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  • sexta-feira, 19 de junho de 2020

    A lição de Jesus fulge como um Sol sem crepúsculo (Jorge Hessen)

    lição de Jesus fulge como um Sol sem crepúsculo (Jorge Hessen)

    Jorge Hessen
    Brasília - DF


    Nos tempo apostólicos, o historiador judeu Flávio Josefo fez pequenina referência a Jesus no livro de sua autoria ”Antiguidades Judaicas”. Vejamos: "Hanan [sumo sacerdote] reúne o Sinedrim [Sinédrio] em conselho judiciário e faz comparecer perante ele o irmão de Jesus cognominado Cristo [Tiago era o nome dele] com alguns outros". Mais adiante, Josefo registra : "Foi naquele tempo [de Pilatos] que apareceu Jesus, homem sábio, se é que, falando dele, podemos usar este termo -- homem. Pois ele fez coisas maravilhosas, e, para os que aceitam a verdade com prazer, foi um mestre. Atraiu a si muitos judeus, e também muitos gregos. Foi ele o Messias esperado (...)"(1)
    Tácito, historiador romano (contemporâneo dos apóstolos) igualmente menciona Jesus. "Para destruir o boato (que o acusava do incêndio de Roma), Nero supôs culpados e infringiu tormentos requintadíssimos àqueles cujas abominações os faziam detestar, e a quem a multidão chamava cristãos. Este nome lhes vem de Cristo, que, sob o principado de Tibério, o procurador Pôncio Pilatos entregara ao suplício.” (2)
    Ainda topamos com escritor Suetônio contando que o imperador Cláudio "expulsou os judeus de Roma, tornados sob o impulso de Chrestos, uma causa de desordem" e acrescenta: "Os cristãos, espécie de gente dada a uma superstição nova e perigosa, foram destinados ao suplício".(3)  Outro historiador da época  foi Plínio, conhecido como “o Moço”, em carta ao imperador Trajano, pede instrução a respeito dos cristãos, que se reuniam de manhã para cantar louvores a Cristo.(4)  Do mesmo período, trazemos Tertuliano, que escreveu: “Portanto, naqueles dias em que o nome cristão começou a se tornar conhecido no mundo, Tibério, tendo ele mesmo recebido informações sobre a verdade da divindade de Cristo, trouxe a questão perante o Senado, tendo já se decidido a favor de Cristo...”.
    Compulsando os supracitados documentos históricos, o pesquisador Reza Aslan escreveu recentemente a obra “Zelota - A vida e a época de Jesus de Nazaré”, descrevendo Jesus como um homem cheio de convicção, paixão e contradições; e aborda as razões por que a Igreja cristã preferiu promover a imagem de Jesus como um mestre espiritual pacífico em vez do revolucionário politicamente conscientizado que foi. A tese central de Aslan é que Jesus não se assumiu como o Messias e Rei de um reino espiritual, mas sim como um revolucionário que visava a tomada do poder temporal dos romanos. (sic)  Para Aslan, Jesus é o mais bem sucedido e carismático dos profetas e messiânicos que em algum momento daquele período se julgaram o Messias, como Ezequias; Simão da Pereia; Judas, o Galileu; Menahem; Simão, filho de Giora; Simão, filho de Kochba, entre outros. (5)
    Sob o viés da cultura “espírita”, vem se esguichando ideias exóticas com total  deturpação da fidedigna visão espírita de Jesus. Há estouvados que desejam proscrever Jesus do Espiritismo. Alegam que seria injusto que 2/3 da população da Terra que "nunca" ouviram falar do Messias, ficassem "órfãos" de suas lições. Ledo engano, na verdade, durante milênios Jesus enviou seus emissários para instruir povos, raças e civilizações com conhecimentos e princípios da lei natural. Examinando o trajeto histórico das civilizações, identificamos que em todos os tempos houve missionários, fundadores de Religião, filósofos, Espíritos Superiores que aqui encarnaram com a  autorização de Jesus,  a fim de trazerem novos conhecimentos sobre as Leis Divinas ou Naturais com a finalidade de fazer progredir os habitantes da Terra.
    Ou sendo o Jesus “histórico”, ou o “Cristo” da teologia, recordemos que nos tempos áureos do Evangelho o apóstolo Pedro definiu a transcendência de Jesus, revelando que Ele era "o Cristo, o Filho de Deus vivo" (6) . No século XIX o Espírito de Verdade atesta ser Ele "o Condutor e Modelo do Homem" (7). Para Kardec, o célebre pedagogo e gênio de Lyon, o Cristo foi "Espírito superior da ordem mais elevada, Messias, Espírito Puro, Enviado de Deus e, finalmente, Médium de Deus."(8) Não há dúvidas que Jesus foi o Doutrinador Divino e por excelência o "Médico Divino". (9) Por sua vez, Emmanuel o denomina de "Diretor angélico do orbe e Síntese do amor divino". (10)
    Amado por uns, odiado por outros, indiferente para muitos, Jesus deixou ensinamentos singelos, contudo profundos. Ele aplicou a filosofia que difundia, desconcertando os inimigos gratuitos, granjeando apoios do povo e confundindo os restantes. O Mestre foi, é e sempre será, inspiração para os majestosos arranjos literários e sobretudo para obras de arte (música, pintura, teatro, escultura, poesia). Mesmo assim, nenhum vocábulo, fórmula poética, artística, filosófica ou qualquer louvor em Sua memória conseguirá traduzir o que Ele representa para cada um de nós.
    Ele é o caminho, a verdade e a vida. Nenhum de nós irá ao Criador (imo da própria consciência), senão por Ele. Em todos os milhares de volumes dos mais variados livros ditos sagrados, Jesus resumiu em uma única citação, que abrange toda a sabedoria e cultura terrestres – amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
    Diáfano como um cristal era o Seu caráter – e no entanto, Ele continua sendo o maior enigma de todos os séculos. Para alguns religiosos, é entronizado como uma divindade. O motivo pelo qual alguns consideram Jesus um Semideus, é a sua colossal elevação espiritual. Diante Dele, todos ficamos muito diminutos.
    Os mandamentos inesquecíveis de Jesus estão contidos no Sermão do Monte. Nessa belíssima lauda, avaliada por Mahatma Gandhi como a mais pura essência do cristianismo. Gandhi pronunciou que se um cataclismo extinguisse toda a sabedoria humana, com todos os seus livros e bibliotecas, se restasse apenas o Sermão do monte, as gerações futuras teriam nele toda a beleza e sabedoria necessárias para manter a vida.
    A coroa e a cruz representaram o desfecho da obra do Mestre, mas o sacrifício na sua exemplificação se constatou diariamente durante sua passagem pelo Orbe.
    Anunciando as bem-aventuranças à população no monte, não a desvia para a brutalidade, a fim de assaltar o celeiro dos outros.
    Evidenciando as apreensões que o vestiam, diante da renovação do mundo íntimo, não se regozijou em assentar-se no trono dos gabinetes, de onde os generais e os legisladores costumam ditar ordens. Desceu, Ele próprio, ao seio do povo e entendeu-se pessoalmente com os velhos e os doentes, com as mulheres e as crianças.
    A Sua lição fulge como um Sol sem crepúsculo, conduzindo a Humanidade ao Porto da paz!
    Para a maioria dos teólogos, Ele é objeto de estudo, nas letras do Velho e do Novo Testamento, imprimindo novo rumo às interpretações de fé. Para os filósofos, Ele é o centro de polêmicas e cogitações infindáveis. Para os espíritas ajuizados, Jesus foi, é e será sempre a síntese da Ciência, da Filosofia e da divina Moral (tripé do edifício da Terceira Revelação).

    Referências bibliográficas:

    1              JOSEFO Flávio. História dos Hebreus, Antiguidades Judaicas, XVIII, III, 3 , apud Suma Católica contra os sem Deus, dirigida por Ivan Kologrivof. Ed José Olympio, RJ: 1939, p. 254, p. 254 (1, pg. 311 e 3)
    2              TÁCITO. Anais, XV, 44 apud Suma Católica contra os sem Deus, dirigida por Ivan Kologrivof. Ed José Olympio, RJ: 1939, p. 2541 pg. 311; 3
    3              SUETÔNIO. Vida dos doze Césares, n. 25, apud Suma Católica contra os sem Deus, dirigida por Ivan Kologrivof. Ed José Olympio, RJ: 1939, p. 254p. 256-257). (1 pg. 311; 3)
    4              (Epist. lib. X, 96)
    5              ASLAN Reza.  Zelota A vida e a época de Jesus de Nazaré, SP: Ed. Zahar, 2013
    6              Mt 13, 16-17.
    7              KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB, 2001, pergunta 625
    8              KARDEC, Allan. A Gênese, RJ: Ed. FEB, 1998, XV, item 2
    9              XAVIER, Francisco Cândido. Os Mensageiros, ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed FEB, 2000, cap. 27)
    10            XAVIER, Francisco Cândido. Missionário da Luz, ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed FEB 2003, cap. 18

    segunda-feira, 8 de junho de 2020

    A morte não é senão um vocábulo sem nexo (Jorge Hessen)

    A morte não é senão um vocábulo sem nexo (Jorge Hessen)


    Jorge Hessen
    Brasília – DF

    Sobrevivendo à retórica dos que afirmam em alta voz que a Covid-19 é uma cilada ideológica, reafirmamos que estamos diante de um novo coronavírus que carrega consigo mais interrogações do que certezas, mormente para as pessoas com fatores de risco. Sou pai de uma filhona especial (não é Down), que é uma pérola preciosíssima para nós. Sei que no mundo inteiro há famílias de milhares de filhos especiais (pessoas com síndrome de Down) que estão vivendo dias de angústia pelos enigmas quanto aos efeitos da Covid-19 nos filhos especiais, além de mudanças drásticas no dia a dia de intensas terapias e ensinos por conta do isolamento social.
    É significativa a parcela de pessoas com síndrome de Down que já nasce com comprometimentos no coração, pulmão e sistema imunológico, e que desenvolvem diabetes e obesidade — observando que todas essas condições são fatores de risco para a Covid-19. [1] É verdade! Quaisquer portadores de doenças crônicas como diabetes, hipertensão, asma ou indivíduos acima de 60 anos são os mais propensos a terem complicações fatais.
    Um estudo recém-publicado no British Medical Journal (BMJ) traz novos dados sobre os tais grupos de risco do novo coronavírus. De fato, os idosos estão mais suscetíveis às complicações do Sars-Cov-2 por causa de alterações no sistema imunológico naturais da idade. No caso dos males cardíacos, a circulação prejudicada e a debilidade dos pulmões parecem favorecer a agressividade da infecção. Asma, enfermidades hematológicas, doença renal crônica, imunodepressão (provocada pelo tratamento de condições autoimunes, como o lúpus, ou câncer) e obesidade também estão ligadas às mortes. [2] Todavia, o curioso é que um estudo inédito realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) aponta que mais de 80 milhões de adultos brasileiros estão no grupo de risco para a Covid-19. Aqui em Brasília, “o número alcança 49,2% da população, o equivalente a 1.136.833 pessoas.” [3]
    A grande maioria (84,5%) dos médicos brasileiros considera que o Brasil ainda não atravessou a pior onda do novo coronavírus, como mostra a segunda pesquisa da APM (Associação Paulista de Medicina). Foram entrevistados 2.808 profissionais de todo o país, das redes pública e privada, entre os dias 15 e 25 de maio [de 2020]. Eles responderam a questionário estruturado online, na plataforma Survey Monkey. A grande maioria (75,3%) considera o isolamento social importante, mesmo com as perdas financeiras advindas dele, pois 85,2% relatam queda de renda em razão da pandemia. Cerca de 79,3% dos médicos da linha de frente seguem apreensivos, pessimistas, deprimidos, insatisfeitos e revoltados. Entre os profissionais da linha de frente, 33,7% tiveram pacientes que morreram em razão da doença. [4]
    Dos diferentes debates, todos são unânimes em afirmar que há três coisas para serem praticadas nesta pandemia: o isolamento social, a solidariedade e os testes diagnósticos. Sem solidariedade, não tem isolamento. Sem teste, não adianta fazer isolamento. As pessoas um dia vão ter que sair de casa e, quando saírem, podem se contaminar. Será que a fé espírita pode ser um antídoto contra a Covid-19?
    Cremos que o conhecimento espírita propicia uma força moral que é capaz de nos preservar de muitas doenças, até porque, para o espírita convicto, não deve haver esse temor da morte. Na devastadora pandemia da cólera do século XIX, Allan Kardec expressamente registra que devemos seguir as medidas sanitárias.[5] 
    A calma deve ser exercitada, dominada, a fim de que possamos aproveitar o período de isolamento social imposto pelas circunstâncias da pandemia, na busca da meditação, daquela infrequente viagem interior e do conhecimento de si mesmo, auxiliando na conquista da paz interior. A oração será recurso primordial por nos manter conectados com Deus e com as forças superiores mantenedoras da vida. É urgente darmos a devida importância da higiene para evitar contaminações.
    É mister evitar o medo, que é pior do que o próprio mal pandêmico. E não ignorarmos os primeiros sintomas da doença, que recomendarão medidas específicas. Em 1868, Kardec publicou na RE que “(...) é apavorante pensar em perigos dessa natureza [pandemia], mas, pelo fato de serem necessários (…), é preferível, em vez de esperá-los tremendo, preparar-se para enfrentá-los sem medo, sejam quais forem os seus resultados. Preparai-vos, pois, para tudo, e sejam quais forem a hora e a natureza do perigo, compenetrai-vos desta verdade: A morte não é senão uma palavra vã e não há nenhum sofrimento que as forças humanas não possam dominar.” [6]
    Referências bibliográficas:
    1              Disponível  em https://www.bbc.com/portuguese/geral-52627581)  acesso 21/05/20
    2              Disponível em https://saude.abril.com.br/medicina/coronavirus-novos-dados-sobre-grupos-de-risco/ acesso 23/05/20
    4              Disponível em https://br.yahoo.com/noticias/m%C3%A9dicos-consideram-que-o-pior-154500848.html  em 06 de junho de 2020
    5              KARDEC, Allan. Revista Espírita, novembro de 1865, RJ: Ed Feb 1990
    6              KARDEC, Allan. Revista Espírita, novembro de 1868, RJ: Ed Feb 1990 - mensagem mediúnica recebida na Sociedade de Paris, em 16 de outubro de 1868, sobre a “Epidemia na Ilha Maurícia”


    segunda-feira, 1 de junho de 2020

    Para os mexeriqueiros de plantão (Jorge Hessen)

    Para os mexeriqueiros de plantão (Jorge Hessen)



    Jorge Hessen
    Brasília - DF


    Tiago anota em sua epístola “Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, fala mal da lei e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz.”[1] Ora, o fuxico espera a boa-fé para turvar-­lhe as águas e inutilizar­-lhe esforços justos. O mal não merece o laurel dos avisos sérios. Atribuir­-lhe muita importância nas atividades verbais é alagar-lhe a esfera de atuação.
    Emmanuel adverte que “falar mal” será render homenagem aos instintos inferiores e renunciar ao título de cooperador de Deus para ser crítico de suas obras. A maledicência é um tóxico sutil que pode conduzir o discípulo a imensos disparates. Quem sorva semelhante veneno é, acima de tudo, servo da tolice, mas sabemos, igualmente, que muitos desses tolos estão a um passo de grandes desventuras íntimas. [2]
    Quando se fala mal de algo ou de alguém para um cúmplice e este concorda com o que é dito, ambos por autoengano sentem-se “melhores” e “avigorados”, pois ambos legitimam aquele sentimento ruim, e faz com que “percebam” mais força, e ganhem uma imensa “autoconfiança” para o mal. O filósofo Platão admoestou: “Calarei os maldizentes continuando a viver bem; eis o melhor uso que podemos fazer da maledicência” [3].
    Amaldiçoada e destrutiva é a palavra na boca de quem alista falhas do próximo; tóxico perigoso é a demonstração condenatória a escoar nos beiços de quem fuxica; barro podre, exalando enxofre, é a oscilação desafinada das cordas vocais de quem recrimina; braseiro tenebroso, escondendo a verdade, é a intriga destrutiva. "Ai do mundo por causa dos escândalos, porque é necessário que venham os escândalos, mas, ai daquele homem porque venham os escândalos.”. [4]
    Quem se afirme espírita não pode esquecer que os críticos do comportamento alheio acabam, quase sempre, praticando as mesmas ações recriminadas. Deploramos o clima de invigilância admitida pelas aventuras do entusiasmo desapiedado dos caluniadores, com suas mentes doentias, sempre às voltas com a emissão ardente da fofoca generalizada. Confrades que ficam “felizes” ante as dificuldades e eventuais deslizes do próximo. Assestam a volúpia do fuxico, com acusações infames sobre fatos que ignoram, sempre em direção às aflições e lutas íntimas de pessoas que tentam se erguer de algum desacerto na caminhada.
    Aos mexeriqueiros malévolos e viciados críticos dos erros de conduta do próximo recomendamos a seguinte reflexão: na viagem de mil quilômetros, como dizia Chico Xavier, não nos podemos considerar vitoriosos senão depois de chegarmos à meta almejada, porque nos dez últimos metros, a ponte que nos liga ao ponto de segurança pode estar caída e não atingiremos o local para onde nos dirigimos.
    Finalmente, não esqueçamos que a palavra constrói ou destrói facilmente e, em segundos, estabelece, por vezes, resultados gravíssimos para séculos.

    Referências bibliográficas:
    [1]          Tiago, 4: 11)
    [2]          XAVIER , Francisco Cândido. Fonte Viva , ditado pelo Espirito Emmanuel, RJ: Ed FEB 1990
    [3]          Platão , disponível em http://pensador.uol.com.br/autor/platao/ a cessado em 6/5/2013
    [4]          Mateus 18:7