Genética e caviares ante o mérito natural (Jorge
Hessen)
Jorge Hessen
O termo meritocracia
provém do prefixo latino meritum ("mérito") e do sufixo grego cracia,
("poder”), sugere conjunturas conseguidas por mérito pessoal. É óbvio que
a estrutura biogenética (os genes) não definem méritos individuais, embora
posam influenciar. Considerando-se que há fatores ambientais e espirituais, os
méritos pessoais não podem ser explicados somente por fatores genéticos.
Vociferam,
especialmente os ideólogos “caviar”, que há contradição na crença popular
da “meritocracia”, considerando o modelo de hierarquização baseado nos méritos
pessoais de cada indivíduo. Trombeteiam que nascer em berço de ouro é melhor do
que nascer inteligente, porque duas pessoas geneticamente semelhantes podem ter
pontuações diferentes no teste de QI, e as mais ricas investiram mais
recursos escolares em seus filhos. Esbravejam assim os seguidores da “romanesca
ideologia igualitária”, inclusive alguns “espíritas ateus”, conforme
declara o blog http://espiritismoateu.blogspot.com/ (creia!).
Essa “vã ideologia
igualitária”, que extasia a mente desconexa de lógica, parece ser mais “justa”,
e parece atender melhor à parte mais “desprotegida” da sociedade. Porém, a
pauta do “igualitarismo” carrega consigo a nódoa desprezível da incapacidade de
respeitar o livre arbítrio individual. A “fantasiosa ideologia igualitária” não
conseguirá jamais se estabelecer com o consentimento dos cidadãos lúcidos. Em
face disso precisa se impor à força para que os “mais iguaizinhos”
(grupelhos saqueadores da liberdade individual) conduzam e proíbam a
“liberdade” do resto da massa aturdida e reprimida.
Via de regra, os
oportunistas e ideólogos “esturjões” ou obsidiados por caviar são ateus,
abrangendo, como se vê no blog acima, determinados “espíritas”...(espíritas!?...hum!!!!),
materialistas e impetuosos mensageiros de sistemas [repressores] e incontestavelmente
repletos de cobiça (fascinados por dinheiro – o materialismo). Tais
criaturas bucólicas não compreendem que a tão sonhada e “folclórica ideologia
igualitária” seria a curto prazo desfeita pelo pesadelo lógico da meritocracia
e pela força das circunstâncias.
As considerações
espíritas certamente não podem ser entendidas de forma ingênua e fatalista,
segundo o conceito de que as coisas são como são em decorrência unicamente de
causas passadas e de que devemos nos sujeitar a elas. Rejeitarmos a extrema
desigualdade social e fazermos o possível para reduzirmos as distâncias que
existem entre as pessoas é obrigação de todos. Indubitavelmente não é
natural a desigualdade extrema na sociedade. É obra dos egoístas, e não de
Deus. Mas essa desigualdade extremada desaparecerá quando o egoísmo e o
orgulho deixarem de predominar. “Permanecerá porém a desigualdade
do merecimento, pois que a cada um segundo seus méritos, como
proferiu Jesus.” [1]
Em verdade, “O
Espiritismo [...] em face das doutrinas religiosas enfraquecidas, petrificadas
pelo interesse material, impotentes para esclarecer o Espírito humano,
ergueu-se uma filosofia racional, trazendo em si o germe de uma transformação
social, um meio de regenerar a Humanidade, de libertá-la dos elementos de
decomposição que a esterilizam e enodoam”. [2] A Justiça Divina se baseia no
livre-arbítrio e nas ações individuais. Não é a opressão coletiva que fará um
indivíduo social, fraterna ou moralmente melhor; é o mérito de cada um que
refletirá no coletivo.
Não é raro se fazer
referência à meritocracia espírita, designada por Kardec como aristocracia
intelecto-moral, desmerecendo-a por analogia à meritocracia vigente. A
meritocracia espírita é fundamentada nas conquistas morais do Espírito
encarnado. Os conceitos do Espiritismo defendem a meritocracia do ideário
liberal, a liberdade individual e quem batalha por esses valores não deve ser
tido como um antidemocrático.
O conceito
meritocrata reflete que o progresso depende diretamente do esforço individual
que não é “recompensa”, mas consequência natural, efeito desejado, ou seja, só
prospera quem escolhe avançar. Quem assim não age, padecerá as naturalíssimas
decorrências educativas conexas. Todavia, do ponto de vista material, a
sociedade organiza-se conforme o próprio nível moral dos seres, e quanto
mais evoluída, mais o mérito é reconhecido como base da justiça.
Referências
bibliográficas:
[1] KARDEC Allan. O Livro dos Espíritos ,
questão 812, RJ: Ed. FEB, 2000
[2] DENIS, Leon. Depois da Morte, capitulo
24, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1998