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  • terça-feira, 29 de abril de 2014

    DO INFINDÁVEL INSULAMENTO CHINÊS AO CRISTIANISMO “AMARELO” DO PORVIR (Jorge Hessen)

    Jorge Hessen
    http://aluznamente.com.br
    Para determinados teóricos do ocidente, a religião é a chave para decifrar a civilização humana. No oriente, o atual governo chinês ainda tem uma visão totalmente diferente de religião. Depois que o PCC-Partido Comunista Chinês ganhou o poder, empregou um regime extremamente rígido de controle e monitoramento das religiões. Após 1949, todas as atividades cristãs foram proibidas na China e estudos religiosos foram catapultados. A perspectiva histórica sobre a religião ensinada lá é baseada na teoria marxista de que “o Cristianismo é o ópio do povo”.
    Todas, rigorosamente todas, as entidades políticas que abraçam o comunismo instituem ditaduras bárbaras. Os ditadores almejam ampliar seu controle não somente sobre o mundo físico e a mente humana, mas também no mundo do “espírito”, oferecendo uma explicação derradeira para tudo. Portanto, eles consideram todas as religiões como teorias malignas que ameaçam seu poder. Aliás, eles avaliam todos e quaisquer grupos organizados como ameaças a seu regime.
    Num dos atos históricos mais extravagantes advindo do desprezível totalitarismo comunista, acredite se puder ou quiser!... A China, em 2008, aprovou uma proibição a todos os monges budistas tibetanos de “reencarnarem” sem autorização prévia do PCC-Partido Comunista Chinês. O pretexto de tamanha estupidez é cortar a influência do Dalai Lama, líder espiritual e político do Tibete (exilado na Índia) numa tentativa de sufocar o estabelecimento religioso budista meio século depois de invadirem o pequeno país dos Himalaias.
    Ao excluir a hipótese de qualquer budista reencarnar em território chinês o PCC passa a “controlar” a reencarnação do Dalai Lama, e a lei efetivamente dá o direito às autoridades chinesas de elegerem a “reencarnação” do próximo Dalai Lama. Naturalmente não vamos perder tempo para comentar tal sandice.
    Apesar dos pesares, durante a maior parte da história chinesa, propagar o budismo e o taoismo era permitido. Acreditamos que os confrontos entre política e religião na China se tornarão a breve tempo a principal questão na sociedade chinesa. Não obstante a China ser um país ateu, esse cenário está mudando rapidamente. Muitos dos seus 1,3 bilhão de cidadãos estão buscando conforto espiritual, o qual é algo que nem o comunismo nem o capitalismo parece poder oferecer a nenhum deles.
    Sobre essa milenar civilização, Emmanuel lembra em “A Caminho da Luz” que no advento dos capelinos para a Terra, em épocas antiguíssimas, a existência chinesa já contava com uma organização regular, oferecendo os tipos mais homogêneos e mais selecionados do planeta, em face dos remanescentes humanos primitivos. Portanto as raças adâmicas ainda não haviam chegado ao orbe terrestre e entre os chineses já se ouviam grandes ensinamentos do plano espiritual, de soberano interesse para a direção e solução de todos os problemas da vida.
    Nos milênios recuados brilhou a luz de Fo-Hi, compilador de ciências religiosas da China; em seguida surgiu Lao-Tsé,sob cujos ensinamentos Confúcio fez questão de formar a base dos seus princípios. Confúcio viveu cinco séculos antes da vinda do Cristo e auxiliou a preparar os caminhos do Evangelho no mundo. Nesse mesmo período reencarnaram outros emissários do Mestre na Grécia, Roma e noutros centros adiantados do planeta. Todos eles eram elevados Espíritos da ciência, da religião e da filosofia, legítimos precursores do Evangelho, a fim de que a Humanidade estivesse preparada para a aceitação das instruções de Jesus há dos mil anos.
    Em 1938, Emmanuel examinou o estado de estagnação da alma chinesa nos últimos séculos e concluiu sobre a necessidade imperiosa da raça amarela comungar no banquete de fraternidade dos outros povos. A cristalização das ideias chinesas advinha do isolamento voluntário. Em face disso, o mentor de Chico Xavier explicou que a existência é uma longa escada, na qual todas as almas devem dar-se as mãos, na subida para o conhecimento e para Deus. A China devia ser também convocada, pelas transformações do século, à grande lição do entrelaçamento da comunidade planetária, a fim de ensinar as suas virtudes (espirituais) e aprender as virtudes dos outros povos.
    O autor espiritual de “Há dois mil anos” observou que a palavra direta do Cristo, consubstanciada no seu Evangelho, ainda não tinha chegado ao povo chinês de um modo geral, a fim de iluminar o caminho de todos os corações. Porém, de forma instigante, Emmanuel profetizou que um sopro de vida (Boa Nova?) romperá as sombras milenárias que caíram sobre a república chinesa. Vaticinou que mãos valorosas erguerão o monumento evangélico naquele mundo de dolorosas antiguidades, e um novo dia raiará (Espiritismo?) para a grande nação que se tornou historicamente o símbolo de paciência e de perseverança para os outros povos. (1)
    Decorridos esses anos após a previsão de Emmanuel, estudos atuais afirmam que a China pode estar prestes a se tornar não apenas a economia número um do mundo, mas também a nação com o maior número de cristãos do planeta segundo Fung Yang, professor de sociologia da Universidade de Purdue e autor do livro “Religião na China: Sobrevivência e Reavivamento sob regime comunista”. (2) Pelas estatísticas a panorâmica é concreta! Observemos: Não obstante toda força do PCC, paradoxalmente em 2010 havia na China mais de 58 milhões de cristãos (considerados aqui apenas os evangélicos/protestantes) em comparação com os 40 milhões no Brasil e os 36 milhões na África do Sul, segundo pesquisa do Centro de Pesquisa Pew. E esse número poderá aumentar para cerca de 160 milhões até 2025. Isso poderá superar o número de protestantes nos EUA que é de cerca de 159 milhões, comprovados em pesquisa de 2010. (3)
    Desde o século XIX o Espiritismo tem confirmado pelos fatos as relações entre o mundo material e o além-túmulo. Nova luz tem despertado consciências humanas. A Fé e a Razão são as duas asas pelas quais o coração se ergue para enxergar da verdade. O Criador  assentou no coração do homem o anseio de conhecer a verdade e de compreendê-Lo, para que admitindo-O e amando-O alcance aproximar-se da verdade plena sobre si próprio. A fé precisa da razão tanto quanto esta necessita da fé, a fim de que  o materialismo seja definitivamente debelado. Mas nisso, como em tudo, há aqueles ateus fanáticos que ficam atrás, até serem arrastados pelo movimento geral, que os abate se tentam resistir-lhe, em vez de o acompanharem.
    É toda uma revolução que neste momento se opera e trabalha os espíritos. Após uma elaboração que durou mais de dezenove séculos, chega ela à sua plena realização e vai marcar uma nova era na vida da Humanidade. Fáceis são de prever as consequências: acarretará para as relações sociais inevitáveis modificações, às quais ninguém terá força para se opor, porque elas estão nos desígnios de Deus e derivam da lei do progresso, que é lei de Deus. (4)


    Notas e referências bibliográficas:

    (1)            Xavier, Francisco Cândido. A Caminho da Luz, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1974.
    (2)            Fung Yang , professor de sociologia da Universidade de Purdue e autor do livro “Religião na China: Sobrevivência e Reavivamento sob regime comunista”

    terça-feira, 22 de abril de 2014

    O ARTIFÍCIO DA MEDITAÇÃO NÃO PODE ENGESSAR NOSSAS MÃOS (Jorge Hessen)

    Jorge Hessen
    http://aluznamente.com.br

    Uma singular prática de reeducação de presos tem sido adotada na Índia. O Complexo Penitenciário de Tihar, em Nova Délhi, conquanto abrigue o dobro de sua capacidade oficial de encarcerados, conseguiu implantar o exercício do vipassana (“visão interior"), ideário adotado por Sidarta Gautama, o popular Buda. A técnica consiste em exercícios de meditação bem complexos. Os presos (voluntários) devem ficar algumas vezes por mês completamente em silêncio e meditar por 8 horas diárias - inteiramente inertes, sem mover nenhum músculo do corpo em busca de paz e “ascensão espiritual”.
    Na concepção de Satya Narayan Goenka, idealizador da prática no presídio, a meditação ajuda a maior compreensão da realidade. Por essa razão, auxilia os presos a distinguir a clausura como uma etapa, uma jornada para se tornarem pessoas melhores e verdadeiramente livres. Segundo Goenka, os presos praticantes se tornaram mais “equilibrados”, motivo pelo qual a penitenciária passou a registrar menos incidentes violentos, a reincidência criminal dos praticantes que são libertados igualmente diminuiu. (1) A proposta de Satya Narayan é desafiadora sem dúvida, considerando o ambiente hostil de um presídio. Não deve ser nada simples a disciplina do corpo e da mente  para introspecções (meditações) nas atmosferas de uma penitenciária.
    A rigor, ao exercitarmos uma oração experimentamos alguma forma de meditação. Obviamente, com o exercício disciplinado dos pensamentos se pode chegar aos melhores resultados de uma prece. É quando se consubstanciam energias harmônicas em níveis de autoconsciência. Mas o domínio dos pensamentos, considerando a cultura ocidental, é de extraordinária dificuldade. Quase sempre nós ocidentais lançamos ideias vagas, pueris, sensuais, projetamos censuras, mantemos anseios utilitaristas, entulhamos as descargas neurológicas que geram amplo consumo de energia física e mental. Seguramente a concentração (meditação) no ambiente adequado pode aliviar a tensão emocional e patrocinar um nível de estabilização e alívio psíquico que tende a refletir no bem-estar físico e espiritual.
    Obviamente, a prática meditativa aplicada por Narayan Goenka no presídio de Tihar não contém vínculos diretos com as finalidades espíritas. Não constam nos cânones das Obras Básicas as técnicas para meditação esotérica, embora não haja rigorosa incompatibilidade com os mandamentos doutrinários, até porque todo e qualquer exercício que favoreça o equilíbrio espiritual, deve ou pode ser estimulado. Entretanto, nesse caso específico, urge muita cautela; lembremos que não se deve confundir as irradiações mentais através da prece com a meditação mística, mormente aplicada pelo budismo. Em razão disso, a Doutrina dos Espíritos recomenda que não se instale nos centros espíritas salas específicas para meditações esotéricas.
    Há instituições espíritas que promovem cursos para técnicas de meditação com base na cultura oriental, todavia é necessário ajuizar a inoportunidade de tais práticas. É preciso ter cuidado para que esses métodos não descaracterizem a proposta dos Benfeitores Espirituais, até porque as doutrinas vinculadas às práticas de meditações místicas têm suas próprias instituições destinadas ao exercício de meditação, e certamente nada impede que os “espíritas” ajustados com essas propostas busquem os núcleos não espíritas adequados e aí meditem quando, como e quanto desejarem.
    Seja como for, é de bom alvitre que os “meditadores” não se esqueçam que qualquer exercício de meditação não deve ser inoperante, pois o ideal de concentração mais nobre, sem trabalho que o materialize, a benefício de todos, será sempre uma soberba prática improdutiva. Conservar, pois, a meditação transcendente no coração, sem nenhuma atividade nas obras de ampliação da caridade, da sabedoria e do amor, consubstanciados no emprego do amor e da fraternidade, consistirá em manter na terra viva do sentimento um ídolo morto, enterrado entre as flores agrestes nos jardins da ilusão.
    Jamais olvidemos que enquanto diferentes doutrinas ensinavam a meditação (recolhimento contemplativo), o insulamento social completo, na busca do EU “profundo”, o Cristo elegeu peregrinar por entre a multidão, confortando uns, auxiliando outros, situando sua doutrina não através de vocábulos vazios ou artifícios místicos, todavia fundamentando-a no exercício da ação do amor, a exemplo da metáfora do samaritano que socorreu seu próximo na estrada de Jericó.
    O Codificador, confessando Jesus, igualmente não se isolou numa atitude meditativa (contemplativa); sua meditação foi o exercício do Espiritismo através da caridade, na medida em que confortou numerosos necessitados, estimulou doações a desabrigados por meio da Revista Espírita, e junto de sua amada Amélie Gabrielle Boudet fez visitas a diversas famílias carentes. Justamente por sentir essa necessidade, Kardec lançou O Evangelho Segundo o Espiritismo, para mim  a Carta Magna da Codificação, que se tornou imprescindível ao entendimento da angústia humana, assim como do desígnio da existência terrena, ensinando que a beneficência é o mais perfeito caminho a dar sentido e significado à nossa vida social. Aliás, Chico Xavier percebeu bem essa dimensão de Jesus e Kardec, uma vez que poderia ter ficado embevecido, em meditações e êxtases, deslumbrado ou arrebatado com as interligações diretas com mundo espiritual; contudo, praticando o EVANGELHO se consagrou a amar o próximo incondicionalmente.
    Em suma, cremos que meditar é importante, desde que não paralise nossas mãos, nem nos faça abdicar dos convites dos Benfeitores Espirituais, uma vez que eles apontam a rota segura de uma meditação produtiva, que não nos hipnotiza com técnicas que centram atenções exclusivas em nós mesmos, até por que O Meigo Rabi nos conclamou a amar o próximo como a nós mesmos e não o oposto, ou seja, todo o amor, júbilo, contentamento que ansiamos para nós, devemos em condição de equidade aos nossos iguais.


    Referência:

    (1)            Disponível em http://super.abr   il.com.br/cultura/presidio-meditacao-535964.shtml?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_super acesso 19/04/2014

    sexta-feira, 11 de abril de 2014

    A BOA SOLIDÃO ACAUTELA O HOMEM CONTRA A VIDA SOLITÁRIA (Jorge Hessen)

    Jorge Hessen
    Http://aluznamente.com.br

    Pesquisa realizada por John Cacioppo, cientista e professor de psicologia da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, sugere que o isolamento impacta e acelera o extermínio “prematuro” do idoso solitário. Para Cacioppo há fatores de risco em face do sentimento de solidão, dentre os quais estão a interrupção frequente do sono, elevação da pressão arterial, aumento do cortisol (hormônio do estresse), alteração do sistema imunológico e aumento da depressão. (1) Talvez realmente a solidão seja preocupante enfermidade dos dias de hoje.

    As criações tecnológicas, avançando em uma velocidade vertiginosa, propõem “democratizar” as relações sociais. Tais recursos vêm disponibilizando recursos sedutores, a saber: a TV digital, os smartphones com suas múltiplas funções, os vídeos e filmes de alta definição, os notebooks, os tablets, a internet, as redes sociais, os jogos eletrônicos virtuais; eis aí uma lista mínima do que a tecnologia tem proporcionado.

    Há uma respectiva quebra da necessidade de se estar fisicamente “junto”, a fim de conversar, ampliar amizade, trocar emoções. Consegue-se através do aplicativo whatsapp, por exemplo, dialogar, trocar mensagens, vídeos, fotos, de qualquer lugar, horário e distância, conectando-se todos a tudo. Viabiliza-se resgatar amizades perdidas no tempo, reencontrar familiares que a distância afastou e refazer relacionamentos que se submergiram pelos caminhos. Entretanto, paradoxalmente, a tecnologia que nos cerca externamente pouco preenche interiormente. De tal modo que não será a tecnologia que nos afastará da “má solidão”, aliás, característica dos que não vivem valores da solidariedade, da compaixão, da fraternidade.

    Vive-se hoje a estranha sensação de que não se está sozinho na multidão. Indivíduos cercados por pessoas em ônibus, metrôs, aviões, estádios, localidades de trabalho, avenidas, ruas. Contudo, nessa selva de pedras existem muitos sujeitos solitários. E quanto mais são cercados de gente, de barulho, de tarefas, mais se agrava a sensação de que estão sozinhos. Parece contraditório? Será a “maligna solidão” a ausência de companhia, de pessoas à volta de certos solitários? Consistiria em estar longe das civilizações?

    Mas será que toda solidão é malfazeja? Notemos a rocha que sustenta a planície costuma viver isolada e o Sol que alimenta o mundo inteiro brilha sozinho. Lord Byron dizia que "na solidão é quando estamos menos só." (2) Para certas horas a saudável solidão é para o espírito o que a dieta é para o corpo. Muitas vezes, para ouvirmos a voz sincera da consciência precisamos saber fazer silêncio em torno de nós e dentro de nós. Há momentos em que é imprescindível a busca da benéfica solidão para nos encontrarmos conosco, em um reencontro com a própria alma, de maneira tranquila e serena, sabendo que guardamos em nossa intimidade a chave para nossa ascensão espiritual. É nesses momentos de introspecção que conseguimos analisar atitudes, valores e sentimentos. Sob esse ponto de vista, a meiga solidão será oportuna companheira a ser buscada, para que possamos nos encontrar e nos conhecer.

    Não esqueçamos que em nossa marcha rumo à luz imperecível cultivamos diálogos que dizem respeito somente a nós mesmos. Nada nos impede, pois, com regularidade, evadirmo-nos do mundo, buscando momentos de magna solidão, em que teremos apenas nós mesmos para viajar em torno da consciência, pois quando silencia o mundo à nossa volta conseguimos ouvir a voz da consciência e até mesmo escutar o nosso “EU” histórico. Serão esses espaços de abençoada solidão que nos consentirão reavaliar comportamentos para, nas próximas experiências, evitar que repitamos os mesmos desacertos, em análogas ocasiões. A sós, diariamente, alguns momentos para meditar a respeito do que fazemos, como fazemos, nos permitirá marchar por estradas íntimas e nos desvendar em profundidade.

    Há quem use a prodigiosa solidão como tempo de inspiração, análise e programação. Quando fazemos silêncio exterior, damos vazão ao mundo interno, intenso e palpitante. Há tanta gente mergulhada em alaridos indigestos, dominada por conversas maledicentes ou pelo estrondo de risadas burlescas; há tanta gente rodeada de pessoas, mas com a alma amargurada, oprimida, oca. Lembremos que tudo tem o seu tempo determinado, conforme narra o Eclesiastes. Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar, tempo de colher, tempo de chorar e tempo de sorrir; tempo de falar e tempo de silenciar também.” (3) Então, por que temer a santa solidão? Se a vida nos oferece a bondosa solidão, saibamos abrigá-la como um tesouro. Aproveitemos cada instante para meditações. Encaremos tudo e todas as circunstâncias como ensejo de aprendizado.

    Obviamente Deus nos criou para viver em sociedade. Não nos ofereceu inutilmente a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação humana. É natural que o “isolamento absoluto” seja contrário à lei da Natureza, até porque por instinto buscamos a sociedade e devemos concorrer para o progresso, auxiliando-nos mutuamente. Ora, completamente isolados, não dispomos de todas as faculdades. Falta-nos o contato com os outros de nós. No isolamento incondicional ficamos brutos e morremos. (4) Por essas criteriosas razões é importante caracterizar as distintas solidões – aquela que significa fuga definitiva do convício social daquela outra que nos abastece a alma a fim de que jamais constemos no rol dos seres solitários.

    Notas e referências bibliográficas:

    (1)           Disponível em http://oglobo.globo.com/saude/solidao-aumenta-em-14-as-chances-de-idosos-morrerem-de-forma-prematura-11609030#ixzz2yAIPeewV acesso em 05/04/2014
    (2)           George Gordon Byron, comumente conhecido como Lord Byron; foi um escrito/poeta inglês do século XIX.
    (3)           Eclesiastes 3:1-8
    (4)           Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, questões 766,767 e 768, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2000

    segunda-feira, 7 de abril de 2014

    CURA DE CORPO PERECÍVEL NÃO É FINALIDADE DE UM CENTRO ESPÍRITA (Jorge Hessen )

    Jorge Hessen

    Homero Pinto Vallada Filho, professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, garante que, sob o ponto de vista social, a terapia complementar religiosa (ou espiritual) é uma aliada importante dos serviços de saúde. Recentemente Homero orientou a pesquisa concretizada pela médica Alessandra Lamas Granero Lucchetti, objetivando mostrar a dimensão do trabalho realizado pelos centros espíritas, o grande número de atendimentos prestados e os diferentes serviços oferecidos.

    Lamas Granero obteve fazer um levantamento inicial de 504 centros espíritas da capital paulista que possuíam site na internet contendo endereço de contato. Notou que os principais motivos para a procura pelo centro espírita foram os problemas de saúde, mormente vinculados à depressão (45,1%), ao câncer (43,1%) e doenças em geral (33,3%). Também foram constatados relatos de dependência química, problemas de relacionamento.

    Aspecto que destacamos na pesquisa da médica é que nos tratamentos realizados, a prática mais presente foi a desobsessão (92,7%) e a menos frequente (graças a Deus!!!...) foi a cirurgia espiritual, e mesmo nessas cirurgias não havia os agressivos cortes (5,5%) – ótimo!... Outra coisa alvissareira que constatamos no estudo de Alessandra é que em quase todos os centros os pacientes são orientados a continuar com o tratamento médico convencional, caso estejam fazendo algum, ou mesmo com as medicações indicadas pelos médicos. Parece que os espíritas estão realmente mais conscientes.

    Confirma-se assim o que estamos indicando em diversos artigos publicados sobre a temática: o Centro Espírita não pode e não deve ser um complexo hospitalar, entronizando métodos de cura física para os doentes que o procuram. Entretanto, deve priorizar a educação da alma em que se destaca a terapêutica da informação da Doutrina Espírita, considerando a terapia do espírito, a fim de que os doentes (espirituais) possam curar suas próprias moléstias (físicas).

    O Centro Espírita é um pronto-socorro aos necessitados de amparo e esclarecimento, seja através da evangelização, das orações ou dos tratamentos espirituais; ou seja, pelas orientações morais e materiais. A Casa Espírita oferece as bênçãos do passe, que sabemos ser um método tradicionalmente eficaz para transmissão de fluidos magnéticos e espirituais em favor daqueles que se encontram, moral e fisicamente, descompensados, fortalecendo-se-lhes o corpo físico e o tecido espiritual (períspirito).

    Portanto, é contraproducente transformar o centro espírita em hospitalzão, a fim de atender a todas as enfermidades físicas; isso é uma alienação, é perder o foco da prática espírita. Mas não há contradição em uma atividade de atendimento a enfermos portadores de problemas espirituais. Pode-se aplicar-lhes passes magnéticos, ofertar-lhes a água magnetizada (se for o caso), mas a tarefa fundamental do Centro Espírita é clarear e despertar a consciência daqueles que o procuram.

    É bem verdade que a pesquisa de Lamas Granero descreve as atividades realizadas nos centros espíritas e salienta não só a importância social desempenhada por eles, mas também a contribuição ao sistema de saúde como coadjuvante na promoção da saúde, algo que a grande maioria dos acadêmicos desconhecem.

    Reenfatizamos mil vezes que o centro espírita não tem por escopo principal a cura dos corpos perecíveis; fica bem nítido o equívoco em que incorrem os companheiros que, inadvertidamente ou empolgados excessivamente, prometem curas milagrosas para patologias que a medicina humana não cura. Todas as terapias para tratamento físico são secundaríssimas, até porque tratam de efeitos considerando a percepção que os enfermos têm da vida e sua maneira de viver. Para que as superficiais terapias (físicas) tenham efeito duradouro é preciso que os doentes busquem a transformação moral, pois a enfermidade é sempre um reflexo da alma, revelando que algo não vai bem na história comportamental do doente.

    Uma casa espírita orientada pelos cânones de Allan Kardec prioriza o esclarecimento ao doente, informando-lhe que somente mudando a atitude equivocada que ocasiona a enfermidade é que se possibilita a cura. Quando não há uma transformação moral verdadeira a recuperação física será temporária, pois as doenças têm suas causas nos desequilíbrios morais. É exatamente assim a vida: colhemos o que semeamos, seja desta atual encarnação, seja das vidas anteriores.

    Por fim, diante de todos os males e quaisquer doenças, a casa espírita deve orientar os doentes para a mudança de comportamento, centrando os pensamentos e os ideais em Jesus, pois o remédio da enfermidade é e sempre será a prática do Evangelho.