim de apreciar a função desempenhada pelo cérebro; ir mais adiante, visando levantar pontos para melhor compreensão do assunto é desafiador. É interessante indagar aos neurocientistas: onde a sede da consciência e do pensamento? Do que são feitas as “vozes” e imagens da lembrança? Onde enxergamos as imagens produzidas pela imaginação? O que é o inconsciente e de onde brotam as lembranças antes de as termos conscientemente? O que é a mente e o que anima o corpo? São pontos que a neurociência não dá conta de explicar.
    Conforme o Espírito André Luiz, o cérebro “se divide em três regiões distintas, onde, na primeira região, situamos a “residência de nossos impulsos automáticos”, simbolizando o sumário vivo dos serviços realizados; na segunda, localizamos o “domicílio das conquistas atuais”, onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que estamos edificando; na terceira, temos a “casa das noções superiores”, indicando as eminências que nos cumpre atingir. Numa delas, moram o hábito e o automatismo. Na outra, residem o esforço e a vontade; e, na última, moram o ideal e a meta superior a ser alcançada. E assim distribuímos o subconsciente, o consciente e o superconsciente. Como vemos, possuímos em nós mesmos o passado, o presente e o futuro.” (6)
    Mesmo que permaneça aparentemente estacionária, a mente (espírito) prossegue seu caminho, sem recuos, sob atuação das forças visíveis ou invisíveis. Na vontade, “temos o controle que a dirige nesse ou naquele rumo, estabelecendo causas que comandam os problemas do destino. Sem ela, o desejo pode comprar ao engano aflitivos séculos de reparação e sofrimento; a inteligência pode aprisionar-se na enxovia da criminalidade; a imaginação pode gerar perigosos monstros na sombra, e a memória, não obstante fiel à sua função de registradora, conforme a destinação que a natureza lhe assinala, pode cair em deplorável relaxamento.” (7)
    Ainda sob o enfoque espírita, “o cérebro é o dínamo que produz a energia mental, segundo a capacidade de reflexão que lhe é própria. A mente (espírito) é a mestra desse mundo microscópico, em que bilhões de corpúsculos e energias multiformes se aplicam a seu serviço. Dela procedem os fluxos da vontade, produzindo vasta rede de estímulos, reagindo ante as exigências da paisagem externa, ou atendendo às sugestões das zonas interiores. Posta entre objetivo e subjetivo, é coagida, pela lei divina, a aprender, verificar, escolher, repelir, aceitar, recolher, guardar, enriquecer-se, iluminar-se, progredir sempre.


    Referência bibliográfica:

    (1)    Xavier, Francisco Cândido. “Emmanuel”, ditado pelo espírito Emmanuel, RJ: Ed. FEB, 1938 
    (2)    As áreas do lóbulo frontal estão ligadas ao raciocínio, ao planejamento, à geração de linguagem, aos movimentos e à solução de problemas, pelo que os pesquisadores acreditam que durante a psicografia “mecânica” ocorre uma ausência de percepção de si mesmo e de consciência.
    (3)    Artigo divulgado pela revista Public Library of Sciences, dezembro de 2012, disponível em http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/efe/2012/11/17/cientistas-estudam-o-cerebro-de-mediuns-brasileiros-em-transe.htm , acessado em 07/02/2013
    (4)    Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Editora FEB, 2002, questão 370.
    (5)    Bruce H. Lipton. A biologia da crença - Ciência e espiritualidade na mesma sintonia, (os  estudos pioneiros de Lipton sobre a membrana celular foram os precursores de uma nova ciência, a epigenética, da qual se tornou fundador e um dos seus maiores especialistas). Disponível em http://www.guia.heu.nom.br/cerebro.htm , acessado em 06/03/2013
    (6)    Xavier, Francisco Cândido. No mundo maior, ditado pelo espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Editora FEB, 1947.
    (7)    Xavier, Francisco Cândido. Pensamento e Vida, ditado pelo espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Editora FEB, 1999.

    segunda-feira, 13 de maio de 2013

    OS SONHOS SÃO CIRCUNDADOS DE ENIGMAS


    Jorge Hessen
    http://aluznamente.com.br

     Para determinados ortodoxos da academia, o sonho é uma experiência de imaginação do inconsciente durante o estágio de sono. Os neurocientistas, de modo geral, afiançam que o sonho é apenas uma espécie de tráfego de informação sem sentido, que tem por função manter o cérebro em ordem. É verdadeiramente estranho que um fenômeno tão corriqueiro quanto o dos sonhos tenha sido objeto de tanta indiferença pelos arautos do conservadorismo da ciência mecanicista, e que ainda se esteja a desprezar a causa dessas visões.
    A metodologia da ciência dominante analisa tão somente os aspectos fisiológicos das atividades oníricas e ainda não conseguiu conceituar com clareza e objetividade o sono e o sonho. Contudo, algumas janelas estão se abrindo. Recentemente os cientistas do laboratório de Yukiyasu Kamitani, do Instituto Internacional de Pesquisas de Telecomunicações Avançadas (ATR) de Kyoto, Japão, organizaram interessante “dicionário” para definir por comparação os sinais do cérebro provindos das imagens do orbe dos sonhos. O estudo objetiva a interpretação plausível dos conteúdos das imagens oníricas através de um dispositivo decodificador das representações dos sonhos.
    A análise da atividade cerebral foi realizada por ressonância magnética, permitindo registrar as “imagens” que os voluntários “viam” durante os sonhos, e compará-las a uma tabela de correspondências entre a atividade do cérebro e objetos ou temas de diversas categorias. Para obtenção das imagens sensíveis era necessário que o voluntário fosse acordado durante o sono, a fim de descrevê-las. Será mesmo que uma pessoa que dorme pode ter consciência de que está sonhando? Sim, garante o psiquiatra holandês Dr. Frederick Willem van Eeden, com absoluto respaldo do  Dr. Stephan Laberge, da Universidade de Stanford (EUA).
    Os sonhos são cercados de mistérios desde os primórdios da existência humana. Para os povos antigos, eles carregavam algo de “sobre-humano”. Eram vistos como um meio de alguém receber orientações e mensagens do além, tanto das divindades quanto dos espíritos. Narrações sobre sonhos são recorrentes nas Escrituras. O texto bíblico reúne mais de 700 citações de sonhos e visões. Grande parte do conteúdo do Corão – livro do Islã – foi revelada a Maomé em sonho.
    A “oniromancia” (previsão do futuro pela interpretação dos sonhos) tem ampla confiabilidade nas tradições judaico-cristãs – consta na Torá e na Bíblia que Jacó, José e Daniel possuíam a habilidade de decifrar os sonhos. No Novo Testamento, José é avisado em sonho pelo anjo Gabriel de que Maria traz no ventre uma Criança divina, e depois da visita dos Reis Magos um “anjo” em sonho o avisa a fim de fugir para o Egito e quando seria seguro retornar a Israel. No Islamismo, os sonhos bons são inspirados por Alá e podem trazer mensagens divinatórias, enquanto os pesadelos são considerados armadilhas de “Satã”.
    Defendem alguns estudiosos que as imagens consistentes na mente das pessoas no instante do sono são, muitas vezes, resultado de percepções e de memórias antigas que vêm à tona e se encaixam. Isso explicaria os sonhos que parecem trazer soluções para a vida real, como a história do físico alemão Albert Einstein, que concluiu a Teoria da Relatividade depois de um “’cochilinho”. Paul McCartney, certa vez acordou com uma música maravilhosa na memória. Foi até o piano e começou a achar as notas. Tudo seguiu uma ordem lógica. Gostou muito da melodia e como havia sonhado com ela, não podia acreditar que tinha escrito aquilo. “Foi a coisa mais mágica do mundo”, disse o cantor. É dessa maneira que McCartney explicou a criação de "Yesterday", meio século atrás. Abraham Lincolnviu, em sonho, cenas de seu próprio velório, uma semana antes de ser assassinado, relatando-o ao amigo Ward Lamon, que escreveu o episódio em seu diário.
    Pensadores, cientistas e filósofos como René Descartes e Friedrich August Kekulé von Stradonitz também tiveram em sonhos visões reveladoras. Descartes, em viagem à Alemanha, teve uma visão em sonho de um novo sistema matemático e científico. Kekulé propôs a fórmula hexagonal do benzeno após sonhar com uma cobra que mordia sua própria cauda. O pai da tabela periódica, Dmitri Mendeleiev, afirmou ter tido um sonho no qual era mostrado o modelo da tabela periódica atual.
    Em 1900, com a publicação do livro A Interpretação dos Sonhos, Sigmund Freud propôs dar um caráter científico à matéria. Os sonhos são cargas emocionais armazenadas no inconsciente, que projetam imagens e sons. Fazendo uma analogia, poderíamos pensar numa espécie de "fotografia" do inconsciente naquele momento. Por isso, o sonho sempre demonstra aspectos da vida emocional. Nos sonhos sua linguagem são o que Freud denomina de simbólicas. Para entender seus variados conteúdos, temos que reconhecer o que os símbolos representam nesse sonho. Os sonhos são a estrada fidedigna para o conhecimento da mente.
    Carl Gustav Jung, baseado na observação dos seus pacientes e em experiências próprias, tornou mais abrangente o papel dos sonhos, que não seriam apenas reveladores de desejos ocultos, mas sim uma ferramenta da psique que busca o equilíbrio por meio da compensação. Ao contrário de Freud, as situações absurdas dos sonhos para Jung não seriam uma fachada, mas a forma própria do inconsciente de se expressar. Ele aponta os sonhos como forças naturais que auxiliam o ser humano no processo de individualização.
    Um aspecto muito importante em se atentar nos sonhos, segundo a linha junguiana, é saber como o sonhador, o protagonista no sonho (que representa o ego) lida com as forças malignas (a sombra), para se averiguar como, na vida desperta, a pessoa lida com as adversidades, a autoridade e a oposição de ideias.
    Dormimos cerca de um terço de nossas vidas e o sono, além das propriedades restauradoras da organização física, concede-nos possibilidades de enriquecimento espiritual através das experiências vivenciadas enquanto repousamos. Os quadros simbólicos que os Espíritos fazem passar sob nossos olhos podem  nos dar úteis advertências e salutares conselhos, se são Espíritos bons, ou “induzir-nos ao erro ou lisonjear paixões, se são Espíritos imperfeitos.". (1)
    O Codificador indagou aos Espíritos "por que não nos lembramos de todos os sonhos?". Os Benfeitores responderam: "Nisso que chamas sono só tens o repouso do corpo, porque o Espírito está sempre em movimento. No sono ele recobra um pouco de sua liberdade e se comunica com os que lhe são caros, seja neste ou noutro mundo. Mas, como o corpo é de matéria pesada e grosseira, dificilmente conserva as impressões recebidas pelo Espírito durante o sono, mesmo porque o Espírito não as percebeu pelos órgãos do corpo.". (2)
    Encarnados, não temos consciência das ocupações que podemos assumir durante o momento do sono. Apesar disso, esses trabalhos são inexprimíveis. “Infelizmente porém, a maioria se vale de repouso noturno para sair à caça de emoções frívolas ou menos dignas. Relaxando-se as defesas próprias, certos impulsos longamente dominados durante a vigília extravasam-se em todas as direções por falta de educação espiritual verdadeiramente sentida e vivida.". (3)
    Os amigos podem visitar-se durante o sono. “Muitos que julgam não se conhecerem, costumam reunir-se e falar-se. Podemos ter, sem que o suspeitemos, amigos em outros países. É tão habitual o fato de irmos nos encontrar, durante o sono, com amigos e parentes com os que conhecemos e que nos podem ser úteis, que quase todas as noites fazemos essas visitas.”. (4) No transcurso do sono, desapertam-se os laços que “nos prendem ao corpo e nos lançamos pelo espaço, entrando em relação mais direta com os outros Espíritos.”. (5) Quando dormimos, temos “mais capacidades do que no estado de vigília. Lembramos do passado e algumas vezes prevemos o futuro. Adquirimos maior potencialidade e podemos nos colocar em comunicação com os demais Espíritos, quer deste mundo, quer do além.”. (6)
    Recomendamos a tarefa preparatória do repouso físico noturno, através dos trabalhos diários honradamente consagrados, a fim de que a noite organize uma região de reencontro das nossas almas, em preciosa reunião de forças, não unicamente a benefício de nossa experiência pessoal, mas sobretudo a benefício dos que estão mergulhados na dor.
    Referências bibliográficas:
    (1) Kardec, Allan.O LIVRO DOS MÉDIUNS, 59a ed. Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001
    (2)Kardec, Allan.O LIVRO DOS ESPÌRITOS,Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001 questão 403
    (3) Xavier, Francisco Cândido. Missionário da luz, ditado pelo Espírito André Luiz,  Rio de Janeiro: Ed FEB 2000
    (4)Kardec, Allan.O LIVRO DOS ESPÌRITOS,Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001 questão 414.
    (5)idem questão 401
    (6)idem questão 402

    sábado, 11 de maio de 2013

    REVISTA "O CONSOLADOR" ENTREVISTA PRESIDENTE DA FEB




    http://www.oconsolador.com.br/ano7/311/principal.html

    JORGE HESSEN
    jorgehessen@gmail.com
    Brasília, Distrito Federal (Brasil)
     
    Antonio Cesar Perri de Carvalho
      
    “Recentemente, foi aprovada a inserção de uma antiga campanha da USE ‘Comece pelo Começo’, ou seja, comece pelas obras de Kardec. Nós vamos introduzi-la também dentro da FEB” 

    Radicado em Brasília, Cesar Perri vem trabalhando para serenar os desafios que afrontará para coordenar o Movimento Espírita Brasileiro. Antônio Cesar Perri de Carvalho (foto), atual presidente da Federação Espírita Brasileira, nasceu em Araçatuba (SP) e atualmente reside em Brasília (DF). Foi fundador de mocidade e de centro espírita, conselheiro e presidente da União Municipal Espírita de Araçatuba, diretor e presidente da USE –  União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, secretário geral do Conselho Federativo Nacional e membro da Comissão Executiva do Conselho Espírita Internacional (CEI).

    Na entrevista que se segue, Cesar Perri fala à revista O Consolador sobre os desafios que enfrentará para coordenar o Movimento Espírita Brasileiro. Comenta ainda sobre obras mediúnicas polêmicas, eventos espíritas pagos, as obras de Emmanuel e André Luiz, 4º Congresso Espírita Brasileiro dentre outros temas. Dividida em duas partes, a conclusão desta entrevista será publicada na próxima edição desta revista.

    Proliferam no mercado editorial e nos meios de comunicação, em especial a internet, obras ditas espíritas, de valor duvidoso, quando não atentatórias aos postulados doutrinários. Como a FEB, Casa-Mater do Espiritismo, encara essa realidade e como pretende atuar no bom combate?

    A FEB vive um problema, digamos, muito complexo, pois há obras bastante duvidosas e muito divulgadas no meio espírita. Se de um lado a FEB apontar os deslizes doutrinários, vão dizer que a instituição vai passar ideias do Index Librorum Prohibitorum. Até mesmo na internet surgem informações afirmando que a FEB fez essa proibição, o que não é verdade. Então, o procedimento que adotamos é o seguinte: evitamos, como instituição, fazer críticas a qualquer obra, mas sugerimos a leitura das boas obras já consagradas, razão pela qual estamos difundindo cada vez mais a necessidade da leitura das obras de Kardec. Recentemente, foi aprovada a inserção de uma antiga campanha da USE “Comece pelo Começo”, ou seja, comece pelas obras de Kardec. Nós vamos introduzi-la também dentro da FEB, junto a vários cursos, inclusive o ESDE. Optamos por esse caminho para fazer a divulgação da Doutrina Espírita.  

    Nos Estados mais pobres da Federação, muitas casas espíritas refletem a carência material e estão à margem dos conteúdos veiculados pela internet. A inclusão digital apresenta-se como meio propício para que os conteúdos das obras básicas, obras complementares, a par dos demais conteúdos veiculados pela internet, cheguem aos irmãos vinculados a essas casas, com evidentes benefícios. Compreende-se que o equacionamento passa pelos recursos monetários para a aquisição de equipamentos informáticos e acesso à internet, a par do necessário treinamento. Como a FEB poderia auxiliar esses Centros Espíritas nessa direção?

    Dentro da ideia da inclusão digital, a FEB criou o curso à distância. Já mantemos há dois anos dois cursos à distância. Um sobre “Orientação e funcionamento do centro espírita”, e o outro sobre o “Movimento Espírita”. E temos um terceiro, que é a preparação do tutor para ministrar um curso, porque não queremos um curso centralizado só com a equipe da FEB. Presentemente, com esses cursos, usamos tutores de várias regiões do país e que somam esforços. Este ano nós vamos soltar mais cursos pela FEB. Essa é uma vertente. Na outra, que vai depender de equipamentos, alguns colaboradores do trabalho espírita podem ajudar na distribuição de DVD’s contendo vídeo-aulas, e ainda a modalidade de conversa à distância, através de vídeoconferência.
    Recentemente, estabelecemos um diálogo muito interessante: daqui das instalações da FEB conversamos com uma cidade do interior do Piauí. Um líder espírita do local teve a iniciativa de utilizar o computador com webcam e reunir todos os dirigentes espíritas da cidade e, em torno de uma mesa, eles conversaram comigo, trocaram ideias e foi muito interessante. Portanto, é uma experiência que está se iniciando. 

    Sobre seus ombros pesam enormes responsabilidades. O irmão pretende partilhar com a comunidade espírita, na forma de consultas, audiências ou outros canais de comunicação, com o intuito de colher subsídios para tratar de matérias e temas importantes para o Movimento Espírita, além, obviamente, dos canais e mecanismos formais já existentes? 

    Sim, nós temos ampliado esse ideal. Começamos a disponibilizar certos assuntos que eram decididos, por exemplo, só no âmbito da reunião do Conselho Federativo Nacional. Hoje mesmo colocamos assuntos a decidir pela internet para dirigentes de várias regiões, pedindo opinião para analisar, juntar e chegar a uma visão melhor e mais participativa em torno de um assunto dentro do Movimento Espírita. Estamos inicialmente ouvindo as 27 federações estaduais, mas nós queremos aumentar esse vínculo, da seguinte forma: antigamente, o Conselho Federativo Nacional tinha seis coordenadores de áreas. Nós replicamos isso nas regiões. Há quatro regiões do Brasil, e nós montamos seis comissões em nível regional para chegar mais perto da base, mais perto das unidades, de uma maneira que a decisão de um coordenador de área não será mais uma decisão individual, pois ele tem que ouvir os coordenadores das outras regiões do país. Isso nós já começamos a implementar, desde o final de 2012 ao início deste ano, e começamos também a estimular uma integração maior com as entidades especializadas. 

    Um dos eixos da Doutrina é a ciência. Como a FEB está tratando esta questão junto à Academia e a outras fontes de conhecimento da atualidade? 

    Veja, a FEB, por si só, sendo uma organização religiosa, e mesmo tendo nos seus quadros pessoas com formação acadêmica, eu entendo que não seria o caso de ela tomar posições de natureza científica, divergindo dos seus objetivos. Então qual é o caminho? Estamos fazendo parcerias com entidades especializadas. 

    Com o crescente surgimento dessas entidades especializadas (Associação de Magistrados Espíritas, Associação Médico-Espírita do Brasil, Associação de Psicólogos Espíritas, Cruzada dos Militares Espíritas etc.), como deve se posicionar a FEB, considerando o aspecto restritivo e até elitista dessas entidades? Aceitar, entendendo que é um fenômeno passageiro, ou incentivar, acreditando que se trata de um evento positivo? 

    Nem a FEB e nem o Conselho Federativo Nacional estimulam a formação de entidades especializadas. No início, essas instituições estavam sendo convidadas para integrar o CFN, porém, chegou-se à conclusão de que não era o caminho adequado, porque temos 27 estados e, de repente, essas instituições podem aumentar muito e comprometeriam a natureza e o objetivo do CFN. Mas começamos a discutir o tema. 
    Há um projeto para criação do Conselho Nacional de Entidades Especializadas, com a finalidade de tratar determinados temas que um centro espírita ou as instituições federativas não teriam condições para discutir. A exemplo das questões jurídicas, que interessam ao Movimento Espírita, assuntos da área médica, ou mesmo na interface da própria psicologia. Então seriam tratadas nesse nível, e trazidas como uma cooperação e apoio ao Movimento Espírita. O que nós estamos pretendendo? De certa forma, viabilizar um objetivo conjunto a essas instituições, para elas assessorarem no que for possível. 
    Já tivemos uma experiência interessante. O problema da descriminalização do aborto no Brasil, em que houve um momento extremamente delicado no ano de 2005. O que a FEB fez? Elaborou um documento doutrinário e distribuiu para todo o meio espírita, a título de esclarecimento. Todavia, não podemos apresentar esse documento aos Ministros do STF ou do STJ, ou aos parlamentares. Na época, houve uma reunião com a Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas e com a Associação Brasileira dos Médicos Espíritas e ambas fizeram um documento cientifico – um à luz da ciência jurídica e outro à luz da ciência médica – e apresentamos esses documentos. 
    Os apontamentos foram bem aceitos e eles colaboraram para que o aborto não viesse a ser aprovado naquele momento no Brasil. Então, nós estamos vivendo algumas experiências assim nessa interface, sem estimular elitismos, que jamais seria nosso propósito, e nem estimular a criação de um clã; entretanto, aproveitar, talvez em conjunto com espíritas que têm determinada formação para trazer subsídios ao Movimento Espírita. É esse o foco. 

    Diante da clara divisão que existe no Movimento Espírita, muitas vezes manifestada em posturas emocionalizadas e radicais, como a FEB deve conduzir clara e publicamente o tema Roustaing? Que iniciativas faltam para apaziguar ânimos? 

    Nós já vivemos momentos bastante delicados no Movimento Espírita, que eu acompanhei muito de perto. Sobrevieram momentos muito complicados em algumas gestões Houve nessa interconexão um período em que o presidente Thiesen decidiu junto com o CFN que, conforme estabelece o Pacto Áureo, a base dos trabalhos federativos é a obra de Allan Kardec, e isso tem sido seguido até hoje. 
    Nessas condições, fica muito claro que o CFN em termos de movimento nacional trabalha com a obra de Allan Kardec. De modo óbvio, respeitamos perfeitamente e convivemos com pessoas que gostam e estudam a obra de Roustaing mas não usamos isso como ponto de atrito ou desunião; procuramos buscar hoje o ponto de convergência, e esse eixo de estabilização do Movimento Espírita é a obra de Kardec. 

    As obras de Roustaing continuam sendo republicadas? 

    A obra de Roustaing consta do catálogo da FEB,e não há sua divulgação, por  exemplo, nas páginas da Revista Reformador e essa foi uma decisão adotada em gestões anteriores, mas respeitamos aqueles que pensam ou que adotam as obras de Roustaing. 

    Numa sociedade mercadológica/mercantil em que eventos espíritas pagos em geral se apresentam em números cada vez maiores, qual deve ser a postura da FEB? 

    Nós estamos ultimamente bastante preocupados com isso, inclusive resolvemos optar, por exemplo, que o 4º Congresso Espírita Brasileiro não seja realizado em Brasília, porque o custo da realização de um Congresso Brasileiro em Brasília é muito alto. Realizaremos quatro congressos simultâneos, e pela estimativa que temos, quatro eventos terão um dispêndio financeiro comparado a um só realizado em Brasília, então a questão aí é clara: temos que pensar na simplificação, excluir qualquer ostentação e aplicar os recursos ao mínimo necessário. Qual o cenário atual? Infelizmente, ainda não temos uma maneira adequada de angariar recursos ou forma de investimento de quem participa; porém, o que almejamos é minimizar os gastos. 
    O procedimento que vamos adotar no 4º Congresso Espírita Brasileiro seguirá os moldes de uma experiência vivida em São Paulo, considerando os atuais congressos espíritas paulistas. O inscrito, quando paga a taxa de participação, está simultaneamente comprando um “vale-livros. Dessa forma, com o valor do vale, ele vai retirar na livraria do Congresso aquele valor em livros. Então, aí vai ficar por conta das editoras trabalhar também com um custo baixo para que as pessoas se beneficiem com o Congresso e com a obra, levando ainda um livro ou mais de um livro. 

    Com o advento dos tablet`s, PDA`s, leitores digitais e o grandioso espaço que a internet propicia – vislumbrando um futuro próximo em que as novas gerações deixarão o papel de lado, não seria oportuno a FEB estabelecer um programa permanente de disponibilização de novos livros e obras espíritas para download, a preços módicos, em seu site, instituindo inclusive uma nova fonte de renda? 

    Começamos agora, no segundo semestre de 2012, a disponibilizar para download livre, na internet, as antigas apostilas da FEB e as obras da Codificação. O que está sendo estudado pela editora FEB hoje é disponibilizar para download, por um preço acessível e com um selo de garantia da FEB, os demais livros. O que está ocorrendo? Há uma constatação de que quase todos os livros espíritas que estão disponíveis na internet para downloads não são autorizados. Já verificamos inclusive livros da FEB disponíveis para download com várias incorreções. São incompletos, com parágrafos e capítulos suprimidos, ou seja, a pessoa que acessa essas obras está sujeita a ser enganada; então o único caminho hoje, e não adianta a gente ficar brigando, é disponibilizá-los para download com o preço acessível e com o selo febiano de garantia. 

    Temos obras espíritas incompletas e antigas sem revisão na rede mundial e, ainda, considerando as centenas de sites que liberam inúmeras obras espíritas para download gratuito, a FEB (respeitando a lei de direitos autorais), em relação às suas publicações, não poderia disponibilizar os mesmo títulos em seu site de maneira segura? 

    Eu acho que esse é o caminho do futuro, porque nós estamos trabalhando também com os e-books. Já começamos, é tanto que a FEB já tem alguns disponíveis, como também o Conselho Espírita Internacional. E em algum momento eles estão disponibilizados no site Amazon, quer dizer, sediados nos EUA, mas nós estamos trabalhando a ideia de aumentar isso e disponibilizar aqui no Brasil, inclusive é um fato bastante interessante, porque no caso do Amazon, uma pessoa adquire um livro da FEB e do CEI, na Europa ou nos EUA, pelo mesmo preço do livro que seria editado aqui no Brasil, pelo mesmo preço. 

    Será que livros gratuitos na internet gerariam impacto financeiro, em se tratando de uma prática comum atualmente? Será que os livros virtuais não dariam maior visibilidade ao portal da FEB, ou seja, não tornaria o site uma robusta ferramenta de divulgação da Nova Luz para o mundo? 

    Considerando os livros virtuais, bem como as assinaturas de revistas – a FEB já tem a assinatura digital do Reformador, então a pessoa pode fazer a opção entre assinatura digital e assinatura digital e impressa. No caso dos livros, é o caminho do futuro, e pelas tendências que a gente tem escutado de mercado, isso não inviabiliza a impressão. Termos um livro, por exemplo, para ser lido ou acessado em algum momento pelo tablet. Fica às vezes muito complicado você ter esse livro inteiro, disponível o tempo todo para você, e fica caro se você fizer impressão caseira. É muito comum as pessoas utilizarem o recurso de pesquisa do livro digital para consulta rápida, mas ela quer muitas vezes saborear o livro impresso também, por isso creio que é um mercado novo no Brasil (nos EUA é muito desenvolvido o aspecto do livro digital). Entendo que a vida virtual é o presente e o futuro, e que nós temos que passar por uma transição.

    segunda-feira, 6 de maio de 2013

    O OPRÓBRIO DO “DIZ-QUE-DIZ”


    Será que o veneno da língua [maledicência (1)] aproxima as pessoas fuxiqueiras? Pesquisadores das universidades de Oklahoma e do Texas (EUA) afiançam que “amizades” mais duráveis partilham julgamentos negativos (intrigas) sobre coisas e pessoas em comum, por isso depreciam os outros ao redor. Há grupos de “amigos” que tendem acolher as mesmas coisas e as mesmas pessoas fofoqueiras e rejeitar as pessoas miradas pelo grupo. Se alguém conhece um conluiado que faz restrições idênticas (afinidade moral) sobre o comportamento de outrem, as chances de se “gostarem” são grandes.
    Quando se fala mal de algo ou de alguém para um cúmplice e este concorda com o que é dito, ambos sentem-se “melhores” e “avigorados”, pois ambos legitimam aquele sentimento ruim, e faz com que “percebam” mais força, e ganhem uma imensa “autoconfiança” para o mal. O filósofo Platão admoestou: “Calarei os maldizentes continuando a viver bem; eis o melhor uso que podemos fazer da maledicência” (2).
    O “diz-que-diz” é um componente incrustado e inflexível nas aglomerações sociais e nos ambientes profissionais. Quando um boato é maliciosamente produzido, apresenta em si cargas de perversidade, ausência de alteridade, falta de indulgência, vingança, “olho gordo”, “dor-de-cotovelo”. Uma vez impregnado, mais cedo ou mais tarde, atingirá aos ouvidos dos figurantes abrangidos, provocando irreparáveis consequências que podem tanger a tolas rupturas de velhas afeições e até a demissão por justa causa, destruição de casamentos e de lares, aparecimento de rancores ferrenhos, por vezes chegando a culminar em assassinato ou suicídio de pessoas emocionalmente frágeis.
    Funesta e destrutiva é a palavra na boca de quem alista falhas do próximo; tóxico perigoso é a demonstração condenatória a escoar nos beiços de quem fuxica; barro podre, exalando enxofre, é a oscilação desafinada das cordas vocais de quem recrimina; braseiro tenebroso, escondendo a verdade, é a intriga destrutiva. "Ai do mundo por causa dos escândalos, porque é necessário que venham os escândalos, mas, ai daquele homem porque venham os escândalos.”. (3)
    A maledicência é plantio improfícuo em solo apodrentado. Não há amparo se, por ensejo de ajuda, se ostentam as feridas de outrem à indiferença de quem ouve. Paulo de Tarso advertiu: “a sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios” (4). Lutemos contra a maldição da fofoca supostamente inofensiva, mas que arrasa todos os confins por onde se propaga. As "palavras mal-intencionadas", maledicentes têm, quase sempre, adicionadas à sua substância, uma dose peculiar de condimento, de estilo estritamente particular, cujo "cozinheiro-mor" é o próprio responsável pelo seu repasse adiante.
    Quem se afirme espírita não pode esquecer que os críticos do comportamento alheio acabam, quase sempre, praticando as mesmas ações recriminadas. Deploramos o clima de comprovada invigilância admitida pelas aventuras do entusiasmo desapiedado dos caluniadores, com suas mentes doentias, sempre às voltas com a emissão ardente do fuxico generalizado. Confrades que ficam “felizes” ante as dificuldades e eventuais deslizes do próximo. Assestam a volúpia da fofoca, com acusações infames sobre fatos que ignoram, sempre em direção às aflições e lutas íntimas de pessoas que tentam se erguer de algum desacerto na caminhada.
    Não é ficção! Há seres infaustos que se locupletam no mexerico exultante de verem alguém sofrendo uma prova mais difícil. Outros se valem do cansativo clichê "vamos orar por eles!", para aguçar as substâncias de suas falsidades. Esquece-se de que o falatório induz à fascinação, secundando o desequilíbrio.
    Aos fuxiqueiros contumazes e rabugentos críticos dos erros de conduta do próximo recomendamos uma reflexão de que na viagem de mil quilômetros, como dizia Chico Xavier, não nos podemos considerar vitoriosos senão depois de chegarmos à meta almejada, porque nos dez últimos metros, a ponte que nos liga ao ponto de segurança pode estar caída e não atingiremos o local para onde nos dirigimos.
    Enfim, a palavra constrói ou destrói facilmente e, em segundos, estabelece, por vezes, resultados gravíssimos para séculos. Por essa razão, “o algodão do silêncio é um dos melhores recursos para asfixiar a maledicência e fazer calar acusações indébitas”. (5)

    Referências Bibliográficas:
    (1) O termo maledicência significa fuxico, mexerico, mordacidade; é o ato ou aptidão para falar mal dos outros, cuja intenção é denegrir, difamar.
    (2) Platão , disponível em http://pensador.uol.com.br/autor/platao/ a cessado em 6/5/2013
    (3) Mateus 18:7
    (4) Rom. 3 :13
    (5) Franco, Divaldo Pereira. Lampadário Espírita, ditado pelo Espírito Joana de Angelis, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1974