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  • sábado, 24 de janeiro de 2015

    SE HÁ TANTAS EVIDÊNCIAS À FAVOR DA REENCARNAÇÃO POR QUE NEGÁ-LA ? (Jorge Hessen)

    Jorge Hessen

    Reencarnar é o regresso contínuo de um mesmo Espírito à vida em diversos corpos. Reassumir a forma material é uma lei tão natural quanto nascer, viver ou desencarnar. Mas, se é tão evidente o fenômeno por que, então, a maioria dos cientistas o desconhece?” A razão é simples: a ciência ainda está sob o jugo do materialismo e não consegue explicar tudo. O conhecimento científico é limitado, inobstante seja progressivo. As verdades aceitas pelas academias são consecutivamente efêmeras e provisórias. Nem é necessário ser um cientista hoje para considerar normais os numerosos fenômenos que há menos de 6 séculos eram totalmente ignorados pelos cientistas da época: o movimento da Terra, as partículas subatômicas, a composição química da água, etc.

    Corriqueiramente o cientista revê suas teses da véspera. Contudo, o conhecimento humano só avança através de pesquisa e, efetivamente, os que negam a teoria da reencarnação jamais a estudaram cuidadosamente. Entretanto, alguns cientistas de renome que a pesquisaram concluíram tratar-se de fato inegável: Thomas Edson , William Crookes , Charles Richet e tantos outros pesquisadores que confirmaram cientificamente os mecanismos da pluralidade das existências , a exemplo de Ian Stevenson, Brian L. Weiss, Erlendur Haraldson, Hellen Wanbach, Edith Fiore , Pierre Marie Félix Janet , Hemendra Nath Banerjee, Milton H. Erickson, Morris Netherton , Amit Goswami, Jünger Keil, Fenwick, Harold G. Koenig, Jim Tucker, Hernani Guimarães Andrade e Hermínio Correa de Miranda, que trouxeram resultados notáveis sobre a tese reencarnacionista.

    O pesquisador Trutz Hardo narra em seu livro “Children Who Have Lived Before: Reincarnation Today” a história do menino de 3 anos de idade, da região das Colinas de Golã (fronteira entre a Síria e Israel), que afirmou ter sido assassinado com um machado em sua vida anterior. Surpreendentemente o garoto indicou os lugares onde o seu corpo foi enterrado e o local onde foi oculta a arma do crime. Através de escavações foram encontrados um esqueleto de um homem e um machado. A criança também lembrou o nome completo do seu assassino que diante das excepcionais evidências assumiu o homicídio. [1]

    A história e a constatação dos fatos relatados pelo garoto de golã foram testemunhadas pelo Dr. Eli Lasch, conhecido por desenvolver um sistema médico de Gaza como parte de uma operação do governo israelense na década de 1960. A notícia foi bastante compartilhada nas redes sociais no início de 2015, após ter sido publicada na versão brasileira do site inglês Epoch Times. Entretanto, há quem afirme que“ não passa de enganação”, segundo o ponto de vista do obscuro analista de sistemas (idealizador do site www.e-farsas.com).

    Diz o “notório” detetive virtual que “cada um acredita no que quer, mas não há nenhuma prova científica de que a reencarnação exista de fato. A história publicada no Epoch Times é uma tradução de um artigo de 2014 sobre um livro de 2012 que narra um fato contado por um médico que morreu em 2009 e não pode ser comprovado! [2] Portanto, o livro, o episódio, as provas cabais, as testemunhas são medíocres, meros elementos de farsas, ilusão, embustes, na convicção do arrogante analista de sistemas que evidencia robusta ignorância e total incompetência para opinar sobre fatos que não abrolham ao seu embaciado “olho vivo” virtual.

    Lembramos ao sumo detetive virtual que vários cientistas investigaram cuidadosamente casos de crianças que relatam memórias de vidas passadas. Foram verificados muitos casos em que os detalhes dados por crianças (algumas vezes com uma precisão extraordinária) correspondem a pessoas falecidas. Até porque, a reencarnação é uma lei natural há muitos milênios conhecida como consta num antigo papiro egípcio: “antes de nascer, a criança já viveu e a morte não é o fim; a vida é um evento que passa como o dia solar que renasce”. [3]

    As pesquisas sobre a Reencarnação não se limitam e nem cessam nas teses das personalidades apontadas acima. Estudos sobre esse tema crescem, constantemente. A Física, a Genética, a Medicina, a Neurociência e várias escolas da Psicologia vêm sendo convocadas para oferecer o contributo das suas pesquisas. Destarte, avisamos ao lúdico e cético detetive virtual que atualmente, muitas universidades internacionais, legítimas referências máximas da ciência, já possuem grupos de pesquisa sobre este importante tema. Seguramente chegará o dia em que a reencarnação também constará daquela lista progressiva de assuntos comuns.

    De onde se origina minha convicção aqui expressa sobre esta questão? Em que me alicerço para a afirmar com tanta segurança? Cumpre clarificar, que a preexistência humana não tem sido componente de ilusão dos pesquisadores acima - é uma das convicções mais antigas da História. Conforme referimos antes, um papiro egípcio de 5000 a.C. já a menciona. Outro, mais recente, batizado de “Papiro Anana” (1320 a.C.), expõe: “O homem retorna à vida várias vezes, mas não se recorda de suas pretéritas existências, exceto algumas vezes em sonho. No fim, todas essas vidas ser-lhe-ão reveladas.”[4]

    Na Grécia clássica, Pitágoras (580 a 496 a.C.), já divulgava a palingenesia (reencarnação). No diálogo Phedon, Platão cita Sócrates (469 a 399 a.C): “É. certo que há um retorno à vida, que os vivos nascem dos mortos”. Esta mesma certeza consta da maioria das religiões antigas, como o Hinduísmo, Budismo, Druidismo, etc. A reencarnação está assinalada na Bíblia, vejamos: Jeremias (1:4-5): “Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos: Antes que eu te formasse no ventre de tua mãe, te conheci; e, antes que tu saísses do seu seio, te santifiquei e te estabeleci profeta entre as nações”.[5] Ou, no Novo Testamento: “Digo-vos, porém, que Elias já veio e não o reconheceram.” (…) “Então os discípulos compreenderam que (Cristo) lhes tinha falado de João Batista”. [6]

    A hipótese de que tenhamos uma única vida é inteiramente incompatível com a admirável perfeição existente em todo o universo conhecido. A insustentável ideia de que “aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo, depois disso o Juízo” [7] nem merece comentários adicionais. A concepção de que, após a morte do corpo físico, nossas individualidades se percam em um enigmático NADA é, certamente, risível, pois o grande jargão científico estabelece que na vida “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.

    Portanto, se temos tantas evidências a favor da reencarnação, o que nos apresentam contra a mesma os opositores? Apenas a simples opinião dos acadêmicos que endeusam a densa matéria e de alguns obscuros e decrépitos teólogos. Todavia, queiram ou não queiram, gostem ou não gostem os descrentes e ignorantes, daqui a alguns anos, viremos a Academia de Ciência, declarar esta admirável comprovação como, há dois mil anos, Jesus informou a Nicodemos: “É necessário nascer de novo”. [8]

    Jorge Hessen
    Notas e referências bibliográficas: 

    [1] Disponível em http://www.epochtimes.com.br/menino-3-anos-recorda-vida-passada-identifica-assassino-localiza-corpo-enterrado/#.VK3ae3t0eFp , acessado em 15/01/2015
    [2] Disponível em http://www.e-farsas.com/menino-de-3-anos-reconhece-seu-assassino-na-vida-passada.html#ixzz3OzkP3l8A  acessado em 15/01/2015
    [3] Inscrito  em papiro egípcio de 3000 a.C.
    [4] Inscrito no Papiro Anana  de 1320 a.C.
    [5] Jeremias 1:4-5
    [6] Mateus 17:12-13
    [7] Hebreus 9:27
    [8] Mateus 3:3

    domingo, 18 de janeiro de 2015

    A PENA DE MORTE NÃO RESGUARDA A SOCIEDADE CONTRA O CRIMINOSO (Jorge Hessen)

    Jorge Hessen

    Registra a história que, durante a Idade Média, muitos pensadores foram excomungados pela Igreja e, com o aval ou o silêncio do monarca, condenados à morte. Qualquer avanço da ciência, que pusesse em xeque o ensinamento eclesiástico, era tido como obra do demônio e classificado como heresia. Tomás de Aquino achava "louvável e salutar, para a conservação do bem comum, pôr à morte aquele que se tornar perigoso para a comunidade e causa de perdição para ela". [1]

    Em 2013 (últimos dados disponíveis da Anistia Internacional), houve 778 execuções no mundo, 96 a mais do que em 2012. Há cerca de 23 mil pessoas em corredores morte pelo mundo. Os métodos de execução variam. Decapitação (Arábia Saudita), eletrocução (Estados Unidos), enforcamento (Afeganistão, Bangladesh, Índia, Irã, Iraque, Japão, Kuwait, Malásia, Nigéria, Autoridade Palestina – Hamas, Sudão do Sul), injeção letal (China, Vietnã e Estados Unidos), fuzilamento (China, Indonésia, Coreia do Norte, Arábia Saudita, Somália, Taiwan e Iêmen). A China não divulga quantas pessoas executa anualmente e alega que o número é segredo de Estado.

    A presidente do Brasil pediu clemência (por telefone) no dia 16 de janeiro de 2014 ao presidente da Indonésia, Joko Widodo, visando livrar da condenação à pena de morte de dois brasileiros, porém, não conseguiu remissão para Marco Archer Cardoso Moreira e Rodrigo Muxfeldt, ambos condenados por tráfico de drogas. Dilma Rousseff destacou que o ordenamento jurídico brasileiro não comporta a pena de morte e que seu enfático apelo pessoal expressava o sentimento da sociedade. Porém, Widodo é conhecido por manter uma postura rígida contra o tráfico de drogas por isso, além do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, outros quatro estrangeiros serão executados (fuzilamento) na Indonésia no domingo (que corresponde ao sábado no Brasil - 17/01/2015): um da Nigéria, um do Malaui, um do Vietnã e outro da Holanda. 

    Será que a aplicação da pena de morte reduz os níveis de criminalidade? Nos Estados Unidos a ampla maioria dos criminologistas avalia que não. Para eles as execuções deveriam ser substituídas pela pena de prisão perpétua sem possibilidade de soltura, medida menos drástica e igualmente capaz de tirar os criminosos mais perigosos das ruas. Mas, um estudo de pesquisadores da Universidade de Houston afirma que cada execução no Texas preveniu entre 11 e 18 homicídios no Estado. Por outro lado, uma pesquisa da Universidade de Michigan indica que um a cada 25 condenados à morte nos EUA é inocente. 

    Em verdade, as estatísticas mostram que os Estados Unidos têm diminuído a aplicação da pena de morte e há um declínio do apoio popular à pena fatal. No Brasil, a rejeição à pena de morte é maioria. Segundo pesquisa do Datafolha de 2013, 50% dos brasileiros acham que não cabe à Justiça determinar a morte de uma pessoa, mesmo que ela tenha cometido um crime grave. Outros 46% se disseram favoráveis à punição. Mas, na Pátria do Evangelho, uma cláusula pétrea da Constituição proíbe a pena de morte. 

    Nos chamados “programas policiais”, exibidos no Brasil, os apresentadores, completamente vingativos insistem pela legalização da pena de morte no País. Agindo assim, tais jornalistas “justiceiros”, exacerbam a violência social (há casos de linchamentos entusiasmados pelas mídias). Insistem tais jornalistas na tese da Pena Capital, com o chavão da "legítima defesa da Sociedade", contra os altos níveis de criminalidade, visando estabelecer a maior "segurança" dos cidadãos indefesos, diante da violência. Porém, "será ilusão infeliz e criminosa a instituição de um Estado homicida e uma Justiça assassina, para viabilizar a paz social através da crueldade e do desforço".[2]

    A Pena de Morte não livra a Sociedade da ação maléfica do criminoso condenado. Matá-los não resolve: eles não morrem. Eliminar o corpo físico não significa transformar as tendências do homem criminoso. Seus corpos descerão à sepultura, mas, eles, Espíritos imortais, surgirão vivos e ativos, pesando, negativamente, no ar que respiramos. O que equivale a afirmar que o criminoso executado ganha o benefício da invisibilidade e passa a assediar pessoas com tendência à criminalidade, ampliando-a, causam estragos no psiquismo humano, na medida em que as pessoas se mostrem vulneráveis, psiquicamente, à sua influência. 

    Em face disso, o Espírito Humberto de Campo, elucida em Cartas e Crônicas: "um assassinado, quando não possui energia suficiente para desculpar a ofensa e esquecê-la, habitualmente, passa a gravitar em torno daquele que lhe arrancou a vida, criando os fenômenos comuns da obsessão; e as vítimas da forca ou do fuzilamento, do machado ou da cadeira elétrica, se não se constituem padrões de heroísmo e renunciação, de imediato, além-túmulo, vampirizam o organismo social que lhes impôs o afastamento do veículo físico, transformando-se em quistos vivos de fermentação da discórdia e da indisciplina ".[3]

    Aconselha Emmanuel - "Desterrai, em definitivo, a espada e o cutelo, o garrote e a forca, a guilhotina e o fuzil, a cadeira elétrica e a câmara de gás dos quadros de vossa penologia, e oremos, todos juntos, suplicando a Deus nos inspire paciência e misericórdia, uns para com os outros, porque, ainda hoje, em todos os nossos julgamentos, será possível ouvir, no ádito da consciência, o aviso celestial do nosso Divino Mestre, condenado à morte sem culpa: "Quem estiver sem pecado, atire a primeira pedra!"[4] O Espiritismo demonstra que "a pena de morte desaparecerá, incontestavelmente, e sua supressão assinalará um progresso para a humanidade. Quando os homens forem mais esclarecidos, a pena de morte será completamente abolida da Terra".[5]

    A sociedade não tem o direito de matar “legalmente”, eliminando do tecido social um criminoso, "há outros meios de ele (o homem) se preservar do perigo, que não matando. Demais, é preciso abrir e não fechar aos criminosos a porta do arrependimento."[6] Desta forma, é necessário que tomemos, urgentemente, um posicionamento definitivo contra a pena de morte, até porque, a violência gera violência. A educação, a instrução religiosa, aliada à fé raciocinada, garantem a solução para os problemas da violência social. 


    Referências bibliográficas: 

    [1] Fonte: (Suma Teológica, Questão LXIV, Art. 11.)

    [2] Transcrito de "Reformador", pág. 290, outubro de 1981.

    [3] Xavier, Francisco Cândido. Cartas e Crônicas, ditado pelo Espírito Humberto de Campos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1999.

    [4] Xavier, Francisco Cândido. Religião dos Espíritos, Ditado pelo Espírito Emmanuel, cap. 50, Rio de Janeiro: ed. FEB, 2001

    [5] Kardec, Allan. Livro dos Espíritos. Rio de janeiro: Ed. FEB, 2003, questão 760

    [6] Kardec, Allan. Livro dos Espíritos. Rio de janeiro: Ed. FEB, 2003, questão 761

    quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

    SORTILÉGIOS, PACTOS ASSOMBROSOS, SUBJUGAÇÕES (Jorge Hessen)

    Jorge Hessen

    Há poucos meses, em São Paulo, um jovem de 19 anos foi morto por sua própria mãe, possivelmente, por força de um ritual de “magia negra”. Quando foi presa, estava em crise psicótica (loucura? ou “possessão”?); falava sobre demônios e assuntos satânicos, e seis policiais foram necessários para dominar aquela senhora que pertencia a comunidades religiosas não convencionais da internet que adotam o sacrifício humano. Conforme investigação policial, ela teria dito que o filho tinha que ser morto por um "bem maior" (...!?...) O fato nos conduziu ao capítulo 9 versículo 16 do livro Atos dos Apóstolos, onde lemos o seguinte "e o homem que estava possesso do espírito mau pulou sobre eles com tanta violência, que tiveram de fugir daquela casa, sem roupas e cobertos de ferimentos."[1]

    Nawaz Leghari, de 40 anos, um paquistanês adepto do ritual de "magia negra", estrangulou seus cinco filhos por entender que o sacrifício conferiria a ele "poderes mágicos". Leghari matou desse modo suas duas filhas e três filhos, com idades variando entre 3 e 13 anos, na madrugada de 9 de janeiro de 2015, na localidade de Saeed Jan, norte de Karachi. O assassino estudava magia negra e resolveu fazer o sacrifício para aumentar seus “poderes”. Leghari realizou uma "odisseia espiritual" de 40 dias chamada "Chilla", prescrita por um líder religioso local, com quem estudava alquimia. O paquistanês tentou inicialmente envenenar sua família durante o jantar, mas sua mulher o impediu após uma violenta discussão. A esposa e o filho mais velho decidiram passar a noite na casa de parentes, deixando os outros filhos com o pai, que os estrangulou um a um.[2]

    Historicamente, quando o homem era ainda fisicamente parecido com os primatas, suas manifestações de religiosidade eram as mais bizarras, até que, transcorridos os anos, no mistério dos séculos, surgem os primeiros organizadores do pensamento religioso que, de acordo com a mentalidade geral, não conseguiram escapar das concepções de ferocidade, que caracterizavam aqueles seres egressos do egoísmo animalesco da irracionalidade. O homem foi levado a crer que os sacrifícios humanos poderiam agradar a Deus, primeiramente por não compreenderem Deus como sendo a fonte da bondade. Os povos primitivos e politeístas adoravam os deuses através de oferendas, cultos, rituais que geralmente comportavam sacrifícios de animais ou de seres humanos.

    Como nos esclarece a questão 669, de O Livro dos Espíritos, "Nos povos primitivos, a matéria sobrepuja o espírito; eles se entregam aos instintos do animal selvagem. Por isso é que, em geral, são cruéis; é que neles o senso moral ainda não se acha desenvolvido. Em segundo lugar, é natural que os homens primitivos acreditassem ter uma criatura animada muito mais valor, aos olhos de Deus, do que um corpo material. Foi isso que os levou a imolarem, primeiramente animais e, mais tarde, homens".[3] De conformidade com a falsa crença que possuíam, pensavam que o valor do sacrifício era proporcional à importância da vítima.

    O espírita convicto não acredita no poder irrestrito das forças dos espíritos maus nos pactos de “magia negra” com os mesmos. Há, no entanto, encarnados perversos, no limite da loucura, que simpatizam com os espíritos inferiores (violentíssimos) e solicitam que eles pratiquem o mal, ficando então obrigados a servi-los, porque estes também precisam da "recompensa" pelo empenho no mal. Nisso, apenas, é que consiste o tal pacto. Em O Livro dos Espíritos, os Benfeitores elucidam: "por exemplo - queres atormentar o teu vizinho e não sabes como fazê-lo; chamas então os Espíritos inferiores que, como tu, só querem o mal; e para te ajudar querem também que os sirva com seus maus desígnios. Mas disso não se segue que o teu vizinho não possa se livrar deles, por uma conjuração contrária ou pela sua própria vontade".[4]

    Nos sinistros casos analisados acima, podemos inferir sobre um processo de subjugação profunda, lembrando, porém, que a “possessão” é sempre temporária e intermitente, porque um desencarnado não pode tomar, definitivamente, o lugar de um encarnado. A rigor, o tema "magia negra" ainda não foi estudado de forma abundante pelos pesquisadores espíritas. Há pessoas que não acreditam na possibilidade da existência dos conjuros (“trabalhos feitos”), como é às vezes conhecida a “magia negra”. No entanto, um estudo cuidadoso do tema em O Livro dos Espíritos, e na Revista Espírita, comprova que essas manobras mediúnicas, com a finalidade de prejudicar o próximo, são perfeitamente possíveis. Como citamos acima, na questão 549, Kardec inquire: - Há alguma coisa de verdadeiro nos pactos com os maus Espíritos? Na resposta, os Benfeitores demonstram de maneira categórica que é possível uma criatura evocar maus Espíritos para ajudá-la a causar mal a outra pessoa. A resposta esclarece ainda que esse ato pode ser realizado por uma sequência de procedimentos conhecidos como conjuração (conluio com as trevas).

    Nas práticas de “magia negra” os apetrechos materiais e os rituais são utilizados para fortalecer a má intenção nos maus propósitos projetados naqueles contra os quais se deseja prejudicar. A interferência espiritual é de Espíritos inferiores, que se identificam com seres encarnados, também de qualidades morais inferiores, desejosos por afligir, enfermar ou até matar o próximo, ou ainda, ver realizados os interesses de ordem material. Se as criaturas visadas estiverem sintonizadas em faixas de equivalência vibratória, não tenhamos dúvidas de que serão atingidas por elas.

    O Espiritismo analisa a gênese do fenômeno da “possessão” como uma faculdade mediúnica desgovernada, e trata esse tipo de manifestação através do diálogo com o Espírito subjugador, buscando compreender suas razões para esclarecê-lo e libertá-lo da sua própria ignorância e confusão mental. É bem verdade que os bons Espíritos nos resguardam destes malefícios, mas não esqueçamos que urge termos mérito para tal assistência.

    Referências bibliográficas:

    [1] Atos 19: 16

    [2] Disponível em https://br.noticias.yahoo.com/paquistan%C3%AAs-mata-5-filhos-adquirir-poderes-m%C3%A1gicos-162617063.html

    [3] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB, 1999, questão 669

    [4] Idem questão 549

    sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

    “TERRORISMOS” E “FUNDAMENTALISMOS” CONSUMEM OS HUMANOS “IRRACIONAIS” (Jorge Hessen)

    Jorge Hessen

    Dois homens vestidos de preto, encapuzados e armados com fuzis automáticos abrem o fogo na redação de Charlie Hebdo, em plena reunião de pauta, aos gritos de "Allah akbar" (Alá é grande). Matam 11 pessoas na sede do jornal e um policial na saída, antes de fugir de carro rumo à zona nordeste de Paris. A maioria das capas de jornais pelo mundo têm a cor dominante preta em sinal de luto, e anônimos colocam flores, lápis, velas e mensagens perto da sede de Charlie Hebdo. Toda França respeita um minuto de silêncio, enquanto os sinos dobram na catedral Notre Dame de Paris. As luzes da Torre Eiffel, outro cartão postal da cidade, são desligadas por alguns instantes às 20h. 

    Não há, ao menos por enquanto, uma definição oficial no plano internacional sobre o que é propriamente o terrorismo, mas se pode considerar como terrorista todo e qualquer ato ou organização que utilize métodos violentos ou ameaçadores para alcançar um determinado objetivo político. Assim, sequestros, atentados a lugares públicos e privados, ataques aéreos, assassinatos ou outras formas de agressão podem ser relacionados com o terrorismo. Embora as definições de terrorismo sejam imprecisas a atuação dessas organizações é antiga, a exemplo do atentado de Sarajevo, em 1914, constituído pela organização Mão Negra e que culminou na morte do herdeiro do Império Austro-Húngaro, Francisco Ferdinando (estopim da Primeira Guerra Mundial).

    Os maiores grupos terroristas da atualidade são de origem islâmica. Como a Al-Qaeda, majoritariamente composta por muçulmanos fanáticos e tem por objetivo erradicar a influência ocidental sobre o mundo árabe; O Boko Haram , organização antiocidental que objetiva implantar a sharia (lei islâmica) no território da Nigéria; O Hamas (sigla em árabe para “Movimento de Resistência Islâmica”) é temido pela maioria das organizações internacionais e Estados. Atua nos territórios da Palestina, tendo como objetivo a destruição do Estado de Israel e a consolidação do Estado da Palestina; O Estado Islâmico (EIIS), grupo terrorista jihadista que age no Iraque e na Síria, tendo surgido em 2013 como uma dissidência da Al-Qaeda, inspirando-se nesse grupo e o Talibã que atua no Paquistão e no Afeganistão, também preocupado com a aplicação das leis da sharia (é o nome que se dá ao Direito Islâmico). 

    Os discursos psicopatológicos e religiosos são apontados como fatores de compreensão causais da questão terrorista na atualidade. Na difusão midiática, esses elementos são a base para a compreensão do fenômeno, eliminando, praticamente, fatores sócio-políticos e econômicos do seu discurso. Contudo, a busca pelo entendimento mais amplo do problema envolve conhecimento das Relações Internacionais, História, Política e Sociologia e Antropologia, aos quais o jornalista atualizado pode recorrer, sempre que se reportar ao terrorismo islâmico contemporâneo.

    Muitas vezes temos a impressão de que a forma da religiosidade armada e eventualmente violenta, conhecida como "fundamentalista", é um fenômeno puramente islâmico (ideia imposta por Israel e os Estados Unidos). Porém, o fundamentalismo é um fenômeno mundial e, em algumas religiões, e, até mesmo, em partidos políticos, tem surgido como resposta aos problemas de nossa modernidade. O termo terrorismo islâmico é abundante nas páginas de jornais e revistas. Reducionista, esta denominação não permite uma compreensão da complexidade que envolve o terrorismo, suas causas sócio-políticas, e deixa implícito que o problema do terrorismo está na religião, portanto, em todo o mulçumano, quando na realidade é um recurso de pequenos grupos que fazem uma leitura extremista da religião e/ou de partidos políticos.

    Para o terrorismo sustentado no fanatismo, os inocentes devem pagar pelos inimigos; a destruição deve ser a única linguagem possível. O fanatismo parece surgir de uma estrutura psicótica. O fato do sujeito se ver como o único que está no lugar de certeza absoluta, de ter sido escolhido por Deus para uma missão qualquer, já constitui sintoma suficiente para muitos psiquiatras diagnosticarem, aí, uma loucura ou psicose. Seguindo o raciocínio de Sigmund Freud, vemos que aquilo que o psicótico paranoico vivencia na própria pele, o parafrênico experimenta na pele do outro, ou seja, somos levados a supor que o fanatismo está mais para a parafrenia [1] que para a paranoia.

    Temos a convicção de que, por trás dos novos fanatismos religiosos - católicos, evangélicos, espíritas, muçulmanos, hinduístas etc. - há o pendor místico do religioso que leva a uma cristalização da fé, desembocando numa falsa doutrina das virtudes. A base dos fanatismos é o medo: medo à liberdade, medo à vida, medo à cultura, medo, medo, medo, enfim, medo do mundo, que é encarado de um modo suspeito e hostil.

    O fanatismo é a intolerância extrema para com os diferentes. Um evangélico fanático é incapaz de diálogo e respeito para com um católico ou um budista e vice e versa. Um fanático de direita não quer diálogo com os de esquerda e este com aquele. Organizações como a Ku Klux Klan são intolerantes, igualmente, com negros adultos, mulheres e crianças. Destarte, são tão fanáticos os terroristas-suicidas muçulmanos como os fundamentalistas cristãos norte-americanos que atacam clínicas de abortos, perseguem homossexuais, proíbem o ensino da teoria evolucionista de Darwin, obrigando aos professores ensinarem a doutrina criacionista tal como está na Bíblia, ou ainda, os protestantes da Irlanda do Norte que atacam crianças católicas ou os bascos que querem ser um país independente, a qualquer preço, por meio do terror.

    Sabemos que a desordem devastadora de hoje é a guerra aterrorizante da treva contra a claridade do amor. “A vitória do Bem reclama espíritos fortalecidos de Coragem e Fé, acima de tudo. O mundo cheio de sombras do mal não oferece lugar a espectadores. A guerra de nervos traz ameaças, gritos, terrores, bombas, incêndios, metralhadoras, mas o defensor do Bem traz o caráter firme, solidificado na confiança em Deus e em si mesmo. Nestas horas de apreensões justas, recordemos as palavras serenas do Mestre: - "E quando ouvirdes de guerras e sedições, não vos assusteis".[2]

    A Doutrina Espírita nos faz entender quem somos, efetivamente, quem realmente é o ser humano em sua vocação e circunstância, visão que possibilita, por sua vez, a compreensão e a vivência de uma vida social, moralmente correta, a partir da qual podemos julgar com retidão se determinadas atitudes e ideias propostas por grupos políticos e/ou religiosos correspondem àquilo que o próprio Criador espera de nós.

    A Terra é um mundo de expiações e provas, razão pela qual a paz absoluta ainda não se encontra aqui no Planeta, só em mundos mais evoluídos. Em nosso orbe, a tranquilidade social é relativa. [3] É verdade! Ao Espiritismo cristão está reservada a tarefa de alargar os horizontes dos conhecimentos, nos domínios da alma humana, contribuindo para a solução dos enigmas que atormentam as sociedades contemporâneas de todas as culturas, projetando luz nas questões quase que indecifráveis do destino e das dores morais do homem contemporâneo.


    Nota e referências bibliográficas:

    [1] Parafrenia é um composto erudito constituído pelos elementos gregos 'para' ("junto, ao lado de") e 'phrenía' ("estado mental patológico") e significa "conjunto de problemas mentais que inclui a demência precoce e a paranóia".
    [2] Xavier, Francisco Cândido. Harmonização, ditado pelo Espírito Emmanuel, São Paulo: Ed. GEEM. Lição nº 19. Pág.101
    [3] Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 20, capítulo V, RJ: Ed. FEB, 2000.

    PRESIDIÁRIAS E OS “BEBÊS CATIVOS” – UM DILEMA MODERNO (Jorge Hessen)

    Jorge Hessen

    Muito se discute a situação dos presos no Brasil, mas poucos voltam seu olhar à parcela feminina dessa população. As encarceradas normalmente são abandonadas pela família. A maioria das presas enfrenta dificuldades sociais e econômicas – contexto definidor para entrada delas no mundo do crime. No Brasil, o tema surgiu com a Lei de Execução Penal de 1984, que determina aos presídios femininos a construção de berçários para a condenada cuidar dos filhos e amamentá-los por um mínimo de seis meses. Outro artigo garante creche para crianças maiores de 6 meses e menores de 7 anos. A Constituição Federal assegurou à mulher presa o direito de ficar com o filho durante a amamentação. No Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990, ficou determinado que “o poder público, instituições e empregadores propiciarão condições adequadas ao aleitamento, inclusive aos filhos de mães submetidas à privação de liberdade.

    Porém, os direitos das presidiárias são demolidos em face do sistema penitenciário brasileiro ser muito problemático, com raras exceções. Tais cidadãs vivem dramas mormente quando são mães de bebês. Infelizmente a situação é muito pouco debatida pelos estudiosos. Informações do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça, revelam que 75 presídios, dos quase 1.500 existentes no Brasil, têm creche. Como se observa, há muita carência, o que culmina privando as crianças de um maior convívio materno. A lei determina que as crianças podem ficar com as mães na prisão até a idade máxima de 7 anos.

    O Centro de Referência da Gestante Privada de Liberdade, em Vespasiano, região metropolitana de Belo Horizonte (MG), abriga todas as detentas do Estado com filhos de até doze meses de idade. Atualmente, são dezenas de mulheres divididas em sete alojamentos, que em vez de trancas e paredes escuras, têm bercinhos e paredes repletas de desenhos infantis. Isso evita que a criança passe seus primeiros anos de desenvolvimento sob a cultura do sistema carcerário. Por isso, nenhum juiz deixa as crianças ficarem com as mães até os 7 anos.

    O Centro de Referência da Gestante condenada é um ambiente anômalo. É mais humanizado. Não tem portas nem grades e as mães podem criar laços com as crianças e acompanhar os primeiros meses. Há um pátio circulado por muros rosados, repleto de árvores e brinquedos. Dezenas de mães exibem bebês rechonchudos e risonhos. O ar bucólico no entanto não camufla a presença de policiais armados de rifles e da cerca de arame farpado. É tudo muito sugestivo, mas não se pode olvidar de que é um presídio, e há presas condenadas por envolvimento com tráfico de drogas ou roubo e até por sequestro, latrocínio e homicídio.

    São centenas de bebês que vivem em presídios no País. Nessas circunstâncias indagamos: como deve ser o impacto que os primeiros meses de vida dentro de um presídio tem na consciência de uma criança? Quando mais velha, será que se lembrará do que se passou? Como ela assimilará a separação da mãe? O bebê, a partir de um ano, começa a se movimentar, a caminhar pelas instalações prisionais e a falar. Evidentemente nessa situação ela pode incorporar muitos hábitos contraproducentes da prisão, inclusive o vocabulário, linguajar, expressões etc. Por isso, não se pode permitir que uma criança permaneça mais de um ano na prisão com a mãe, até porque isso não traria nenhum benefício para essa criança.

    A separação é necessária, pois o ambiente carcerário em que vivem não tem o mínimo de condições para o desenvolvimento saudável desses pequenos. É um ambiente perturbador e traumático que os privam desde o nascimento dos direitos fundamentais que deveriam ser invioláveis: a dignidade da pessoa humana e a liberdade. Óbvio que surge outro dilema: quais as vantagens de se retirar a criança das mães detentas? Nota-se que o sofrimento é regra nestes casos, pois a mãe tem que deixar o seu filho partir, muitas vezes para abrigos (orfanatos), tendo em vista serem as presas na maioria vulneráveis sociais e desprezadas pela família. Os bebês ficam privados do amor fundamental para qualquer ser humano, que é o amor materno. Até porque a maternidade é sem dúvida a experiência mais plena e marcante na vida de uma mulher.

    Ao refletir sobre o tema, deliberamos abrir o Evangelho Segundo o Espiritismo ao “acaso”, a fim de esquadrinhar resposta para tal situação. Considerando que nas experiências humanas não há “vítimas”, e avaliando doutrinariamente os dramas de tais espíritos encarnados (presidiária e bebê), e ainda ponderando que nos Estatutos de Deus não há espaços para injustiças, reconhecemos que as dores na terra têm duas fontes bem distintas, que importa apontar no assunto. No item 4 do Cap. V do Evangelho observamos que os sofrimentos têm sua causa na vida presente (considerando as presas); outras, em vidas passadas (considerando os bebês).

    Para pacificar nosso entendimento sobre os sofrimentos impostos aos bebês e às encarceradas, urge remontarmos à origem dos erros cometidos. Nossos sofrimentos físico e moral são consequência natural das próprias culpas, portanto somos servos das imprevidências, orgulhos e ambições. Quantos se arruínam por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder ou por não terem sabido limitar seus desejos! Quantas dissensões e funestas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos suscetibilidade! Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não lhes combateram desde o princípio as más tendências! Por fraqueza, ou indiferença, deixaram que neles se desenvolvessem os germens do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que produzem a secura do coração; depois, mais tarde, quando colhem o que semearam, admiram-se e se afligem da falta de deferência com que são tratados e da ingratidão deles. [1]

    Urge que todos nós vasculhemos friamente as próprias consciências, todos os que somos feridos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida; remontemos passo a passo à origem dos males que nos torturam e verificaremos se, as mais das vezes, não poderíamos dizer: Se eu houvesse feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em semelhante condição. A quem responsabilizar por todas essas aflições humanas senão a nós mesmos? Somos, pois, em grande número de casos, causadores dos nossos próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, achamos mais simples, menos humilhante para a nossa vaidade, acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a nossa incúria.” [2]

    Façamos nossa parte a fim de minimizar as dores dos que sofrem, entretanto não olvidemos que os insondáveis mecanismos das Leis de Deus são definitivamente justos.

    Referência bibliográfica:

    [1] Kardec Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 4 Cap. V, Rio de Janeiro: Ed. FEB. 1977
    [2] Idem