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  • segunda-feira, 7 de setembro de 2020

    Armas de fogo para quê? Somos pela paz

     Armas de fogo para quê? Somos pela paz



    Jorge Hessen 
    Brasília - DF 

    Um encontro entre jovens, em um condomínio de luxo de Cuiabá, se tornou uma tragédia no dia 12 de julho de 2020. Naquela tarde, como fazia com frequência, Isabele Guimarães, de 14 anos, foi à casa das amigas. Horas depois, a jovem foi morta com um tiro no rosto. A autora do disparo Laura, também de 14 anos, relatou à polícia que atirou de modo acidental em Isabele.

    A adolescente afirmou que se desequilibrou, enquanto segurava duas armas, e disparou. A família da Isabele não acredita nessa versão. Laura praticava tiro esportivo desde o fim de 2019. Ela participou de duas competições e venceu uma delas. (1)

    Hoje em dia , adolescentes como Laura podem praticar tiro esportivo sem precisar de autorização judicial, graças ao decreto assinado pelo atual presidente do Brasil. A família de Laura, a homicida, integra uma categoria que tem crescido no país, sobretudo durante o atual governo brasileiro: os CACs, aqueles que se declaram colecionadores de armas, atiradores desportivos ou caçadores.

    O caso nos fez rememorar o fatídico plebiscito ocorrido no Brasil há 15 anos sobre a proibição da comercialização de armas de fogo e munições. A implicação de tal pleito culminou em não permitir que o artigo 35 do Estatuto do Desarmamento (Lei 10826, de 23 de dezembro de 2003) entrasse em vigor. Lamentavelmente a maioria da população brasileira apoiou a comercialização de armas de fogo, quando detinha o poder de decidir pela pelo seu impedimento.

    É flagrante que o resultado do plebiscito revelou a controvertida índole moral da maioria dos meus conterrâneos, contrariando naquela conjuntura um levantamento realizado pelo Instituto Brasmarket, a pedido do jornal Diário do Grande ABC, demonstrando que 81,6% da população da região do ABC de São Paulo estava contra a comercialização de arma.

    É por essas e outras razões que o Espírito André Luiz nos aconselha “afastar-nos do uso de armas homicidas, bem como do hábito de menosprezar o tempo com defesas pessoais, seja qual for o processo em que se exprimam. Pois o servidor fiel da Doutrina possui, na consciência tranquila, a fortaleza inatacável.”(2) É categoricamente falsa a segurança oferecida pelas armas no ambiente doméstico, por exemplo, considerando o potencial de alto risco do uso da arma “acidentalmente” , que podem causar efeitos danosos irreparáveis na vida familiar.

    O elevadíssimo investimento de recursos econômicos em armamentos é completamente inútil e desnecessário. Por outro lado, o desarmamento geral será uma prática de eficiência administrativa sem prejuízo social algum, pois haverá desinteresse em conflitos internos e externos devido à possibilidade da convivência amigável em comunidade local ou global, implementado inclusive pela competitividade saudável no trabalho, mas com respeito ao semelhante.

    As leis e a ordem impostas à sociedade como resposta à exigência coletiva são bem-vindas e necessárias, porém, melhor será quando todos souberem amar e fazer ao próximo o que desejaria que lhe fizessem, respeitando-lhe seus direitos, sobretudo o mais fundamental como o direito à vida.

    Não obstante exista no Brasil milhares de centros espíritas, infelizmente ainda lideramos a lista mundial em casos de mortes produzidas com a utilização de armas de fogo. Apesar disso, cremos que nesse contexto o Espiritismo é e sempre será o instrumento por excelência decisivo na transformação pela pacificação social.


    Referências bibliográficas: 

    (1) Disponível em https://br.noticias.yahoo.com/tiro-em-banheiro-e-amizade-002555064.html acesso 06/09/2020 

    (2) VIEIRA, Waldo. Conduta Espírita, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2003, cap. 18.

    sexta-feira, 4 de setembro de 2020

    O choro como válvula de escape da aflição

     O choro como válvula de escape da aflição 

    Jorge Hessen 
    jorgehessen@gmail.com 
    Brasília - DF 

    O choro pode durar a noite inteira, mas de manhã vem a alegria. (1) Estudiosos afirmam que a função evolutiva do choro foi despertar empatia no semelhante e estimular o auxílio em momentos de necessidade. Na verdade, a histórica cooperação entre indivíduos foi e continua sendo essencial para a sobrevivência da espécie humana.

    Sabe-se que o choro libera hormônios e neurotransmissores que aliviam a tristeza e a dor. Especialistas alegam que reprimir o choro significa abafar alguns sentimentos, tornando mais difícil lidar com eles. Em face disso, médicos e psicólogos recomendam chorar para liberar as emoções. O choro amiúde constitui o acesso nas essências mais profundas dos sentimentos. É quando não se domina a amargura e ela necessita ser vazada, exposta, nem que seja solitariamente.

    As lágrimas são um mecanismo de defesa do organismo para liberar o stress e auxiliar no reequilíbrio das emoções. O choro alivia a angústia e pode nos levar a submersões mais intensas, quando oferecemos um sentido para as lágrimas, para aquela dor vivida no presente.

    Todavia, são urgentes alguns alertas! O choro pode ser um episódio ligeiro de tristeza, mas também pode ser um transtorno psicológico depressivo. A tristeza é um estado emocional transitório e comum, uma reação psicológica circunstancial. Entretanto, a depressão, ao contrário da tristeza, não é algo efêmero. Uma pessoa deprimida padece de condição emocional crônica sob as chibatas da ansiedade mental prolongada.

    Meditando a questão do choro, observamos que ele foi sublime em Jesus. Como registrou o evangelista afirmando que à frente de Lázaro “morto”, o Cristo chorou. O excelso Galileu “também chorou lamentando a incompreensão dos homens sentado em uma das grandes raízes de uma árvore no fundo do quintal da casa de Pedro".(2) Jesus chorou no Getsêmani, quando sozinho, todavia, em Jerusalém, sob o peso da cruz, rogou às mulheres generosas a cessação das lágrimas. Na alvorada da Ressurreição, questionou Madalena a razão do seu choro junto ao sepulcro.

    Conta o Espírito Hilário Silva no livro “A Vida Escreve” uma metáfora em que Eurípedes Barsanulfo teria indagado ao Mestre: “Senhor, por que choras?”. Jesus não respondeu. O nobre filho de Sacramento reiterou: “Choras pelos descrentes do mundo?” E após um instante de atenção, Jesus respondeu em voz dulcíssima: “Não, meu filho, não sofro pelos descrentes aos quais devemos amor. Choro por todos os que conhecem o Evangelho, mas não o praticam”.(3)

    Sabendo que o choro pode significar abrigo de alívio, consintamos que ele advenha, para benefício daquele que chora. Apenas expressemos compaixão. Abriguemos os que choram, dizendo-lhe frases do tipo: “Conte comigo”, “estou ao seu lado”, “compreendo e respeito sua agonia”, “confie e espere’, ‘tudo passa”, sempre sussurrando-lhe Jesus aos ouvidos: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.” (4)

     

    Referências bibliográficas:

    1             Salmo 30:5

    2             FRANCO, Divaldo. Primícias Do Reino Ditado pelo Espírito Amélia Rodrigues, Salvador: Editora, LEAL 2015

    3             XAVIER, Francisco, VIEIRA, Waldo. A Vida Escreve, pelo Espírito Hilário Silva, ed. FEB, 1998

    4             Mateus 5:4

    sábado, 22 de agosto de 2020

    O labéu do aborto no imaginário de uma menina

     O labéu do aborto no imaginário de uma menina


    Jorge Hessen

    jorgehessen@gmail.com

    Brasília - DF

     

    Pela legislação brasileira o aborto é autorizado em casos de gravidez resultante de estupro, foi o que fez a Justiça do Espírito Santo dando aval para que a menina de 10 anos, grávida após ter sido estuprada pelo tio, interrompesse a gestação. O enredamento do evento não nos deve ofuscar a reflexão cuidadosa e lógica dos fatos. Urge considerar que a menina violentada já estava com 23 semanas de gestação. Nesse caso, nossos expedientes éticos propendem em defender as duas vidas, posto que nesse caso, quiçá seja injustificável a condenação à pena de morte de um bebê de quase seis meses.

    Porém, em “benefício” do aborto, destroçou-se não apenas o bebê, mas também potencializou os efeitos colaterais do trucidamento na delicada fisiologia da menina. Obviamente nessas conjunturas é preciso acautelar-nos sobre as nossas acaloradas opiniões eivadas de pensamentos vingativos, emoções contumazes, vocábulos condenatórios hostis. Nesse deplorável contexto, seria razoável advogar inapelavelmente a favor do aborto? Não creio! A respeito do dantesco fato algumas instituições religiosas emitiram opiniões oficiais contrárias ao procedimento abortivo. Porém, o caso foi judicializado, cabendo formalmente o cumprimento da lei a desfavor do bebê.

    No Brasil, todos os anos, há aproximadamente 30.000 gestações de menores de 14 anos. O episódio levantou muitas celeumas. Evitando aqui o ranço da espetacularização midiática, é importante citar que a maioria da população brasileira é contrária à prática do aborto. O Espiritismo também não tolera, admitindo-o, porém, exclusivamente, quando a mãe corre “risco de morte”.

    No caso da menina violentada, alguns especialistas admitiram que as consequências da gestação poderiam ser catastróficas. Disseram que poderia haver uma obstrução do parto, causado pela desproporção cefalopélvica, que ocorre quando a abertura pélvica da mãe é pequena para permitir que a cabeça do bebê passe durante o parto. A septicemia (infecção generalizada), o descolamento da placenta por conta da hipertensão arterial, a hipertensão ocasionada pela gravidez, inclusive pré-eclâmpsia e eclampsia, se não tratados, podem provocar parada cardíaca ou derrame, resultando em morte, tanto para a menina como para o bebê. Se tais prognósticos resultam 100% correta o aborto era indispensável, sem dúvida.

    Mas, será que todos os médicos partilhavam dessa mesma opinião? Será que a bestialidade do estupro poderia ter sido evitada com a intervenção espiritual? Será que os espíritos responsáveis pelo controle das encarnações estavam ausentes? Seria, neste caso, uma reencarnação acidental? Particularmente, não creio que tenha havido "programação espiritual" para tal reencarnação e muito menos que a menina tivesse que passar pela penúria da gravidez, por ato de violência de um parente, e ter filhos aos 10 anos de idade. Mas não compreendo racionalmente tanto furor na defesa do aborto (inclusive provindo de “espiritas”).

    Se realmente existia iminente risco à vida da menina, que, nesse caso (para alguns médicos) foi o aborto necessário, não entraremos no mérito desse consentimento científico. Pois na resposta dada à questão 359, em O Livro dos Espíritos, fica aberta a questão: "Preferível é se sacrificar o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe." Cada caso é um caso. Há casos e casos, há exceções, há atenuantes que não vamos discutir aqui. É mais do que lógico que o tema aborto não pode ser banalizado a partir do caso da menina violentada. Devemos lutar pela vida com as suas máximas consequências, ininterruptamente, em qualquer circunstância.

    Salvo melhor juízo, assumo que não aprovaria o aborto de um bebê de quase 6 meses, praticado na menina do estado do Espírito Santo.

    quarta-feira, 12 de agosto de 2020

    Em torno da sexualidade

     Em torno da sexualidade


    Jorge Hessen

    jorgehessen@gmail.com

    Brasília - DF

     

    A arremetida teórica sobre a sexualidade humana é profundamente complexa. A aberração da prática sexual, quando somente visa a satisfação egoística , imediata e desvairada, cede lugar a patologias graves que rebaixam o ser humano. Há espíritos que ainda não conseguiram superar as viciações sexuais que trazem do passado e que entorpecem a consciência. Há casos obsessivos gravíssimos, conquanto incomum, em que a mulher insaciável coaja (“estupre”) o homem na área sexual.

    Perante as leis humanas e de civilidade é preciso manter a observância às normas e regras, que nos diferem dos seres irracionais. Ora, do ponto de vista biológico, a sexualidade é uma sublime seiva para manter a vida em padrões de estabilização e de encanto, proporcionando, quando o seu uso é ético e equilibrado, contentamento e completude nos relacionamentos. Somos impregnados desse potencial sexual e convocados a aprender a discipliná-lo.

    A sexualidade não pode ser avaliada sob o prisma dos que a consideram impura e proibitiva, muito menos sob as impressões dos que anseiam algemá-la ao plano da banalidade como simples fricção de células causadoras de clímax orgástico. A sexualidade humana é de procedência divina e sua possante energia, que alastra naturalmente no ser, não deve ser tratada de forma insana, todavia urge ser disciplinada no sentido de atingir seu desígnio, como força fecunda e criadora, a fim de produzir o avanço espiritual do homem.

    Quando um casal se ama, os parceiros se apetecem e se reverenciam. A vida e experiência sexual entre ambos é respeitosa e prazerosa. O amor entre os dois não está condicionado apenas à sexualidade, todavia vai muito mais além, incluindo amizade, companheirismo e cuidado pela satisfação de suas necessidades. Quando, porém, isso não ocorre e há a necessidade compulsiva de sexo de um ou ambos companheiros, esse casal não está em harmonia; encontra-se psicologicamente corrompido e não é feliz.

    Naturalmente precisamos exercer a indulgência para com aqueles que são servos da sexolatria, compreendendo que cada ser é um ente divino em suas potencialidades de amor que eclodirão no futuro, até porque esses atrasos morais são particularidades do estágio de expiação e provas do homem terreno.

    É urgente orar e orientar aqueles que nos solicitam auxílio, demostrando as implicações infelizes do sexo em desatino e conforme nos advertem os Benfeitores do além,  diante de toda e qualquer desarmonia do mundo afetivo, seja com quem for e como for, coloquemo-nos, em pensamento, no lugar dos desajustados, analisando as nossas tendências mais íntimas e, após verificarmos se estamos em condições de censurar alguém, escutemos no âmago da consciência, o apelo inolvidável do Cristo: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.

     

    segunda-feira, 10 de agosto de 2020

    Cuidemos do nosso habitat planetário

     Cuidemos do nosso habitat planetário

    Jorge Hessen

    jorgehessen@gmail.com

    Brasília - DF

    Inobstante não tenha sido esta a primeira vez na história, certamente não será a derradeira, em que a vida da população jaz ameaçada por devastadora pandemia. Há uma estreita analogia entre ação humana no orbe e o advento de patologias pandêmicas, considerando a desrespeitosa indiferença pelo habitat (meio ambiente).

    O formato de perseguir riqueza e poder sem se importar com as consequências, levou o planeta "à beira do abismo". É urgente revigorarmos o orbe no campo da responsabilidade individual, desacelerando o bestial consumismo, onde se tem priorizado mais o ter (transitório) do que o ser (permanente). É mister ajuizarmos que o planeta é compartilhado e cada um tem que fazer a sua parte para mantê-lo em boas condições de habitabilidade.

    Cada governante deve adotar políticas para o bem comum. Os empresários podem coadunar a busca natural pelo lucro com a justiça social. Dá para pensar em distribuir esses ganhos entre os que movem a organização, que são as pessoas. É preciso buscar um acordo, uma boa convivência planetária. Um conglomerado de líderes e governantes nacionais que se reúnam pelo bem do planeta, deixando de priorizar somente o lucro e o poder para o reinado do materialismo.

    O planeta está seriamente enfermo, jaz em avançado e abatido estágio de imoralidades, por isso é necessária a intervenção da Providência Divina para que a ruína moral não avassale mais intensamente a harmonia do todo reinante perante a beleza natural.

    O ecossistema, como um todo, tem trabalhado com hercúleo esforço para se desatrelar do guante deletério daqueles que abusam dos recursos naturais. Os laboratórios donde deveriam nascer os recursos para o bem estar e saúde da população têm sido núcleos calamitosos de manejos técnicos para desenvolvimento de mortíferas substâncias biológicas em nome da guerra.

    Allan Kardec, nos trouxe oportunas reflexões, através dos espíritos, sobre as relações entre os seres vivos e o habitat e o quanto um depende do outro. O homem começa a perceber, hoje, em face dos alardes sobre o avanço da degradação do planeta, que não há como haver uma produção ilimitada deles na biosfera, que é finita e limitada. 

    Em uma sociedade de consumo, como a nossa, nenhum de nós se contenta apenas com o necessário. Cada um de nós é responsável por tudo isso que está aí. O meio ambiente somos nós, o meio que nos cerca e as relações que estabelecemos com ele. A boa convivência planetária transcende ao gueto da fauna, flora e preservação. É muito mais que isso.

    Na verdade, quando o planeta adoece, nosso projeto evolutivo fica comprometido. Não é possível esperar a chegada do mundo de regeneração indiferentes à tanta degradação. Pelos mecanismos da reencarnação, se ainda quisermos encontrar aqui estoques razoáveis de água potável, ar puro, terra fértil, menos lixo e um clima estável, sem os flagelos previstos pela queima crescente de petróleo, gás e carvão que agravam o efeito estufa, deveremos agir agora, sem perda de tempo.

    Cremos que após a atual pandemia, advirão outros paradigmas comportamentais da humanidade, considerando que as novas gerações que estão chegando têm o firme compromisso de estabilizar o equilíbrio na dinâmica da vida planetária, considerando o momento de regeneração.

    sábado, 25 de julho de 2020

    Preconceitos alienantes

    Preconceitos alienantes

    Jorge Hessen
    Brasília - DF

    A absurda morte do afro-americano George Floyd, de 46 anos, assassinado recentemente durante uma abordagem violenta de um policial branco nos Estados Unidos, desencadeou uma onda de protestos antirracistas e acendeu um debate de proporções internacionais. Do outro lado do mundo o nigeriano Samuel Lawrance , um engenheiro bem-sucedido que vive em Tóquio há mais de 15 anos, carrega uma história de quem enfrentou a escola japonesa, a universidade e o preconceito para conquistar um espaço. Afirma que há um racismo "passivo-agressivo" na sociedade japonesa. [1]
    É impressionante que, em pleno século 21, nos encontremos com pessoas “irracionais” que ainda alimentam seus preconceitos nos pastos das discriminações raciais. O ponto de partida costuma ser o estereótipo, segundo a psicologia social, ou seja, uma ideia, conceito ou modelo que se estabelece como padrão. É cultivado quando uma imagem de determinadas pessoas, coisas ou situações são preconcebidas, definindo e limitando pessoas ou grupos de pessoas na sociedade.
    A beleza da vida está no fato de todos sermos iguais em essência e desiguais, em virtudes e filhos de um mesmo PAI. Compete-nos, pois, abrir o coração e a mente para harmonizar esse mundo novo de vivências altruístas e alteritárias. Com a Mensagem de Jesus compreendemos que na Terra há uma só raça: a raça humana.
    Caucasianos, africanos, indianos, árabes, judeus, asiáticos, não são de diferentes raças, são apenas de diferentes etnias, no esplêndido reino dos seres racionais. Na reencarnação desaparecem os preconceitos de raças e de castas, pois o mesmo Espírito pode tornar a nascer rico ou pobre, capitalista ou proletário, chefe ou subordinado, livre ou escravo, homem ou mulher. Se, pois, a reencarnação funda numa lei da Natureza, o princípio da fraternidade universal também funda na mesma lei o da igualdade dos direitos sociais e, por conseguinte, o da liberdade. (2)
    O Espiritismo é uma doutrina libertária e não compactua, sob quaisquer pretextos, com nenhuma ideologia que vise à discriminação étnica entre os grupos sociais. Nos grandes debates de cunho sociológico, antropológico, filosófico, psicológico etc., o Espiritismo provocará a maior revolução histórica no pensamento humano, conforme está inscrito nas questões 798 e 799 de O Livro dos Espíritos, sobretudo quando a Doutrina dos Espíritos ocupar o lugar que lhe é devido na cultura e conhecimento humanos, pois seus preceitos morais advertirão os homens da urgente solidariedade que os há de unir como irmãos, apontando, por sua vez, que o progresso intelecto-moral na vida de todos os Espíritos é lei universal e tendo por modelo Jesus, que, ante os olhos do homem, é o maior modelo da perfeição que um Espírito pode alcançar. (3)

    Referências bibliográficas:
    [2]           KARDEC, Allan. A Gênese, Rio de Janeiro: Editora FEB, 2002, pág. 31
    [3]          KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Editora FEB, 2003, parte 3ª, q. 798 e 799, cap. VIII item VI - Influência do Espiritismo no Progresso.


    sexta-feira, 3 de julho de 2020

    Joana D’Arc, um ícone francês


    Joana D’Arc, um  ícone francês



    Joana D'Arc

    Jorge Hessen

    Brasília - DF


    Estudamos em Leon Denis que Joana D’Arc foi filha de pobres lavradores. Aprendeu a fiar a lã junto com sua mãe e guardava o rebanho de ovelhas. Teve três irmãos e uma irmã. Era analfabeta, pois cedo o trabalho lhe absorveu as horas. A aldeia era bastante afastada e os rumores da guerra demoravam a chegar ao local. Finalmente, um dia, Joana tomou contato com os horrores da guerra, quando as tropas inglesas se aproximaram e toda a família precisou fugir e se esconder.
    Aos 12 anos começou a ter visões. Era um dia de verão, ao meio-dia, Joana orava no jardim próximo à sua casa, quando escutou uma voz que lhe dizia para ter confiança no Senhor. [1]A figura que ela divisou, identificou como sendo a do arcanjo São Miguel. Duas mensageiras espirituais a acompanhavam (Catarina e Margarida), “santas” conforme a Igreja que ela frequentava.  Aos 17 anos de idade, Joana, doce e amável, parte para sua missão acompanhada de seu tio Durand Laxart e se apresenta ao comandante, falando da sua missão em nome das vozes que a conduziam, daí em diante surgem grandes obstáculos em sua vida até a libertação da França, quando a virgem de Lorena contava apenas 19 anos.
    Logo após o final da guerra Joana é presa pelas forças inglesas e supliciada até a morte na fogueira, condenada como bruxa, feiticeira e herege pela Santa Inquisição. Finalmente, a 30 de maio de 1431, a maior heroína da França é queimada em praça pública. No dia de sua morte, não havia, pois, somente inimigos que a declaravam apóstata, idólatra, impudica, ou amigos fiéis que a veneravam como uma santa. Havia também ingratos que a esqueciam, sem falar dos indiferentes, que não se preocupavam com ela, e gente esperta que se gabava de jamais ter acreditado em sua missão, ou de nela ter pouco acreditado. [2]
    Em seu caráter admirável se fundem as qualidades aparentemente mais contraditórias: força e doçura, energia e ternura, previdência, sagacidade, mente viva, engenhosa e penetrante, capaz de, em poucas palavras claras e precisas, resolver as questões mais difíceis e as situações mais ambíguas. Seu ar angelical reflete: ingenuidade e sabedoria, humildade e altivez, ardor viril, angelitude e pureza e, acima de tudo, infinita bondade. Todas as virtudes a adornavam. Ela foi um rastro de luz a iluminar a terrível noite da Idade Média. [3]
    Quatro séculos mais tarde, em Paris, O Espírito Joana D’Arc dirigiu e mediunidade da jovem Ermance Dufaux que ainda contava com seus 14 anos de idade quando psicografou a obra “História de Joana D'Arc, ditada por ela própria”. Destaque-se que das 300 obras queimadas em praça pública no Auto de fé de Barcelona, constava alguns volumes dessa obra psicografada por Ermance.
    No capítulo XXXI de O livro dos médiuns, vindo a lume no ano de 1861, quando o Codificador reúne Dissertações Espíritas, confere à de Joana D'Arc o número 12, onde ela se dirige aos médiuns, em especial, concitando-os ao exercício do mediunato. Recomenda-lhes, ainda, que confiem em seu anjo guardião e que lutem contra o escolho da mediunidade que é o orgulho. Conselhos que ela, em sua vida terrena , na qualidade de médium, muito bem seguira.
    “O Papa Calixto III, em 1456, por uma comissão eclesiástica, fez pronunciar a reabilitação de Joana e foi declarado, por uma sentença solene, que Joana morreu mártir para a defesa de sua religião, de sua pátria e de seu rei. O Papa quis mesmo canonizá-la, mas sua coragem não foi tão longe. [4] A Igreja, arrependida do grave erro cometido pela Inquisição, buscou reabilitá-la e a beatificou em 24 de abril de 1909, na Catedral de São Pedro, no Vaticano, em Roma, com enorme pompa, sob a direção do papa Pio X, diante de mais de 30.000 pessoas presentes. Em 1920 foi canonizada, recebendo o título de “santa”.
    Joana d’Arc não é um problema nem um mistério para os espíritas. É um modelo eminente de quase todas as faculdades mediúnicas, cujos efeitos, como uma porção de outros fenômenos, se explicam pelos princípios da doutrina, sem que haja necessidade de lhes buscar a causa no sobrenatural. Ela é a brilhante confirmação do Espiritismo, do qual foi um dos mais eminentes precursores, não por seus ensinamentos, mas pelos fatos, tanto quanto por suas virtudes, que nela denotam um Espírito superior.[5]
    “Não há muitos personagens históricos que tenham estado, mais que Joana d’Arc, expostos à contradição dos contemporâneos e da posterioridade. Não há nenhum, entretanto, cuja vida seja mais simples nem melhor conhecida.” [6] Temos que aprender com esses Espíritos a desenvolver em nosso caráter a disciplina, a seriedade e o planejamento organizado, que são virtudes a serem conquistadas por todos os Espíritos que ainda não as possuem, ao longo das reencarnações.

    Referências bibliográficas:
    [1]           DENIS Leon. Joana D’Arc médium, RJ: Ed. FEB, 1971
    [2]           KARDEC, Allan. Revista Espírita, dezembro de 1867,  Jeanne d'Arc e seus comentadores             
    [3]           DENIS Leon. Joana D’Arc médium, RJ: Ed. FEB, 1971
    [4]           KARDEC, Allan. Revista Espírita, dezembro de 1867,  Jeanne d'Arc e seus comentadores
    [5]           Idem  



    [6]           Trecho do artigo é extraído do Propegateur de Lille, de 17 de agosto de 1867 e publicado na Revista Espírita 1867 dezembro » Jeanne d'Arc e seus comentadores